Uma crise permanente
reflexões sobre a política de saúde indígena a partir do caso do Alto Tapajós (PA)
DOI:
https://doi.org/10.21680/2446-5674.2021v8n14ID21974Palavras-chave:
Política de saúde indígena; articulação de saberes; Alto Tapajós; crise; desigualdades.Resumo
Este artigo propõe uma análise da política de saúde indígena brasileira, a partir do caso do Alto Tapajós (PA). As referências teóricas utilizadas são as publicações da área nos últimos vinte anos, sobretudo as etnografias e artigos que pensaram o contexto de criação dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas no Brasil implantados e a Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas. Dois eixos analíticos são discutidos: 1) a noção de articulação de saberes na saúde indígena como estratégia ambígua para uma política de afirmação de direitos; 2) A crise permanente na saúde indígena como símbolo de uma gestão de precariedades que reproduz desigualdades históricas.
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