Quando a sustentabilidade fala mais alto: o papel do ESG na mitigação do impacto dos traços de personalidade dos gestores sobre o gerenciamento de resultados em cooperativas de crédito
DOI:
https://doi.org/10.21680/2176-9036.2025v17n2ID37111Palavras-chave:
Gestão de resultados; Traços de personalidade; Environmental, Social and Corporate Governance; Cooperativismo.Resumo
Objetivo: Analisar o efeito moderador do ESG na relação entre traços de personalidade de gestores e as práticas de gerenciamento de resultado em cooperativas de crédito.
Metodologia: A pesquisa envolveu 83 gestores de cooperativas de crédito, com dados coletados por meio de uma survey on-line. Para a análise, foram empregadas técnicas de estatística descritiva e regressão linear múltipla, utilizando o software Stata®.
Resultados: Os resultados indicam que os traços de personalidade dos gestores influenciam significativamente a adoção de práticas de gerenciamento de resultados. No entanto, a implementação de práticas ESG demonstrou um efeito moderador positivo, desestimulando gestores com características da Dark Triad (maquiavelismo, narcisismo e psicopatia) a se envolverem em comportamentos oportunistas.
Contribuições do Estudo: Este estudo contribui para a literatura ao integrar aspectos comportamentais e organizacionais, destacando como traços psicológicos influenciam práticas oportunistas, enquanto as práticas ESG podem mitigar esses efeitos. Do ponto de vista prático, os resultados sugerem que cooperativas de crédito podem reduzir práticas manipulativas adotando políticas ESG robustas. Além disso, a análise de traços de personalidade pode ser incorporada ao processo de recrutamento e seleção de gestores, identificando candidatos alinhados com os valores organizacionais e com menor propensão a manipular resultados. Isso pode contribuir para maior transparência, fortalecimento da governança corporativa e aumento da confiança dos stakeholders.
Downloads
Referências
Ajina, A., Lakhal, F., & Ayed, S. (2019). A responsabilidade social corporativa reduz o gerenciamento de resultados? O papel moderador da governança corporativa e da propriedade. Gestão internacional , 23 (2), 45-55.
Alam, N., Ramachandran, J., & Nahomy, A. H. (2020). The impact of corporate governance and agency effect on earnings management-A test of the dual banking system. Research in International Business and Finance, 54.
Arayssi, M., Jizi, M., & Tabaja, HH (2020). O impacto da composição do conselho no nível de divulgações ESG nos países do GCC. Accounting, Management and Policy Journal de sustentabilidade , 11 (1), 137-161.
Bhattacharyya, A., & Cummings, L. (2015). Measuring corporate environmental performance-stakeholder engagement evaluation. Business Strategy and the Environment, 5, 309–325.
Bressan, V. G. F., Bressan, A. A., & Silva, J. M. da. (2016). Gerenciamento de Resultados em Cooperativas no Brasil: Avaliando o Income Smoothing às Filiadas do Sicredi. Advances in Scientific and Applied Accounting, 9(3), 283–300. https://doi.org/10.14392/asaa.2016090303
Borralho, JM, Hernández-Linares, R., Gallardo-Vázquez, D., & de Sousa Paiva, IC (2022). Impactos da divulgação ambiental, social e de governança no gerenciamento de resultados: empresas familiares versus empresas não familiares. Journal of Cleaner Production , 379 , 134603.
Brown, C., & Davis, K. (2009). Capital management in mutual financial institutions. Journal of Banking & Finance, 33(3), 443–455. https://doi.org/10.1016/j.jbankfin.2008.08.016
Buallay, A., Fadel, S. M., Al-Ajmi, J. Y., & Saudagaran, S. (2020). Sustainability reporting and performance of MENA banks: is there a trade-off? Measuring Business Excellence, 24(2), 197–221. https://doi.org/10.1108/mbe-09-2018-0078
Buallay, A. (2019). Is sustainability reporting (ESG) associated with performance? Evidence from the European banking sector, Management of Environmental Quality. An International Journal, 30(1), 98–115.
Buallay, A. (2019b). Sustainability reporting and firm’s performance: Comparative study between manufacturing and banking sectors. International Journal of Productivity and Performance Management, 69(3), 431–445.
Capalbo, F., Frino, A., Lim, M. Y., Mollica, V., & Palumbo, R. (2018). The impact of CEO narcissism on earnings management. Abacus, 54, 210–226.
