Seguir a rede judiciária

notas etnográficas sobre a circulação entre burocracias

Autores

  • Victória Mello Fernandes Universidade Federal do Rio Grande do Sul

DOI:

https://doi.org/10.21680/2446-5674.2023v10n19ID32534

Palavras-chave:

Etnografia, Etnografia, Burocracia, Burocracia, Judiciário, Judiciário, Circulações, Circulações, Direito, Direito

Resumo

O presente relato etnográfico é parte de uma pesquisa que foi conduzida nos espaços burocráticos judiciais do Foro Central I em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, durante julho de 2021 a julho de 2022. O objetivo inicial da pesquisa foi a imersão no que chamei de Rede Judiciária, a fim de identificar, rastrear e conhecer os atores, práticas, artefatos e relações estabelecidas cotidianamente nesse espaço-tempo do Poder Judiciário. A compreensão da circulação nesse espaço ocorreu por meio da observação das práticas cotidianas que dão sentido e coesão à performance desse poder normativo, mas que muitas vezes não são reconhecidas como parte dele. O texto explora a Rede Judiciária, ou seja, os conjuntos de relações que são estabelecidas, vividas e produzem práticas e discursos que são fabricados diariamente pelos diferentes atores desse contexto, muitas vezes escapando o imaginário social sobre a fabricação de processos criminais, atravessados por contingências e agenciamentos que transbordam as hierarquias e os manuais processuais.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Victória Mello Fernandes, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Doutoranda em Sociologia, Mestra em Sociologia e Cientista Social (UFRGS) Pesquisadora do Grupo de Pesquisa Violência e Cidadania (UFRGS/CNPq) e do Núcleo de Antropologia do Direito (USP/CNPq). Integrante da equipe coordenadora do Projeto de Extensão PalavraMundo (educação em contextos de privação de liberdade), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Pesquisadora do grupo de pesquisa Trabalho, Educação e Conhecimento (UFRGS/CNPq). Integrante do Grupo de Pesquisa Discurso e Arquivo.

Referências

BECKER, Howard S. Outsiders: estudos de sociologia do desvio. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.

BOURDIEU, Pierre. O Poder Simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005.

BRASIL. Código de Processo Penal. Decreto Lei nº 3.689, de 03 de outubro de 1941.

BRASIL. Decreto-Lei 2.848, de 07 de dezembro de 1940. Código Penal. Diário Oficial da União, Rio de Janeiro, 31 dez. 1940.

COLLA, Juliano Lobato. A verdade dos Fatos e a Verdade dos Sujeitos: Enquadramentos, sujeições e agenciamentos e processos de homicídio. 2021. Dissertação (Mestrado em Sociologia) — Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2021.

ENNE, Ana. "Nós", os "outros" e os "outros dos outros": dilemas e conflitos no mapeamento de sujeitos, redes e instituições. In: CASTILHO, Sérgio Ricardo Rodrigues; SOUZA LIMA, Antonio Carlos de; TEIXEIRA, Carla Costa (Orgs.). Antropologia das práticas de poder: reflexões etnográficas entre burocratas, elites e corporações. Rio de Janeiro: Contra Capa, Faperj, 2014. p. 85–91.

EVANS-PRITCHARS, Edward. Os Nuer: uma descrição do modo de subsistência e das instituições políticas de um povo nilota. São Paulo: Ed. Perspectiva, 1978.

FERREIRA, Letícia; LOWENKRON, Laura (Org). Etnografando Documentos: pesquisas Antropológicas entre papéis, carimbos e burocracias. Rio de Janeiro: E-papers, 2020.

FOUCAULT, Michel. A verdade e as Formas Jurídicas. Rio de Janeiro: Ed. Nau, 2013.

FONSECA, Cláudia. Família, fofoca e honra: etnografia das relações de gênero e violência em grupos populares. Porto Alegre: Editora da Universidade/UFRGS, 2000.

LEWANDOWSKI, Andressa. O direito em última instância: uma etnografia do Supremo Tribunal Federal. 2014. Tese (Doutorado em Antropologia Social) — Universidade de Brasília, 2014.

LUGONES, Maria. (In)credulidades compartidas: expedientes para observar administraciones estatales. In: CASTILHO, Sérgio Ricardo Rodrigues; SOUZA LIMA, Antonio Carlos de; TEIXEIRA, Carla Costa (Orgs.). Antropologia das práticas de poder: reflexões etnográficas entre burocratas, elites e corporações. Rio de Janeiro: Contra Capa, Faperj, 2014. p. 71–85.

MALINOWSKI, Bronislaw. Os argonautas do Pacífico Ocidental: Um relato do empreendimento e da aventura dos nativos nos arquipélagos da Nova Guiné, Melanésia. São Paulo: Abril Cultural, 1978.

MISSE, Michel. Sujeição criminal. In: LIMA, Renato Sérgio de; RATTON, José Luiz; AZEVEDO, Rodrigo Ghiringhelli (Orgs.). Crime, polícia e justiça criminal no Brasil. São Paulo: Contexto, 2014. p. 15–38.

TEIXEIRA, Carla. Pesquisando instâncias estatais: reflexões sobre o segredo e a mentira. In: CASTILHO, Sérgio Ricardo Rodrigues; SOUZA LIMA, Antonio Carlos de; TEIXEIRA, Carla Costa (Orgs.). Antropologia das práticas de poder: reflexões etnográficas entre burocratas, elites e corporações. Rio de Janeiro: Contra Capa, Faperj, 2014. p. 33–43.

VIANNA, Adriana; FARIAS, Juliana. A guerra das mães: dor e política em situações de violência institucional. Cadernos Pagu, n. 37, p. 79–116, 2011.

WEBER, Max. Economia e sociedade: fundamentos da sociologia compreensiva. 4ª ed. Volume 1. Brasília: Editora UnB, 2000.

Downloads

Publicado

14-09-2023

Como Citar

FERNANDES, V. M. Seguir a rede judiciária: notas etnográficas sobre a circulação entre burocracias. Equatorial – Revista do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, [S. l.], v. 10, n. 19, p. 1–21, 2023. DOI: 10.21680/2446-5674.2023v10n19ID32534. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/equatorial/article/view/32534. Acesso em: 27 jun. 2024.