Vozes da violência: o malear do martelo

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21680/1983-2435.2024v9n1ID33361

Palavras-chave:

Corpo, Ironia, Linguagem, Violência, Verso livre

Resumo

A obra o martelo, da pernambucana Adelaide Ivánova, apresenta características decoloniais que degradam o sentido literal por meio de vozes trabalhadas em um contínuo contraposto. Demonstrando a violenta opressão contra o corpo feminino, na linguagem, o martelo nos remete, com ironia calculada e reiteração sarcástica de assertivas, ao estupro, à homofobia e à violência contra a mulher em diversos âmbitos, com quebras, “marteladas”, que rompem a lógica sintagmática, transigindo a ordem. A voz de quem esconde um martelo sob o travesseiro envereda o leitor para a repleta perplexidade, com animalizações, teor desumanizante, denunciador, que se em vezes nos leva a visualizar o sangue, a agressividade, a dor da mulher, de súbito também nos desvela a insurgência feminil ao medo e enuncia sem recalques os próprios desejos.

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Biografia do Autor

Flávio Cavaca Lopes Ribeiro, Universidade Federal Fluminense

Doutorando em Literatura Comparada pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Mestre em Literatura Portuguesa pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e Bacharel em Letras - português/literaturas de língua portuguesa pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIO). Médico Veterinário pela Universidade Federal Fluminense (UFF).

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Publicado

28-06-2024

Como Citar

CAVACA LOPES RIBEIRO, F. Vozes da violência: o malear do martelo. Revista Odisseia, [S. l.], v. 9, n. 1, p. 185–200, 2024. DOI: 10.21680/1983-2435.2024v9n1ID33361. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/odisseia/article/view/33361. Acesso em: 2 jul. 2024.

Edição

Seção

Artigos