Carré, J. R., Jones, D. N., & Mueller, S. M. (2020). Perceiving opportunities for legal and illegal profit: Machiavellianism and the Dark Triad. Personality and Individual Differences, 162, 109942.
Coelho, A. C. D., & Lopes, A. B. (2007). Avaliação da prática de gerenciamento de resultados na apuração de lucro por companhias abertas brasileiras conforme seu grau de alavancagem financeira. Revista de Administração Contemporânea, 11, 121-144.
Chouaibi, Y., & Zouari, G. (2021). O efeito das práticas de responsabilidade social corporativa na gestão de resultados reais: evidências de dados ESG europeus. Jornal Internacional de Divulgação e Governança , 1-20.
Chatterjee, A., & Hambrick, D. C. (2007). It's all about me: Narcissistic chief executive officers and their effects on company strategy and performance. Administrative science quarterly, 52(3), 351-386.
Crysel, L. C., Crosier, B. S., & Webster, G. D. (2013). The Dark Triad and risk behavior. Personality and individual differences, 54(1), 35-40.
Dantas, J. A., Borges, M. A. B., & Fernandes, B. V. R. (2018). Gerenciamento de Resultados Contábeis em Cooperativas de Crédito no Brasil. Revista Ambiente Contábil, 10(2), 342. https://doi.org/10.21680/2176-9036.2018v10n2id14112
Dechow, P., Sloan, R., & Sweeney, A. P. (1995). Detecting earnings management. Accounting Review, 193–225.
Deegan, C. (2002). Introdução: O efeito legitimador das divulgações socioambientais – uma fundamentação teórica. Diário de contabilidade, auditoria e prestação de contas , 15 (3), 282-311.
D’Souza, M. F., & Lima, G. A. S. F. D.. (2015). The dark side of power: the Dark triad in opportunistic decision-making. Journal Advances in Scientific and Applied Accounting, 8(2), 135–156.
D’Souza, M. F. (2016). Manobras financeiras e o Dark Triad: o despertar do lado sombrio na gestão. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Controladoria e Contabilidade. Universidade de São Paulo - USP, São Paulo, SP, Brasil.
D’Souza, M. F., Lima, G. A. S. F. D., Jones, D. N., & Carré, J. R. (2019). Eu ganho, a empresa ganha ou ganhamos juntos? Traços moderados do Dark Triad e a maximização de lucros. Revista Contabilidade & Finanças, 30, 123-138.
Eliwa, Y., Aboud, A., & Saleh, A. (2021). ESG practices and the cost of debt: Evidence from EU countries. Critical Perspectives on Accounting, 79(102097), 102097. https://doi.org/10.1016/j.cpa.2019.102097
Forcadell, F. J., & Aracil, E. (2017). European banks' reputation for corporate social responsibility. Corporate Social Responsibility and Environmental Management, 24(1), 1-14.
Gavana, G., Gottardo, P., & Moisello, AM (2022). Transações com partes relacionadas e gerenciamento de resultados: o efeito moderador do desempenho ESG. Sustentabilidade , 14(10), 5823.
Giordani, M. da S., Soschinski, C. K., & Klann, R. C. (2019). Uso Corporativo de Mídia Social e a Responsabilidade Social Corporativa. RGO - Revista Gestão Organizacional, 12(3). https://doi.org/10.22277/rgo.v12i3.5192
Góis, A. D. (2017). A tétrade sombria da personalidade e a qualidade da informação contábil: o efeito moderador da reputação corporativa. Tese de doutorado. Programa de Pós-Graduação em Controladoria e Contabilidade, Universidade de São Paulo, SP, Brasil.
Gonçalves, T., Gaio, C., & Ferro, A. (2021). Responsabilidade social corporativa e gestão de resultados: Moderando o impacto dos ciclos econômicos e do desempenho financeiro. Sustentabilidade , 13 (17), 9969.
Goulart, A. M. (2007). Gerenciamento de resultados contábeis em instituições financeiras no Brasil. 219 p. Tese de doutorado. Programa de Pós-Graduação em Controladoria e Contabilidade, Universidade de São Paulo - USP, São Paulo, SP, Brasil.
Grover, S., & Furnham, A. (2021). Does emotional intelligence and resilience moderate the relationship between the Dark Triad and personal and work burnout?. Personality and Individual Differences, 169, 109979.
