O carnivorismo ocidental

elementos culturais e conflitos públicos

Autores

  • Manuela Correa Leda Universidade de Brasília

DOI:

https://doi.org/10.21680/2446-5674.2019v6n11ID16392

Palavras-chave:

consumo de alimentos - carnivorismo occidental - animalidad - riesgos - movimientos críticos

Resumo

O consumo de alimentos é uma das atividades mais elementares da existência humana, sendo seus aspectos materiais e simbólicos marcas históricas de diferenciações culturais entre diversos grupos étnicos e nações em todo o mundo. Desde que a globalização entrecruzou referências alimentares, a carne tornou-se um dos objetos de consumo mais desejados mundialmente e cujos padrões de ingestão tem crescido continuadamente, até mesmo em regiões tradicionalmente conhecidas por suas práticas vegetarianas. Essa mudança no cenário alimentar global tem sido acompanhado nas últimas décadas pela difusão de movimentos críticos que têm questionado os valores culturais e sociais do consumo de proteína animal em todo o mundo. Este artigo tem como objetivo compreender os principais aspectos culturais que influenciaram a ascensão do carnivorismo ocidental moderno e, a partir desse olhar, analisar os discursos mais recentes que vêm confrontando os efeitos dessa prática alimentar. A despeito de suas peculiaridades, observamos que esses movimentos estão transformando a carne em um importante objeto político e cujas disputas estão colocando em crise as bases culturais que sustentam nossos hábitos carnivoristas.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ADAMS, Carol J. The sexual politics of meat: A feminist-vegetarian critical theory. Bloomsbury Publishing, USA, 2015.

ALEXANDER, Peter et al. Could consumption of insects, cultured meat or imitation meat reduce global agricultural land use?. Global Food Security, 2017.

BECK, Ulrich. Sociedade de Risco: rumo a uma outra modernidade. São Paulo: Editora 34, 2010.

CAETANO, Sordi. De carcaças e máquinas de quatro estômagos: controvérsias sobre o consumo e a produção de carne no Brasil. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2016.

CANTRERAS, Jesús; GRACIA, Mabel. Alimentação, Sociedade e Cultura. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2011.

DELGADO, Christopher L. Rising consumption of meat and milk in developing countries has created a new food revolution. The Journal of nutrition, v. 133, n. 11, p. 3907S-3910S, 2003.

DOUGLAS, Mary. Pureza e Perigo: ensaio sobre a noção de poluição e tabu. Lisboa: Edições 70, 1991.

DUDLEY, Leonard; SANDILANDS, Roger J. The Side Effects of Foreign Aid: the case of public law 480 wheat in Colombia. Economic Development and Cultural Change, Vol. 23, No.2 (Jan., 1975), pp. 325-336.

ELIAS, Nobert. O Processo Civilizador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994.

FAO (STEINFELD et al.). Livestock’s long shadow: environmental issues and options. Roma: FAO, 2006.

FAO (GERBER, P. J. et al). Tackling climate change through livestock: a global assessment of emissions and mitigation opportunities, 2013.

FELIPE, Sônia T. Fundamentação ética dos direitos animais. O legado de Humphry Primatt. Revista brasileira de direito animal, v. 1, n. 1, 2014.

FIDDES, Nick. Meat: A natural symbol. Routledge, 2004.

FISCHLER, Claude. El (h)omnívoro: el gusto, la cocina y el cuerpo. Barcelona: Editora Anagrama, 1995.

FITZGERALD, Amy J. Animals as Food: (re)connecting production, processing, consumption, and impacts. Michigan: The Animal Turn/Series Editor Linda Kalof, 2015.

FONTENELLE, Isleide Arruda. O Nome da Marca: McDonald’s, fetichismo e cultura descartável. São Paulo: Boitempo Editorial, 2002.

FRANKLIN, Adrian. Animals and modern cultures: A sociology of human-animal relations in modernity. Sage, 1999.

FRIEDMANN, Harriet; What on Earth is the Modern World-System? Foodgetting and Territory in the Modern Era and Beyond. Journal of World-Systems Research, VI, 2, summer/fall, 2000, pp. 480-515.

FRIEDMANN, Harriet. From colonialism to green capitalism: Social movements and emergence of food regimes. In: New directions in the sociology of global development. Emerald Group Publishing Limited, 2005. p. 227-264.

GANDHI, Vasant; ZHOU, Zhangyue. Rising demand for livestock products in India: nature, patterns and implications. Australasian Agribusiness Review, v.18, n.1, p.103-35, 2010.

