“Num tano com fome, tano com a barriga cheia, já tá bom demais!”
a fome a partir de narrativas do cotidiano
DOI:
https://doi.org/10.21680/2446-5674.2023v10n18ID30579Palavras-chave:
Antropologia da alimentação, fome, desigualdadeResumo
Este texto se dedica a analisar percepções subjetivas a respeito da fome por meio da interlocução com duas mulheres coletoras de material reciclável, em pesquisa realizada na cidade de Diamantina-Minas Gerais. A partir do entrecruzamento dos métodos etnográfico e histórias de vida, foi possível privilegiar duas questões: como a fome pode mobilizar a ação e quais sentidos as memórias alimentares ou de fome ganham no presente. Inspirada na proposta de Lila Abu-Lughod (2018), de uma “escrita contra a cultura”, esboço uma estratégia narrativa, num esforço textual de demonstrar como histórias particulares permitem perceber como processos mais amplos, como desigualdade e fome, se manifestam nos cotidianos, nos corpos e nas palavras das pessoas.
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