Como as doenças compridas podem nos ensinar sobre os serviços de saúde?

Autores

  • Soraya Fleischer Departamento de Antropologia Universidade de Brasília

DOI:

https://doi.org/10.21680/2446-5674.2017v4n7ID14930

Palavras-chave:

cronicidade, serviços de saúde, atenção básica

Resumo

Recentemente, em um muro diante de minha casa, foi deixada uma mensagem na calada da noite. Em letras vermelhas, lia-se “Vandalismo é a fila do SUS”. Inspirada por essa eloquente mensagem, decidi priorizar, para esse artigo, o que eu tenho ouvido de meus interlocutores ao enfrentarem as filas e desafios do SUS. Esse artigo pretende mostrar como é doloroso sentir esse tipo de vandalismo na própria pele todos os dias, somado às dores provocadas pelas doenças compridas, como tenho ouvido na Guariroba, bairro histórico da Ceilândia/DF,  ao me informar sobreas doenças ditas crônicas. Pretendo adensar as percepções sobre o funcionamento das instituições de saúde locais. Para tanto, trago três sentidos que emergem com força entre nossos dados: O “esperar” pelos serviços de saúde, o “ser atendido/a” pelos mesmos e, por fim, o “correr atrás” individualmente e/ou coletivamente de soluções para suplantar as limitações encontradas nesses serviços. Algo mais específico é acumulado pela experiência do adoecimento prolongado para melhor enfrentar o vandalismo diário realizado pelo SUS.

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Publicado

11-05-2018

Como Citar

FLEISCHER, S. Como as doenças compridas podem nos ensinar sobre os serviços de saúde?. Equatorial – Revista do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, [S. l.], v. 4, n. 7, p. 24–44, 2018. DOI: 10.21680/2446-5674.2017v4n7ID14930. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/equatorial/article/view/14930. Acesso em: 29 mar. 2024.