Etnografia online e a memória viva do candomblé nas redes sociais
DOI:
https://doi.org/10.21680/2446-5674.2024v11n21ID35012Palavras-chave:
Etnografia online, Memória, Redes sociais, CandombléResumo
Este artigo propõe uma reflexão sobre o uso das redes sociais como espaço de memória de uma casa de candomblé da cidade de Fortaleza, Ceará, Brasil. O estudo do perfil da casa no Instagram com seu material fotográfico nos leva a analisar o papel da tecnologia digital na produção de uma narrativa que combina estrategicamente uma vontade de trabalhar a visibilidade da casa e de se apropriar de um passado tumultuado pelo assassinato da fundadora. As imagens, criteriosamente selecionadas e postadas, representando o passado e o presente, reforçam os laços de uma comunidade que além de ser religiosa se constrói como uma “comunidade emocional”. Examinando a externalização dessa memória viva reinventada por meio da tecnologia digital, analisamos também como a necessidade de desenvolver uma metodologia de etnografia online pode emergir do próprio campo e revelar os jogos de reflexividade numa equipe de pesquisa composta por pesquisadores e colaboradores afiliados ao terreiro.
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