DEFININDO FRONTEIRAS E ABRINDO NOVOS HORIZONTES: O CONCEITO DE GOVERNANÇA NA PESQUISA EM CONTABILIDADE
Resumo
O termo “governança” é utilizado pela Nova Teoria Institucional, pela Teoria de Finanças e pela BM&FBOVESPA nos segmentos especiais de listagem de empresas, tendo sido atribuídos em cada vertente conceitos particulares que contribuem para a formação das teorias. Diante da similaridade dos termos, existe a possibilidade de pesquisadores cometerem equívocos no uso dos diferentes conceitos de governança. A presente investigação teve por objetivo avaliar como o termo “governança” tem sido utilizado em artigos publicados em periódicos da área de Contabilidade. A análise interpretativa empreendida em 43 artigos publicados no período entre 2008 e 2012 em sete periódicos da área de Contabilidade com estrato entre A1 e B2 demonstrou que 18,6% dessas publicações apresentam ausência de alinhamento com os diferentes conceitos dados pelas três vertentes que utilizam o termo “governança”. Desse modo, verificou-se existência de falhas epistemológicas nas pesquisas que podem conduzir o leitor a conclusões incorretas com relação às temáticas abordadas, especialmente sobre a diferenciação entre governança corporativa e os níveis de governança da BM&FBOVESPA, bem como se evidenciou a existência de amplo campo de pesquisa a ser explorado na área contábil devido à baixa utilização dos conceitos de estrutura de governança.
Palavras-chave: Estrutura de Governança. Governança Corporativa. Níveis de Governança Corporativa. Pesquisa em Contabilidade. Análise Interpretativa.
Downloads
Referências
ARROW, Kenneth. J. The economics of moral hazard: further comment. American Economic Review, v. 58, n. 3, p. 537-538, 1968.
BERLE, Adolf A.; MEANS, Gardine C. The modern corporation and private property. New York: MacMillan, 1932.
BERTUCCI, Janete Lara de Oliveira; BERNARDES, Patricia; BRANDÃO, Mônica Mansur. Políticas e práticas de governança corporativa em empresas brasileiras de capital aberto. Revista de Administração da USP, v. 41, n. 2, p. 183-196, 2006.
BM&FBOVESPA. Governança corporativa. Disponível em <http://www.bmfbovespa.com.br/cias-listadas/consultas/governanca-corporativa/governanca-corporativa.aspx?idioma=pt-br>. Acesso em 13 dez. 2012.
BRYMAN, Alan. Social research methods. 4. ed. New York: Oxford University Press, 2012.
BURRELL, Gibson; MORGAN, Gareth. Sociological paradigms and organizational analysis: elements of the sociology of corporate life. Londres: Heinemann, 1979.
BUSHMAN, Robert M.; SMITH, Abbie J. Financial accounting information and corporate governance. Journal of Accounting and Economics, v. 32, n. 1-3, p. 237-333, 2001.
CAMPOS, Gabriel Moreira; DINIZ, Josedilton Alves; MARTINS, Gilberto de Andrade. Fronteiras da pesquisa sobre governança corporativa: uma análise epistemológica. Enfoque: Reflexão Contábil, Maringá, v. 30, n. 2, p. 36-51, 2011.
CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Cursos recomendados e reconhecidos. Disponível em <http://www.capes.gov.br/cursos-recomendados>. Acesso em 10 dez. 2012.
_____. Qualis Periódicos. Disponível em <http://www.capes.gov.br/avaliacao/qualis>. Acesso em 15 dez. 2012.
CARVALHO, Antonio Gledson de. Governança corporativa no Brasil em perspectiva. In: SILVA, André Luis Carvalhal da; LEAL, Ricardo Pereira C. (Org.). Governança corporativa: evidências empíricas no Brasil. São Paulo: Atlas: 2007. Cap. 2.
CATAPAN, Anderson; CHEROBIM, Ana Paula Mussi Szabo. Estado da arte da governança corporativa: estudo bibliométrico nos anos de 2000 a 2010. RACE, v. 9, n.1-2, p. 207-230, 2010.
CEG – Centro de Estudos em Governança Corporativa FIPECAFI. Artigos sobre governança corporativa. Disponível em <http://www.ceg.org.br/biblioteca/artigos_governanca_corporativa.aspx>. Acesso em 13 dez. 2012.
CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino. Metodologia científica: para uso dos estudantes universitários. São Paulo: McGraw-Hill, 1983.
COASE, Ronald H. The nature of the firm. Economica, v. 4, n. 4, p. 331-351, 1937.
COOPER, Donald R.; SCHINDLER, Pamela S. Métodos de pesquisa em administração. 7. ed. Porto Alegre: Bookman, 2003.
DUARTE, Elizangela; CARDOZO, Maria Aparecida; VICENTE, Ernesto Fernando Rodri-gues. Governança: uma investigação da produção científica brasileira no período de 2000 a 2009. Contabilidade, Gestão e Governança, v. 15, n.1, p. 115-127, 2012.
