Festa como prática de aprendizagem organizacional: Economíadas em São Paulo
Palavras-chave:
Economíadas, Festas universitárias, Aprendizagem organizacionalResumo
As Economíadas, criadas em 1991 por estudantes de Administração, são atualmente organizadas por alunos dos cursos de Administração, Economia, Contabilidade e Atuariais de universidades do estado de São Paulo. Dada a complexidade envolvida em sua realização, esta pesquisa teve como objetivo compreender a festa associada ao evento como uma organização que promove a aprendizagem prática dos seus organizadores, interpretando a festa tanto como um artefato (produto) quanto como um símbolo (significado) no contexto de aprendizagem. O estudo fundamentou-se na teoria da aprendizagem organizacional, que investiga como as organizações aprendem, focando-se nas experiências práticas bem-sucedidas e orientando condutas sobre o que as organizações devem fazer para promover o aprendizado. Além disso, utilizou-se o conceito de aprendizagem baseada na prática, cujo foco está no que é praticado e em como a prática gera aprendizado por meio das interações situadas e contextualizadas no ambiente em questão. A festa foi analisada por meio de uma etnografia, com dados coletados através de observação participante e entrevistas realizadas com estudantes organizadores das Economíadas de 2017. A análise revelou que a festa proporciona um espaço inesperado de aprendizagem, já que cada evento é único e o processo de organização envolve lidar com imprevistos e aprender com eles. É na prática de organizar a festa que se adquirem as habilidades necessárias para a gestão de recursos, desde a captação de fundos e seleção de fornecedores até o monitoramento de contratos, busca de parceiros e a gestão do fluxo de caixa para pagamentos, sempre enfrentando desafios não previstos. Essa aprendizagem prática, experimentada no "fazer", oferece aos estudantes um ambiente rico para o desenvolvimento de competências essenciais de gerenciamento e organização, aplicáveis tanto no contexto das festas quanto em outros desafios organizacionais futuros.
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