A proibição da maconha no Brasil
impactos sociorraciais, interesses históricos e perspectivas para inclusão do povo negro no mercado legal da canabis
DOI:
https://doi.org/10.21680/2446-5674.2025v12n22ID37150Palabras clave:
Marihuana, Cannabis, Racismo, Antropología antirracista, Guerra contra las drogasResumen
Há um século a maconha deixou de ter o status de farmacopeia e se tornou uma substância narcótica, de forma que a proibição deixou, desde então, um rastro de violência, principalmente na população negra. O presente estudo propõe uma discussão sobre o processo histórico que levou à proibição, os impactos sociais e raciais dessa política e as possibilidades de inserção do povo negro no mercado legal da canabis. A maconha sempre foi uma planta versátil utilizada para diversas aplicações, como a indústria têxtil e alimentícia, assim como no uso ritualístico e medicinal, principalmente entre os povos africanos. A pesquisa utiliza referencial bibliográfico para analisar como o processo da proibição da maconha no Brasil envolveu interesses econômicos, políticos e do setor médico. Contudo, na última década, houve um crescimento do uso medicinal da planta, que se tornou um mercado lucrativo, embora ainda mantenha a população negra excluída e vitimada pela persistência da guerra às drogas.
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