Hall, C. S., Lindzey, G., & Campbell, J. B. (2000). Teorias da personalidade. Artmed Editora.
Hambrick, D. C. (2007). The field of management’s devotion to theory: Too much of a good thing? Academy of Management Journal, 50(6), 1346–1352. https://doi.org/10.5465/amj.2007.28166119
Hambrick, D. C., & Mason, P. A. (1984). Upper echelons: The organization as a reflection of its top managers. Academy of management review, 9(2), 193-206.
Harasheh, M., & Provasi, R. (2023). Uma necessidade de garantia: Os sistemas de controle interno integram fatores ambientais, sociais e de governança?. Responsabilidade Social Corporativa e Gestão Ambiental , 30 (1), 384-401.
Jones, D. N., & Paulhus, D. L. (2014). Introducing the short Dark Triad (SD3): a brief measure of dark personality traits: A brief measure of dark personality traits. Assessment, 21(1), 28–41. https://doi.org/10.1177/1073191113514105
Khenissi, M., Jahmane, A., & Hofaidhllaoui, M. (2022). Does the introduction of CSR criteria into CEO incentive pay reduce their earnings management? The case of companies listed in the SBF 120. Finance Research Letters, 48, 102880.
Khanchel, I., Bacar, I., & Lassoued, N. (n.d.). (2022). Sustainability and firm performance: the role of ESG disclosure and green innovation. Working paper.
Kliestik, T., Valaskova, K., Nica, E., Kovacova, M., & Lazaroiu, G. (2020). Métodos avançados de gerenciamento de resultados: tendências monotônicas e pontos de mudança em destaque nos países de Visegrad. Oeconomia Copernicana , 11 (2), 371-400.
Li, S., & Richie, N. (2016). Income smoothing and the cost of debt. China Journal of Accounting Research, 9(3), 175–190. https://doi.org/10.1016/j.cjar.2016.03.001
Mahrani, M., & Soewarno, N. (2018). The effect of good corporate governance mechanism and corporate social responsibility on financial performance with earnings management as mediating variable. Asian Journal of Accounting Research, 3(1), 41-60.
Miller, N., & Pazgal, A. (2002). Relative performance as a strategic commitment mechanism. Managerial and Decision Economics: MDE, 23(2), 51–68. https://doi.org/10.1002/mde.1045
Mineiro, M. (2020). Pesquisa de survey e amostragem: aportes teóricos elementares. Revista de Estudos Em Educação e Diversidade - REED, 1(2), 284–306. https://doi.org/10.22481/reed.v1i2.7677
Minkkinen, M., Niukkanen, A., & Mäntymäki, M. (2024). What about investors? ESG analyses as tools for ethics-based AI auditing. AI & society, 39(1), 329-343.
Nair, P., & Kamalanabhan, T. J. (2010). The impact of cynicism on ethical intentions of Indian managers: The moderating role of their level of management. International Journal of Trade Economics and Finance, 1(2), 155–159. https://doi.org/10.7763/ijtef.2010.v1.28
Nizam, E., Ng, A., Dewandaru, G., Nagayev, R., & Nkoba, M. A. (2019). The impact of social and environmental sustainability on financial performance: A global analysis of the banking sector”. Journal of Multinational Financial Management, 49, 35–53.
ONU BRASIL – Organização das Nações Unidas no Brasil. Meio ambiente. [20--]. Recuperado de <http://www.nacoesunidas.org/acao/meioambiente/>.
Pathak, R., & Gupta, R. D. (2022). Environmental, social and governance performance and earnings management–The moderating role of law code and creditor's rights. Finance Research Letters, 47, 102849.
Paulhus, D. L., & Williams, K. M. (2002). The Dark Triad of personality: Narcissism, Machiavellianism, and psychopathy. Journal of Research in Personality, 36(6), 556–563. https://doi.org/10.1016/s0092-6566(02)00505-6
Pereira, A., Camargo, Silva, G., Zucca, & Carbonari, M. E. (2017). Responsabilidade social e meio ambiente. Saraiva Educação SA.
Rodrigues, A., Paulo, E., & Carvalho, L. N. (2007). Gerenciamento de resultados por meio das transações entre companhias brasileiras interligadas. RAUSP. Revista de Administração, 42, 216–226.
