Jacques Rancière e a revolução sensível: uma (outra) leitura política de Madame Bovary
DOI:
https://doi.org/10.21680/1983-2109.2019v26n49ID14287Palavras-chave:
Revolução sensível, Madame Bovary, Estética e política, Jacques RancièreResumo
O intuito desse texto é pensar como a análise empreendida por Jacques Rancière em torno do livro Madame Bovary, de Gustave Flaubert, daria a ver um entrelaçamento entre estética e política latente tanto na história de Emma Bovary quanto nas críticas a ela dedicadas. Passando especialmente pelas interpretações de Charles Baudelaire e de Jean-Paul Sartre pretende-se apresentar a ideia de que o modo como ambos pensam os gestos e atitudes da personagem é, antes de tudo, político. Se Sartre aproxima o tema de Emma a uma discussão política pela via da práxis e do imaginário, Rancière apresenta uma leitura do romance que não apenas coloca-o em outra chave de visibilidade como também, a partir desse novo olhar, reinterpreta o próprio campo estético em suas relações com a política. Trata-se de pensar o poder de afetar e transformar vidas que a materialidade do sensível do texto daria a ver; de pensar aquilo que compreende como uma revolução sensível. Desse modo, a aproximação da personagem Emma ao pensamento político da emancipação se dará pela via da partilha do sensível que tanto a personagem quanto os proletários das revoluções francesas do século XIX teriam empreendido ao exceder a ligação entre um modo de aparecer e um modo de ser.
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