Lobolar, casar e presentear

notas sobre o lobolo em Moçambique

Autores

  • Aline Miranda Doutoranda em Antropologia Social (DAN/UnB)

DOI:

https://doi.org/10.21680/2446-5674.2022v9n17ID27913

Palavras-chave:

Antropologia do parentesco, Etnologia africana, Lobolo, Moçambique

Resumo

Neste artigo busco apresentar o debate antropológico sobre o lobolo e, a partir da análise de dados etnográficos sobre umas das cerimônias que acompanhei em 2019, na província de Gaza, refletir sobre o caráter dinâmico, plural e sincrético da cerimônia. Motivado por diferentes experiências conjugais, o lobolo na região sul de Moçambique apresenta-se como uma cerimônia que afirma e valoriza espiritualidades, afetos, alianças e descendências. Sua realização aciona a mobilização e a presença de parentes e de toda a vizinhança. Em Moçambique, apesar dos processos de colonização e descolonização, o lobolo jamais deixou de ser praticado. Sua permanência histórica está atrelada a um processo contínuo de reinvenção.

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Biografia do Autor

Aline Miranda, Doutoranda em Antropologia Social (DAN/UnB)

Sou graduada Antropologia UFMG (2017) e mestra em Antropologia Social pela UnB (2020). Atualmente sou Antropóloga do IPHAN e doutoranda no Antropologia Social na UnB. Os meus interesses de pesquisa são parentesco, práticas de nomeação, relações raciais, colonialismo e pós-colonialismo, negras epistemologias, administração da justiça, patrimônio imaterial e políticas culturais. Desde 2014 faço pesquisa na região sul de Moçambique, dedicando-me, no âmbito do doutorado, ao estudo das práticas de nomeação nesse contexto.

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Publicado

04-10-2022

Como Citar

MIRANDA, A. Lobolar, casar e presentear: notas sobre o lobolo em Moçambique. Equatorial – Revista do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, [S. l.], v. 9, n. 17, p. 1–22, 2022. DOI: 10.21680/2446-5674.2022v9n17ID27913. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/equatorial/article/view/27913. Acesso em: 20 abr. 2024.