Sintomas neuropsiquiátricos em idosos com e sem demência acompanhados em um serviço de Homeopatia em Rio Branco, Acre

Resumo

Os sintomas neuropsiquiátricos estão presentes em todos os tipos de demências, sendo cada vez mais relacionados com o estágio da evolução da doença, com o desgaste do cuidador e com o tratamento medicamentoso. O objetivo deste estudo foi avaliar os sintomas neuropsiquiátricos de pacientes diagnosticados com demência acompanhados em um serviço de homeopatia de Rio Branco, Acre. Realizou-se, entre 2019 e 2021, a coleta de dados de 43 idosos, a partir de entrevistas, que ainda não tinham iniciado o uso do medicamento homeopático utilizando para avaliação dos sintomas neuropsiquiátricos o Questionário do Inventário Neuropsiquiátrico (NPI-Q). Esses pacientes, já em uso do medicamento homeopático, foram reavaliados com esse mesmo questionário em retornos programados. Do total de 43 idosos, 30 tinham diagnóstico clínico de demência e desse contingente 12 tinham demência frontotemporal, 6 tinham Alzheimer, 3 tinham demência vascular e 9 com etiologia desconhecida. O sintoma neuropsiquiátrico mais frequente foi o de apatia/indiferença (76,7%) e o menos frequente foi o de euforia/elação (13,3%). O escore total do NPI-Q foi de 14,13 nos pacientes com demência e de 5,00 nos pacientes sem demência (p < 0,001). Os comportamentos noturnos foram mais intensos em pacientes com demência frontotemporal do que em pacientes com Alzheimer (p= 0,045). Os escores totais variaram conforme o resultado do CDR, sendo maior nos pacientes com CDR 1, 2 e 3 do que nos pacientes com CDR 0,5 (p = 0,015). A maioria dos cuidadores eram do sexo feminino (96,7%), sendo a maioria filha do paciente (73,3%). Houve diferença no escore de desgaste conforme o tipo de demência, sendo maior nos cuidadores de pacientes com demência frontotemporal e demência vascular ou de etiologia não-definida do que demência de Alzheimer provável (p = 0,031). O escore de desgaste do cuidador também foi maior com pacientes com escolaridade maior ou igual a um ano do que com pacientes sem escolaridade (p = 0,024). Quanto ao desgaste do cuidador em relação a cada sintoma do paciente, o desgaste foi maior em relação a comportamentos noturnos de pacientes com um ou mais anos de escolaridade (p = 0,046) e em pacientes com demência frontotemporal (p = 0,044). O desgaste do cuidador foi maior conforme a intensidade dos sintomas do paciente aumentou tanto na primeira avaliação como na última. Os escores de intensidade dos sintomas neuropsiquiátricos conforme o NPI-Q diminuíram significativamente no último retorno avaliado, sendo que a média foi de 15,55 pontos para 11,11 pontos, e a mediana foi de 16 pontos para 8,5 pontos (p = 0,011). Conclui-se que existem potenciais relações dos sintomas neuropsiquiátricos (frequência e intensidade) com a evolução da demência, com o desgaste do cuidador e com o tratamento homeopático. Este estudo piloto serve para avaliar a potencial contribuição da homeopatia como tratamento complementar em pacientes com demência e fornece bases para ensaio clínicos controlados e randomizados para o manejo dos sintomas neuropsiquiátricos.