O “fazer musical” e o “fazer etnográfico”

perspectivas em comparação durante a pandemia da Covid-19

Autores

  • Marcus de Freitas Universidade Federal do Paraná

DOI:

https://doi.org/10.21680/2446-5674.2024v11n21ID34675

Palavras-chave:

Etnografia, Fazer musical, Trabalho de campo, Tecnologias digitais, Covid-19

Resumo

A partir de uma pesquisa etnográfica realizada com musicistas na cidade de Curitiba, Paraná, durante a pandemia da Covid-19, este artigo busca traçar um paralelo entre o “fazer musical” e o “fazer etnográfico”. Com o intuito de ampliar o debate acerca da presença em campo na pesquisa antropológica, o trabalho apresenta como a categoria “evento de campo” possibilitou a investigação etnográfica em um momento em que a prudência estava associada ao distanciamento social. Assim, ao reunir pesquisador, interlocutores de pesquisa e tecnologias digitais em um “fazer antropológico” específico às condições espaçotemporais da pandemia, tal categoria deslocou a noção do que é “estar em campo” — de um lugar para uma relação.

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Publicado

27-12-2024

Como Citar

DE FREITAS, Marcus. O “fazer musical” e o “fazer etnográfico”: perspectivas em comparação durante a pandemia da Covid-19. Equatorial – Revista do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, [S. l.], v. 11, n. 21, p. 1–21, 2024. DOI: 10.21680/2446-5674.2024v11n21ID34675. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/equatorial/article/view/34675. Acesso em: 6 dez. 2025.