O Pensamento Miltoniano e a Tradição dos Estudos Críticos em Administração no Brasil: uma Aproximação Teórica
Palavras-chave:
Estudos Críticos, Estudos Organizacionais, Administração, Milton SantosResumo
Há uma tradição de estudos críticos em Administração no Brasil, sendo essa caracterizada, em sua gênese, por uma proximidade com o paradigma do humanismo radical. Em outras áreas do saber, como na Geografia, pesquisadores como Milton Santos se aproximava dos paradigmas de tal perspectiva, visto que buscava, em suas obras, a emancipação dos sujeitos. Realizou-se uma análise de conteúdo temática em duas obras do pensador Milton Santos, a fim de atingir o objetivo geral de aproximar o pensamento miltoniano da tradição de estudos críticos em Administração no Brasil. Para tanto, delineou-se como objetivos específicos realizar uma contextualização sobre a tradição de estudos críticos em Administração no Brasil e sobre o Critical Management Studies e, ainda, analisar quais arcabouços teóricos no pensamento de Milton Santos podem agregar às pesquisas críticas em Administração no Brasil. Constatou-se, que ademais de ser possível aproximar o pensamento miltoniano à tradição de estudos críticos em Administração no Brasil, ferramentas teóricas advindas de obras do autor podem agregar aos pesquisadores críticos em Administração no que concerne a realização de pesquisas que visam a emancipação de organizações e sujeitos, especialmente os que são originários de regiões periféricas e semiperiféricas globais.
Downloads
Referências
ABDALLA, M. M.; FARIA, A. Em defesa da opção decolonial em administração/gestão. Cadernos EBAPE. BR, v. 15, n. 4, p. 914-929, 2017.
ALCADIPANI, R.; TURETA, C. Teoria ator-rede e estudos críticos em administração:
possibilidades de um diálogo. Cadernos EBAPE. BR, v.7, n.3, p. 405-418, 2009.
ALCÂNTARA, V. C. et al. A solution through praxis? Reflections about the ivory tower metaphor and the indissociability between theory and practice in organizational studies. RAM. Revista de Administração Mackenzie, v. 17, p. 15-35, 2016.
ALVES, V. J. R. Formação socioespacial e patrimônio-territorial latinoamericano, resistência negra pelas rodas de samba do Distrito Federal, Brasil. PatryTer, v. 3, n. 6, p. 150-166, 2020.
ALVESSON, M.; WILLMOTT, H. On the idea of emancipation in management and organization studies. Academy of management review, v. 17, n. 3, p. 432-464, 1992.
BARDIN, L. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011.
BASTOS, J. M.; CASARIL, C. C. A formação sócio-espacial como categoria de análise aos estudos sobre rede urbana: ampliando a discussão teórica. Geosul, v. 31, n. 62, p. 271-298, 2016.
BAUER, A. P. M.; SILVA, V. F.; WANDERLEY, S. E. P. V. Decolonialidade, border thinking e organizações: as contribuições de Guerreiro Ramos e Celso Furtado. Cuadernos de Administración, v. 32, n. 58, 2019.
BURRELL, G.; MORGAN, G. Sociological paradigms and organisational analysis: Elements of the sociology of corporate life. London: Routledge, 2017.
CAMPOS, C. J. G. Método de análise de conteúdo: ferramenta para a análise de dados qualitativos no campo da saúde. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 57, n. 5, p. 611-614, 2004.
CARVALHO FILHO, V.; IPIRANGA, A.; FARIA, A. (De) colonialidade na educação em administração: explorando limites e possibilidades. Education Policy Analysis Archives, v. 25, 2017.
CATAIA, M.; SILVA, S. C. Considerações sobre a teoria dos dois circuitos da economia urbana na atualidade. Boletim Campineiro de Geografia, v. 3, n. 1, p. 55-75, 2013.
CORRÊA, R. L. Quem são os clássicos da geografia brasileira? E por que lê-los?. Espaço Aberto, v. 1, n. 1, p. 155-160, 2011.
COUTO, F. F.; HONORATO, B. E. F.; SILVA, E. R. Organizações outras: Diálogos entre a teoria da prática e a abordagem decolonial de Dussel. Revista de Administração Contemporânea, v. 23, p. 249-267, 2019.
DAVEL, E; ALCADIPANI, R. Estudos críticos em administração: a produção científica brasileira nos anos 1990. Revista de Administração de Empresas, v. 43, n. 4, p. 72-85, 2003.
DEGRANDI, J. O.; SILVEIRA, R. L. L. Verticalidades e horizontalidades na função comercial da cidade de Santa Maria-RS. Mercator-Revista de Geografia da UFC, v. 12, n. 29, p. 39-50, 2013.