EISENHARDT, Kathleen M. Agency theory: an assessment and review. Academy of Mana-gement Review, v.14, n. 1, p. 57-74, 1989.
FACCHIN, Odília. Fundamentos de metodologia. 3. Ed. São Paulo: Saraiva, 2001.
FARINA, Elizabeth M. M. Q.; AZEVEDO, Paulo F.; SAES, Maria Sylvia M. Competitividade: Mercado, Estado e Organizações. São Paulo: Singular, 1997.
FIANI, Ronaldo. Teoria dos custos de transação. In: KUPFER, David; HASENCLEVER, Lia (Org.). Economia industrial: fundamentos teóricos e práticas no Brasil. Rio de Janeiro: Campus, 2002. Cap.12. p. 267-306.
GARCÍA-MECA, Emma; SÁNCHES-BALLESTA, Juan P. Corporate governance and earnings management: a meta-analysis. Corporate governance: an international review, v. 17, n. 5, p. 594-610, 2009.
JENSEN, Michael C.; MECKLING, William H. Theory of the firm: managerial behavior, agency costs and ownership structure. Journal of Financial Economics, v. 3, n. 4, p. 305-360, 1976.
LA PORTA, Rafael et al. Law and finance. Journal of Political Economy, v. 106, n. 6, p. 1113-1155, 1998.
MERRIAM, Sharan B. Qualitative research: a guide to design and implementation. San Francisco: Jossey-Bass, 2009.
MURITIBA, Sérgio Nunes. et al. Governança corporativa no Brasil: uma análise bibliométrica das publicações dos últimos doze anos. In: SEMINÁRIOS EM ADMINISTRAÇÃO. SE-MEAD, 13. Anais... São Paulo: USP, 2010.
PONDÉ, João Luiz. Coordenação, custos de transação e inovações institucionais. Texto para Discussão nº 38. Campinas: IE/UNICAMP, 1994.
RIBEIRO, Henrique César Melo. et al. Governança corporativa: um estudo bibliométrico da produção científica das dissertações e teses brasileiras. Contabilidade, Gestão e Governança, v. 15, n. 3, p. 52-70, 2012.
ROSSONI, Luciano. Governança corporativa, legitimidade e desempenho das organizações listadas na Bovespa. Tese de Doutorado. Setor de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal do Paraná. Curitiba: 2009. Disponível em <http://dspace.c3sl.ufpr.br:8080/dspace>. Acesso em 9 fev. 2013.
ROTTA, Claudio. Governança corporativa e as decisões de investimento. Dissertação de mestrado. Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: 2004. Disponível em <http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/5770/000475215.pdf?sequence=1>. Acesso em 9 fev. 2013.
SHLEIFER, Andrei; VISHNY, Robert W. A survey of corporate governance. Journal of Finance, v. 52, n. 2, p. 737-783, 1997.
SILVEIRA, Alexandre Di Miceli da. Crítica à teoria dos stakeholders como função-objetivo corporativa. Caderno de Pesquisas em Administração, v. 12, n. 1, p. 33-42, 2005.
SIMON, Herbert. Administrative behavior, Nova Iorque: Macmillan, 1957.
SOUZA, Flavia Cruz de. et al. Análise das IES da Área de Ciências Contábeis e de seus Pesquisadores por meio de sua Produção Científica. Contabilidade Vista & Revista, v. 19, n. 3, p. 15-38, 2008.
TRUJILLO FERRARI, Alfonso. Metodologia da pesquisa científica. São Paulo: McGraw-Hill, 1982.
WILLIAMSON, Oliver E. Markets and hierarchies: analysis and antitrust implications: a study in the economics of internal organization. University of Illinois at Urbana-Champaign's Academy for Entrepreneurial Leadership Historical Research Reference in Entrepreneurship, 1975.
_____. The governance of contractual relations. Journal of Law and Economics, v. 22, n. 2, p. 233-261, 1979.
_____. Antitrust Economics. Nova Iorque: Basil Blackwell, 1987.
_____. The Mechanisms of Governance. Londres: Oxford University Press, 1996.
ZATTONI, Alessandro; CUOMO, Francesca. Why adopt codes of good governance? A comparison of institutional and efficiency perspectives. Corporate Governance, v. 16, n. 1, p. 1-15, 2008.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
Os autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Comomns Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
Os autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
Os autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.
A Revista Ambiente Contábil utiliza uma licença Creative Commons CC-BY-NC-ND (Atribuição-NãoComercial – SemDerivações 4.0). Isso significa que os artigos podem ser compartilhados e que a Revista Ambiente Contábil não pode revogar estes direitos desde que se respeitem os termos da licença:
Atribuição: Deve-se dar o crédito apropriado, prover um link para a licença e indicar se mudanças foram feitas.
Não Comercial: Não se pode usar o material para fins comerciais.
Sem Derivações: Se for remixar, transformar ou criar a partir do material, não se pode distribuir o material modificado.
Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional