“Pra quem é boy, já é legalizado”

desigualdades nos acessos à maconha a partir de uma etnografia com cultivadores de Sergipe e do Rio de Janeiro

Autores

  • Gabriel Seixas Silva Universidade Federal Fluminense

DOI:

https://doi.org/10.21680/2446-5674.2025v12n22ID37168

Palavras-chave:

Maconha, Políticas sobre drogas, Justiça Criminal, Antropologia do direito

Resumo

Este relato etnográfico é parte de pesquisa de mestrado que realizei entre 2023 e 2025, cujo foco foram as práticas de cultivo e de acesso à maconha no Brasil, mais especificamente com interlocutores dos estados do Rio de Janeiro e Sergipe. Utilizo entrevistas com esses interlocutores, os quais compartilharam histórias sobre o início e a manutenção do saber técnico de cultivo, demonstrando as disputas envolvendo a comercialização dos derivados de maconha no mercado legal e ilegal. Neste texto, apresento um relato em que descrevo minha experiência pessoal de tornar-me um “paciente medicinal” de maconha no Brasil, abordando os procedimentos burocráticos de acesso efetivo ao produto, os custos e o início do tratamento médico. A interação com cultivadores da planta e a experiência pessoal como paciente possibilitou a compreensão sobre as redes de conhecimentos, culturas e trocas relacionadas à circulação dos produtos derivados da cannabis, como também possibilitou observar as disputas e as contradições nas políticas públicas sobre drogas, em específico, externalizando as desigualdades no acesso à maconha no Brasil.

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Publicado

04-08-2025

Como Citar

SILVA, Gabriel Seixas. “Pra quem é boy, já é legalizado”: desigualdades nos acessos à maconha a partir de uma etnografia com cultivadores de Sergipe e do Rio de Janeiro. Equatorial – Revista do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, [S. l.], v. 12, n. 22, p. 1–32, 2025. DOI: 10.21680/2446-5674.2025v12n22ID37168. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/equatorial/article/view/37168. Acesso em: 9 dez. 2025.