PAISAGEM E PATRIMÔNIO CULTURAL:
Oswaldo de Souza, os fluxos de memória e o marco de touros no litoral potiguar na década de 1960
DOI:
https://doi.org/10.21680/1984-817X.2025v1n01ID38526Resumo
A presente pesquisa está em desenvolvimento no Programa de Pós Graduação em História e Espaços da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), no qual investigo a política patrimonial estabelecida na gestão de Oswaldo de Souza à frente da Diretoria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional no Rio Grande do Norte (DPHAN-RN), nos anos 1960. Nesta comunicação, em particular, irei analisar um aspecto dessa política de patrimônio, a partir da atuação de Oswaldo de Souza em relação ao Marco de Touros, que ganhou notoriedade entre as ações promovidas por esse agente. Tombar, proteger e preservar não foi considerado suficiente, optou-se por remover esse monumento colonial para o Forte do Reis Magos, em Natal, para que, pretensamente, recebesse uma preservação eficaz. Essa medida, realizada em 1962, desagradou a população de Touros e causou momentos de conflitos entre os servidores patrimoniais e a população local. Essa tensão somente foi resolvida 9 anos depois, quando da fabricação de uma réplica do monumento para ficar na praia do Marco, em Touros. Isso põe em debate os usos e sentidos da memória para os agentes da DPHAN e para a população que se relaciona com o bem patrimonial. Vamos analisar essa questão a partir dos conceitos de “paisagem e fluxos de memória”, propostos por Simon Schama, em Paisagem e Memória (1995). Nesse livro, o autor discute a existência de monumentos que possuem uma origem voltada para determinados fins, porém, por sua resistência ao tempo, pelos usos e sentidos atribuídos e, em muitos casos, desconhecimento das representações desses bens materiais, eles ganham projeções diferentes das que inicialmente possuíam. Metodologicamente, analisamos o relatório que Oswaldo de Souza enviou ao DPHAN; e duas entrevistas concedidas por Souza, nas quais o conflituoso caso é abordado: a primeira concedida ao jornal Poti, em 01 de setembro de 1968; e a outra ao programa da TV Universitária Memória Viva, no ano de 1983, posteriormente publicada em livro, no ano de 1998.
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