GOODY, Jack. Cocina, Cuisine y Clase. Barcelona: Editorial Gedisa, 1995.

GOUVEIA, Lourdes; JUSKA, Arunas. Taming Nature, Taming Workers: constructing the separation between meat consumption and meat production in the US. Sociologia Ruralis, v. 42, n. 4, 2002, p. 370-390.

HEINZ, Bettina; LEE, Ronald. Getting down to the meat: The symbolic construction of meat consumption. Communication Studies, v. 49, n. 1, p. 86-99, 1998.

INGOLD, Tim. Humanidade e Animalidade. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 28, junho de 1995.

JACOBSEN, Eivind. The Rhetoric of Food: food as nature, commodity and culture. In: LIEN, Marianne E.; NERLICH, Brigitte (Ed.): The politics of food. Oxford: Berg, 2004, p. 59-78.

LANG, Tim; HEASMAN, Michael. Food Wars: the global battle for mouths, minds and markets. London: Earthscan, 2004.

LÉVI-STRAUSS, Claude. A Lição de Sabedoria das Vacas Loucas. Estudos Avançados. Vol. 23, n. 67, São Paulo, 2009.

LIEN, Marianne Elisabeth. The Politics of Food: an introduction. In: LIEN, Marianne E.; NERLICH, Brigitte (Ed.): The politics of food. Oxford: Berg, 2004, p. 1-17.

LIEN, Marianne Elisabeth. Preface. In: KAISER, Matthias; LIEN, Marianne Elisabeth (Ed.)Ethics and the Politics of Food: Preprints of the 6th Congress of the European Society for Agricultural and Food Ethics, EurSAFE, Oslo, Norway, Wageningen Academic Pub,2006, p.325.

LIRA, Luciana Campelo. “O outro lado do muro: natureza e cultura na ética animalista e no ativismo vegan”. Revista Anthropológicas, v. 24, n. 1, 2014.

MIGHT EARTH. (BELLANTONIO, Marisa, et, al.) O maior mistério da cadeia de produção de carne: os segredos por trás do Burger King e a produção mundial de carne, 2016.

ORTIZ, Renato. Mundialização e Cultura. São Paulo: Brasiliense, 2007.

PINGALI, Prabhu. Westernization of Asian diets and the transformation of food systems: Implications for research and policy. Food policy, v.32, n.3, p.281-298, 2007.

REGMI, Anita; DYCK, John. Effects of urbanization on global food demand. Changing structure of global food consumption and trade, p. 23-30, 2001.

RIFKIN, Jeremy. Beyond beef: The rise and fall of the cattle culture. Nova York, Dutton, 1992.

SAHLINS, Marshall. Cultura e razão prática. Rio de Janeiro: Zahar, 2003.

SINGER, Peter; MASON, Jim. A Ética da Alimentação: como nossos hábitos alimentares influenciam o meio ambiente e o nosso bem-estar. Rio de Janeiro: Campus, 2007.

STASSART, Pierre; WHATMORE, Sarah. J. Metabolising Risk: food scares and the un/re-making of Belgian beef. Environment and Planning, 2003, vol. 35, p.449-462.

UNEP (HERTWICH, Edgar). Assessing the environmental impacts of consumption and production: priority products and materials. UNEP/Earthprint, 2010.

VIALLES, Noelie. Animals to Edible. Nova York: Cambridge University Press, 1994.

WEIS, Anthony John. The global food economy: The battle for the future of farming. Zed Books, 2007.

WEIS, Tony. The accelerating biophysical contradictions of industrial capitalist agriculture. Journal of agrarian change, v. 10, n. 3, p. 315-341, 2010.

WILLIAMS, Nancy M. Affected Ignorance and Animal Suffering: Why Our Failure to Debate Factory Farming Puts Us at Moral Risk. Journal of Agricultural and Environmental Ethics. n.21, 2008, p. 371–84.

ZACHMANN, Karin; ØSTBY, Per. Food, Technology, and Trust: an introduction. History and Technology, v. 27, n. 1, 2011, p. 1-10.

Downloads

Publicado

31-10-2019

Como Citar

LEDA, M. C. O carnivorismo ocidental: elementos culturais e conflitos públicos. Equatorial – Revista do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, [S. l.], v. 6, n. 11, p. 1–21, 2019. DOI: 10.21680/2446-5674.2019v6n11ID16392. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/equatorial/article/view/16392. Acesso em: 24 abr. 2024.