Sampieri, R., Collado, C. F., & Lucio, M. P. (2013). Metodologia de pesquisa. 5. Penso.
Sciarelli, M., Cosimato, S., Landi, G., & Iandolo, F. (2021). Socially responsible investment strategies for the transition towards sustainable development: The importance of integrating and communicating ESG. The TQM Journal, 33(7), 39-56.
Schneider, H. (2021). An Austrian Take on ESG. MISES: Interdisciplinary Journal of Philosophy Law and Economics, 9.
Serra, S., & Lemos, K. (2020). A influência da governança corporativa e do auditor na divulgação sobre riscos. Revista Evidenciação Contábil & Finanças, 8(3).
Shen, C. H., Wu, M. W., Chen, T. H., & Fang, H. (2016). To engage or not to engage in corporate social responsibility: Empirical evidence from the global banking sector”, Economic Modelling (Vol. 55). Elsevier B.V.
Siueia, T. T., Wang, J., & Deladem, T. G. (2019). Corporate social responsibility and financial performance: A comparative study in the Sub-Saharan Africa banking sector”. Journal of Cleaner Production, 226, 658–668.
Silva, A. (2019). Influência do Dark Tetrad de Executivos na Relação entre os Mecanismos de Governança Corporativa e a Prática de Gerenciamento de Resultados. Tese de Doutorado em Ciências Contábeis. Doutorado em Ciências Contábeis e Administração. Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis e Administração. Universidade Regional de Blumenau – FURB, Blumenau, SC, Brasil.
Smith, M. B., Craig Wallace, J., & Jordan, P. (2016). When the dark ones become darker: How promotion focus moderates the effects of the dark triad on supervisor performance ratings: When the Dark Ones Become Darker. Journal of Organizational Behavior, 37(2), 236–254. https://doi.org/10.1002/job.2038
Van Duuren, E., Plantinga, A., & Scholtens, B. (2016). ESG integration and the investment management process: Fundamental investing reinvented. Journal of Business Ethics, 138(3), 525–533. https://doi.org/10.1007/s10551-015-2610-8
Viana, C. L. (2016). Desempenho de sustentabilidade de cooperativas de crédito: um estudo em um sistema cooperativo de crédito brasileiro. Dissertação de mestrado profissional. Programa de Pós-Graduação em Gestão de Negócios. Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos, Porto Alegre, RS, Brasil.
Velte, P. (2019). A relação bidirecional entre desempenho ESG e gerenciamento de resultados – evidências empíricas da Alemanha. Jornal de Responsabilidade Global , 10(4), 322-338.
Wang, CM, Xu, BB, Zhang, SJ e Chen, YQ (2016). Influência da personalidade e propensão ao risco na percepção de risco de gerentes de projetos de construção chineses. Jornal Internacional de Gerenciamento de Projetos , 34(7), 1294-1304.
Wong, W. C., Batten, J. A., Ahmad, A. H., Mohamed-Arshad, S. B., Nordin, S., & Adzis, A. A. (2021). Does ESG certification add firm value? Finance Research Letters, 39(101593), 101593. https://doi.org/10.1016/j.frl.2020.101593
Zhang, DC, Highhouse, S., & Nye, CD (2019). Desenvolvimento e validação da escala geral de propensão ao risco (GRiPS). Journal of Behavioral Decision Making, 32(2), 152-167.
Zedda, S., Modina, M., & Gallucci, C. (2024). Cooperative credit banks and sustainability: Towards a social credit scoring. Research in International Business and Finance, 68, 102186.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 REVISTA AMBIENTE CONTÁBIL - Universidade Federal do Rio Grande do Norte - ISSN 2176-9036

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
Os autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Comomns Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
Os autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
Os autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.
A Revista Ambiente Contábil utiliza uma licença Creative Commons CC-BY-NC-ND (Atribuição-NãoComercial – SemDerivações 4.0). Isso significa que os artigos podem ser compartilhados e que a Revista Ambiente Contábil não pode revogar estes direitos desde que se respeitem os termos da licença:
Atribuição: Deve-se dar o crédito apropriado, prover um link para a licença e indicar se mudanças foram feitas.
Não Comercial: Não se pode usar o material para fins comerciais.
Sem Derivações: Se for remixar, transformar ou criar a partir do material, não se pode distribuir o material modificado.

Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional
Português (Brasil)
English
Español (España)