“Se eu não tivesse estudado, eu seria mais uma Madalena”
o parentesco como atualizador da falsa abolição brasileira
DOI:
https://doi.org/10.21680/2446-5674.2022v9n17ID28088Palavras-chave:
Antropologia do Parentesco, Compadrio, Trabalho doméstico, Falsa aboliçãoResumo
O presente trabalho tem por objetivo traçar uma reflexão inicial sobre uma situação muito comum, mas pouco analisada com maior densidade na literatura das ciências sociais brasileiras: o caso de meninas-moças negras e pobres que têm a sua infância e juventude roubada para trabalhar na casa de padrinhos e madrinhas, estes frequentemente pertencentes às elites locais. Para isso, traço a história de vida de Val, que aos nove anos foi morar com a sua madrinha e, a partir dela, reflito sobre como essa estratégia de parentesco a partir do compadrio atua como uma atualização da dominação racial no período pós-abolição brasileiro.
Downloads
Referências
ALMEIDA, Miguel Vale de. O Atlântico Pardo. Antropologia, pós-colonialismo e o caso “lusófono”. In: BASTOS, Cristiana; DE ALMEIDA, Miguel Vale; FELDMAN-BIANCO, Bela (Ed.). Trânsitos coloniais: diálogos críticos luso-brasileiros. Imprensa de ciências sociais, 2007. p. 27-37.
ALMEIDA, Silvio. Racismo estrutural. Pólen Produção Editorial LTDA, 2019.
ALVES, Raissa Roussenq. 2017. Entre o silêncio e a negação: uma análise da CPI do trabalho escravo sob a ótica do trabalho “livre” da população negra. Dissertação (Mestrado em Direito)—Universidade de Brasília, Brasília, 2017.
BENTO, Maria Aparecida da Silva. 2002. Pactos narcísicos no racismo: branquitude e poder nas organizações empresariais e no poder público. Tese (Doutorado em Psicologia Escolar e Desenvolvimento Humano) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2002.
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Peões, pretos e congos: Trabalho e Identidade Étnica em Goiás. Brasília: Editora UnB, 1977.
CARSTEN, J. A Matéria do Parentesco. R@U, v. 6, n. 2, p. 103-118, 2014.
COLLINS, Patrícia Hill. Como alguém da família: raça, etnia e o paradoxo da identidade nacional norte-americana. Revista Gênero, v. 8, n. 1, p. 27-52, 2007.
COLLINS, Patricia Hill; BILGE, Sirma. Interseccionalidade. Boitempo Editorial, 2021.
Damásio, Ana Clara. “Olho de Parente” e o “Olho Estranho”: Considerações etnográficas sobre Viver, Olhar, Ouvir, Escrever e Permanecer. Novos Debates, v. 7, n. 1, p.1-20, 2021. https://doi.org/10.48006/2358-0097-7103
DAMATTA, Roberto. O que faz o brasil, Brasil. Rocco: Rio de Janeiro, 1986.
FORTES, Meyer. O ciclo de desenvolvimento do grupo doméstico. Brasília: Ed. UnB, 1974.
GONZÁLEZ, Lélia. Por um feminismo afrolatino-americano: ensaios, intervenções e diálogos. Rio de Janeiro: Zahar, 2020.
LOBO, Andréa. Crianças em cena. Sobre mobilidade infantil, família e fluxos migratórios em Cabo Verde. Revista de Ciências Sociais Unisinos, v. 49, p. 64-74, 2013.
LOBO, Andréa; CARDOSO, Maria Eduarda. “Em nome da família brasileira”: sobre políticas de governo, (re)produção de elites e disputas narrativas. Antropolítica - Revista Contemporânea de Antropologia, n. 53, p. 53-82, 2021.
LOPES, Juliana Araújo. 2020. Constitucionalismo brasileiro em pretuguês: trabalhadoras domésticas e lutas por direitos. Dissertação (Mestrado em Direito) - Universidade de Brasília, Brasília, 2020.
MOGUÉROU, Laure et al. Les femmes chefs de ménage célibataires à Dakar et à Ouagadougou. In: CALVÈS, Anne E.; DIAL, Fatou Binetou; MARCOUX, Richard. (Org.). Nouvelles dynamiques familiales en Afrique. Québec: Presses de l’université du Québec, 2018. p. 93-118.
NASCIMENTO, Abdias. O Genocídio do Negro brasileiro – Processo de um Racismo Mascarado. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1978.
RADCLIFFE-BROWN, ALFRED. Introdução. In: RADCLIFFE-BROWN, Alfred; FORDE, D. . (Orgs.) Sistemas políticos africanos de parentesco e casamento. Lisboa: F. Calouste Gulbenkian, 1982 [1950]. p. 11-101.
RARA, Preta. Eu, empregada doméstica: a senzala moderna é o quartinho da empregada. Editora Letramento, 2020.
SCHNEIDER, David M. Parentesco americano: uma exposição cultural. Petrópolis: Vozes, 2016.
SILVEIRA, Liane Maria Braga da. Como se fosse da família: a relação (in)tensa entre mães e babás. 2011. Tese (Doutorado em Antropologia Social) – PPGAS/Museu Nacional, UFRJ, Rio de Janeiro, 2011.
VENANCIO, Venancio; LIMA e SILVA, Juliana. O Problema I: “Nada será como antes, amanhã”: Antropólogues negras/os movendo a Antropologia Brasileira. Novos Debates, v. 7, n. 2, p. 1-14, 2021.7(2). https://doi.org/10.48006/2358-0097-7221.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Vinícius Venancio
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.