Colonialismo, racismo e a demonização do corpo negro

uma possível leitura do conto O Diário de Manua, de Ungulani Ba Ka Khossa

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21680/1983-2435.2023v8nEspecialID32409

Palavras-chave:

literatura moçambicana. Ungulani Ba Ka Khosa. Racismo. colonialismo.

Resumo

Ungulani Ba Ka Khosa é um dos mais prestigiados escritores moçambicanos, seu primeiro livro Ualalapi (1987) é considerado um dos cem melhores livros africanos. O escritor revisita o passado documentado de Moçambique, a partir das memórias e de estórias tradicionais. Seus textos podem ser compreendidos como recontações desses fatos históricos, em sua maioria, na contramão das versões oficiais. O presente artigo pretende evidenciar as discussões sobre o racismo e a demonização dos africanos presentes no conto, além de trazer à baila situações vividas por estes povos durante a colonização portuguesa. O estudo será realizado por meio da análise crítica e comparativa do texto literário. Constatamos que Khosa representa, através do texto analisado, o poder destrutivo das violências sofridas pelos africanos, não apenas durante a colonização como também nas primeiras tentativas de estabelecimento de certa diplomacia. As contribuições de Cabaço (2009), Fanon (2008) e Mbembe (2018) servirão de escopo teórico-crítico da análise.

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Biografia do Autor

Rodrigo Santos Dultra, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA)

Doutorando em Difusão do Conhecimento pela Universidade Federal da Bahia(UFBA). Mestre em Literatura e Cultura pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Graduado em Letras Vernáculas pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Atualmente sou professor de Língua Portuguesa do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA). Tenho experiência como professor da rede pública e particular ministrando disciplinas como Gramática, Produção Textual e literaturas de língua portuguesa.

Ivan Maia de Mello, Universidade Federal da Bahia (UFBA)

Professor do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Milton Santos da Universidade Federal da Bahia. Ensina no Bacharelado Interdisciplinar em Artes da UFBA, no Mestrado Interdisciplinar em Humanidades da UNILAB e no Doutorado Multi-institucional e Multidisciplinar em Difusão do Conhecimento. Coordenador do grupo de pesquisa e extensão universitária CLiPES (Corpo, Linguagem, Política, Educação e Subjetividade). Doutor em Educação pela Universidade Federal da Bahia (2012) como pesquisador da linha de pesquisa Filosofia, Linguagem e Práxis Pedagógica. Mestre em Filosofia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2005). Membro do Conselho Editorial da Revista de Filosofia Lampejo. Membro do Comitê Editorial da Série Filosofia Brasileira da Editora Fi (Porto Alegre). Membro do Conselho Editorial da Coleção Apoena da EDUECE. Tem experiência na área de Filosofia, com ênfase em Estética, Ética, Filosofia da Educação, Filosofia Política e Epistemologia, em Teoria da Literatura e em Artes Cênicas, com ênfase em Direção e Interpretação Teatral. Publicou artigos em periódicos e capítulos de livros, além de poemas e ensaios em algumas coletâneas e jornais literários. Organizou eventos acadêmicos na área de filosofia e literatura. Realizou pesquisa de Pós-Doutorado na Universidad de La Republica do Uruguai (2019-2020).

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Publicado

30-11-2023

Como Citar

SANTOS DULTRA, R.; MAIA DE MELLO, I. Colonialismo, racismo e a demonização do corpo negro: uma possível leitura do conto O Diário de Manua, de Ungulani Ba Ka Khossa. Revista Odisseia, [S. l.], v. 8, n. Especial, p. 401–415, 2023. DOI: 10.21680/1983-2435.2023v8nEspecialID32409. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/odisseia/article/view/32409. Acesso em: 3 maio. 2024.