"É social sim, mas também é um empreendimento”
o desenvolvimento do mundo social da canábis teresinense
DOI:
https://doi.org/10.21680/2446-5674.2025v12n22ID37659Palavras-chave:
Maconha, Economia, Medicinal, Associação, AtivismoResumo
A economia da maconha medicinal em Teresina estrutura-se a passos largos e visíveis desde os últimos sete anos. A aprovação de duas leis (uma estadual, outra municipal, na capital Teresina), em 2023, que regulam o fornecimento de gêneros medicinais derivados da maconha pelo Sistema Único de Saúde, “coincidiu” com a oficialização de outros empreendimentos canábicos, somando-se a outros dois empreendimentos precursores, fundados em 2017. O presente artigo visa, ao retomar uma discussão previamente proposta em Brito (2023), seguir na investida de analisar o “mundo social da canábis” de Teresina. Trata-se de uma etnografia que busca, partindo da inserção dos pesquisadores nas redes formadas pelo circuito de produção, circulação e consumo de maconha medicinal na cidade de Teresina, escrutinar uma nova associação canábica, a ATC, fundada em 2024. A ATC parece apresentar uma síntese das propostas político-morais presentes nas duas instituições canábicas precursoras, mantendo em sua missão aspectos de cunho social, mas sem abrir mão de geração de lucro, instâncias anteriormente separadas por fronteiras bem delineadas.
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