Prorrogação de chamada para o dossiê "Território, desejo e erotismo: cenas da vida sexual e libidinal no contexto brasileiro"

11-12-2024

O campo de estudos sobre sexualidade, desejo e erotismo tem se beneficiado por abordagens que lançam luz acerca do modo como determinadas experiências sexuais e eróticas são territorializadas. As chamadas geografias sexuais e do desejo (físicas, ou não) são percebidas como produtos e produtoras de relações mediadas por códigos, signos e valores singulares, por meio dos quais as sexualidades ― suas práticas e narrativas associadas a ela ― são normalizadas ou transgredidas in situ. Em geral, tais investigações vêm privilegiando cenas da vida sexual informadas pelo prazer e marcadas por zonas de produção de desejo, apropriando-se de metodologias que possibilitam ampliar percepções sobre a sexualidade e suas expressões eróticas. A exemplo destacamos algumas pesquisas que se concentraram em espaços voltados para encontros eróticos e sexuais e que espelham o acúmulo dessa área de estudo, como aquelas realizadas em cinemas pornôs (Tertor Junior, 1989; Vale, 2000; Coelho, 2018; Vasconcelos, 2020), saunas (Santos, 2012; Barreto, 2017; Deodato, 2015), clubes de sexo (Braz, 2010), zonas de prostituição (Perlongher, 1987; Jesus, 2021), orgias (Barreto, 2017), aplicativos de namoro (Milskolci, 2014; Pelúcio, 2019), pegação (Teixeira, 2003; Gaspar Neto, 2014; Sampaio, 2019; Oliveira, 2016; Guimarães, 2017) e banheirão (Neto, 2005; Souza, 2012).

Valendo-se dessa trajetória de pesquisa e da sua constante e ampla produção, o presente dossiê tem como objetivo principal abordar análises em torno do território, desejo, erotismo e práticas sexuais em suas distintas dimensões. Interessa-nos perspectivas acerca das formas pelas quais desejo, erotismo e práticas sexuais têm se espacializado em diferentes contextos sociais, além dos modos pelos quais a produção de territorialidades e distintos regimes morais, éticos e de valor têm definido processos de construção de pessoa nesse contexto. Incentivamos análises interseccionais, na medida em que corpo, produção de subjetividade e território, enquanto categorias analíticas, são elementos que se relacionam nas variadas abordagens aqui evidenciadas; além de análises acerca de como usos sexualizados de determinados elementos e substâncias (como medicamentos, drogas e etc.) transformam, sugerem, propõem, definem e modelam novas configurações afetivas-sexuais e elos conjugais, a partir de suas distintas implicações às práticas sexuais. Encorajamos propostas de pesquisadoras e pesquisadores atentas às reverberações sociais, éticas e de valor, mas também políticas, epidemiológicas, econômicas dentre outras, em torno dos fenômenos sexuais, eróticos, marcados pelo desejo e em zonas de prazer.

Aceitamos a submissão de trabalhos em torno de pesquisas em andamento ou concluídas, bem como artigos que relacionem aspectos sobre o fazer científico nesse contexto, seja de caráter teórico ou metodológico. Também estimulamos abordagens que privilegiam temas transversais ao objetivo primeiro do dossiê. Para contribuir, ao invés de limitar, a criatividade das autoras e autores nas suas propostas de artigo, sugerimos trabalhos que abordem tangencialmente: mercado do sexo; limites da sexualidade; sociabilidade; experiências emocionais; estudos em torno das expressões de masculinidade e feminilidade; zonas de vulnerabilidade social; locais comerciais para sexo; usos sexualizados de substâncias; saúde, risco e cuidado nas práticas sexuais; dentre outros.

Por fim, este dossiê é resultado de um esforço coletivo entre alunos do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PPGAS/UFRN), por meio do Grupo de Estudos Gênero, Corpo e Sexualidade (GCS/UFRN), e do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Museu Nacional, vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGAS/MN/UFRJ), através do Núcleo de Estudos em Corpos, Gênero e Sexualidade (NuSEX/Museu Nacional) para somar as reflexões sobre sexualidade, desejo e erotismo nas ciências humanas e, não menos importante, de evidenciar algumas autoras e alguns autores que estão pesquisando sobre o tema.

As submissões devem ser feitas na seção "Dossiê" até 31 de Janeiro de 2025, na plataforma da Revista Equatorial (periodicos.ufrn.br/equatorial/index). As informações sobre as normas para submissão podem ser encontradas em: periodicos.ufrn.br/equatorial/about/submissions.

É importante lembrar que aceitamos contribuições de Artigos, Resenhas, Entrevistas e Traduções para o Dossiê e em Fluxo Contínuo.

Organizadores: Roberto Carlos Mendonça (PPGAS/UFRN); João Elioberg Oliveira (PPGAS/GCS/UFRN) e Wertton Luís de Pontes Matias (PPGAS/MN/UFRJ).