Exu, a divindade marginal
Abstract
Durante o período escravagista os negros africanos foram forçados a se estabelecer numa nova terra, com novos hábitos e outras referências culturais. Desprovidos de qualquer bem material, os escravos trouxeram para o “Novo Mundo”, as suas memórias, crenças e suas representações do sagrado. No Brasil, suas práticas religiosas foram duramente reprimidas, obrigados a aceitar o catolicismo e a aderir aos hábitos cristãos. Como forma de resistência, os africanos elaboraram um hibridismo cultural baseado na comparação imagética entre os santos do catolicismo popular e suas divindades: em algumas regiões do país, Oxóssi foi relacionado a São Sebastião; Xangô a São Jerônimo; Iansã a Santa Bárbara e assim por diante. Entretanto, Exu senhor dos caminhos, da fertilidade e do movimento na cultura ioruba, foi associado ao diabo, figura importante no imaginário cristão. Os missionários europeus descreveram Exu como a fonte de todo o mal, um ser libidinoso e traiçoeiro. Atualmente, uma imagem deturpada deste orixá ainda é propagada pelas igrejas neopentecostais e pelo catolicismo carismático. Este artigo discute a marginalização do orixá Exu e sua transfiguração em diabo segundo o discurso cristão do século XX e XXI.
PALAVRAS-CHAVE: Exu, Neopentecostais, Hibridação, Catolicismo.
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