FARIA, A.; WANDERLEY, S. Fundamentalismo da gestão encontra a descolonialidade: repensando estrategicamente organizações familiares. Cadernos EBAPE. BR, v. 11, n. 4, p. 569-587, 2013.
FOURNIER, V.; GREY, C. Na Hora da Crítica: Condições e Perspectivas para Estudos Críticos de Gestão. Revista de Administração de Empresas, v. 46, n. 1, jan-mar, 2006.
GROSFOGUEL, R. Para descolonizar os estudos de economia política e os estudos pós-coloniais: transmodernidade, pensamento de fronteira e colonialidade global. Periferia, v. 1, n. 2, 2009.
HAESBAERT, R. Território e descolonialidade: sobre o giro (multi) territorial/de(s)colonial na América Latina. Buenos Aires: Clacso, 2021.
HERNANDÉZ, A. R.; CANÇADO, A. C. Análises da Gestão Social brasileira através da teoria da Decolonialidade. Amazônia, Organizações e Sustentabilidade, v. 6, n. 1, p. 25-43, 2017.
IBARRA-COLADO, E. Organization studies and epistemic coloniality in Latin America: thinking otherness from the margins. Organization, v. 13, n. 4, p. 463-488, 2006.
JESUS, A. G. Vivenciando o sonho e o pesadelo: Milton Santos e a Tanzânia. Revista da Rede Brasileira de História da Geografia e Geografia Histórica, n. 13, 2020.
LACERDA, D. S. Investigating the political economy of the territory: The contradictory responses of organisations to spatial inequality. Organization, p. 13505084211061239, 2021.
MACHADO, T. A. Da formação social em Marx à formação socioespacial em Milton Santos: uma categoria geográfica para interpretar o Brasil?. GEOgraphia, v. 18, n. 38, p. 71-98, 2016.
MARX, K. Contribuição à crítica da economia política. 2.ed. São Paulo: Expressão Popular, 2008.
MCGEE, T. The urbanization process in the third world: explorations in search of a theory. Londres: G. Bell and Sons Ltd, 1982.
MOTTA, A. C. G. D.; THIOLLENT, M. Abordagem crítica nos estudos organizacionais no Brasil: grupos de pesquisa e iniciativas em universidades. In: Congresso Brasileiro de Estudos Organizacionais, 4, 2016, Porto Alegre. Anais... Porto Alegre: Escola de Administração, FURGS, 2016.
MISOCZKY, M. C.; AMANTINO-DE-ANDRADE, J. Uma crítica à crítica domesticada nos estudos organizacionais. Revista de Administração Contemporânea, v. 9, p. 193-210, 2005.
MOZZATO, A. R.; GRZYBOVSKI, D. Abordagem Crítica nos Estudos Organizacionais: Concepção de indivíduo sob a perspectiva emancipatória. Cadernos Ebape. Br, v. 11, p. 503-519, 2013.
OURIQUES, N. Colapso do Figurino Francês: crítica às ciências sociais no Brasil. Florianópolis: Insular, 2014.
PAES DE PAULA, A. P. P. et al. A tradição e a autonomia dos estudos organizacionais críticos no Brasil. Revista de Administração de Empresas, v. 50, p. 10-23, 2010.
RAMOS, A. G. A redução sociológica. 2ª Edição. Rio de Janeiro: editora da UFRJ, 1996.
SALVADOR, D. S. C. Espaço geográfico e circuito inferior da economia. Mercator, v. 11, n. 25, p. 47 a 58-47 a 58, 2012.
SANTOS, E. L. O campo científico da administração: uma análise a partir do círculo das matrizes teóricas. Cadernos Ebape. Br, v. 15, p. 209-228, 2017.
SANTOS, M. Por uma nova Geografia. São Paulo: Hucitec, 1978.
SANTOS, M. A Natureza do espaço. São Paulo: Hucitec, 1996.
SANTOS, M. Território e Sociedade. São Paulo: Perseu Abramo, 2000.
SANTOS, M. O espaço dividido: os dois circuitos da economia urbana nos países subdesenvolvidos. São Paulo: Edusp, 2004.
SANTOS, M. Técnica, espaço, tempo: globalização e meio técnico-científico informacional. 5ª Ed. São Paulo: Edusp, 2008.
SERVA, M.; DIAS, T.; ALPERSTEDT, G. D. Paradigma da complexidade e teoria das organizações: uma reflexão epistemológica. Revista de Administração de Empresas, v. 50, n. 3, p. 276-287, 2010.
SILVEIRA, M. L. Urbanización latinoamericana y circuitos de la economía urbana. Revista Geográfica de América Central, v. 2, n. 47E, 2011.
SPOSITO, M. E. B. A análise urbana na obra de Milton Santos. Caderno Prudentino de Geografia, v. 1, n. 21, p. 25-42, 1999.
VERGARA, S. C. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 1998.
s, 1998.
