O PROJETO PAISAGÍSTICO E O BEM-ESTAR SOCIAL

Autores

  • Mirela Davi de MELO UFPE
  • Ana Rita Sá Carneiro RIBEIRO UFPE
  • Maria de Jesus de Britto LEITE UFPE

DOI:

https://doi.org/10.21680/2448-296X.2025v10n3ID36284

Palavras-chave:

experiência de paisagem, projeto paisagístico, bem-estar, neurociência

Resumo

A paisagem é objeto de investigação de vários campos disciplinares, logo, pode ser compreendida por distintos meios e o projeto paisagístico é um deles. O paisagista se destaca como figura importante nesse cenário, uma vez que é o profissional responsável por elaborar projetos pertinentes aos contextos em que se inserem. Para isso é necessário fazer uma articulação entre os aspectos materiais e imateriais existentes no espaço. O bem-estar é um desses aspectos imateriais que deve ser considerado. Este artigo tem como objetivo identificar aspectos do projeto paisagístico de parques, praças e jardins que possam proporcionar o bem-estar paisagístico, à medida que esses espaços são apropriados. Nesse sentido, foram tomados como referências projetos dos paisagistas Olmsted e Burle Marx, o que permitiu identificar, de modo geral, dois princípios projetuais principais: o traçado e a representação da natureza. Tais princípios estão relacionados às estruturas materiais do lugar como: topografia, atividades, arquitetura circundante, fluxos. Por outro lado, sabendo que o bem-estar é um estado mental e que é uma condição subjetiva humana, o neurocientista Berthoz (1997) elenca três necessidades fisiológicas do cérebro humano – regularidade, surpresa e movimento – que proporcionam o sentimento de bem-estar que supostamente podem ser alcançados no meio material. Nesse âmbito, mesmo estando em campo subjetivo, o bem-estar pode ser considerado uma das características físicas do ambiente. Assim, foi possível investigar nas praças do bairro da Torre, na cidade de João Pessoa-PB, de que forma os princípios discutidos por Berthoz (1997) são trabalhados no projeto de cada praça.

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Biografia do Autor

Mirela Davi de MELO, UFPE

Possui graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal da Paraíba (2016), especialização em Gestão de Políticas do Patrimônio Cultural pela Faculdade Maurício de Nassau (2018) e mestrado em Desenvolvimento Urbano pela Universidade Federal de Pernambuco (2019), canalizando seus estudos para o urbanismo, paisagem e o bem-estar. Atualmente é doutoranda em Desenvolvimento Urbano (UFPE), pesquisando sobre o sentimento de paisagem urbana no sertão paraibano. 

Ana Rita Sá Carneiro RIBEIRO, UFPE

Possui graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Pernambuco (1975), mestrado em Desenvolvimento Urbano pela Universidade Federal de Pernambuco (1989) e doutorado em Arquitetura - Oxford Brookes University (1995). Atualmente é professor titular da Universidade Federal de Pernambuco - UFPE e coordenadora do Laboratório da Paisagem do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da UFPE. Membro do Comitê Internacional de Paisagens Culturais Icomos/Ifla e da Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas/Abap, e representante do Icomos Brasil. Líder do Grupo de Pesquisa do CNPq Jardins de Burle Marx e Pesquisadora do Grupo de Pesquisa do CNPq Pensar Paisagem. Tem experiência na área de Arquitetura e Urbanismo, com ênfase em Conservação urbana integrada e mais especificamente nos estudos dos jardins de Burle Marx, da teoria da paisagem e dos espaços públicos. Atua como consultora para a restauração dos jardins de Burle Marx no Recife. Bolsista de produtividade do CNPq.

Maria de Jesus de Britto LEITE, UFPE

Arquiteta e Urbanista Universidade Federal de Pernambuco (1979). Mestre (2001) e Doutora (2007) em Arquitetura e Urbanismo FAUUSP. Professora da Universidade Federal de Pernambuco, vinculada ao Departamento de Arquitetura e Urbanismo, leciona no Curso de Graduação de Arquitetura e Urbanismo e no Curso de Pós-graduação em Desenvolvimento Urbano - MDU. Cursou Neurociências no Institut Jean Nicod e na École Doctorale Cerveau Cognition et Comportment, Université Pierre et Marie Curie, Paris VI (2003). Tem experiência em Projeto de Arquitetura e Desenho Urbano. Dedica-se aos Fundamentos da Arquitetura e do Urbanismo, atuando principalmente nas áreas de Formação do Arquiteto e Teorias do Projeto de Arquitetura e Urbanismo. Desenvolve pesquisas investigativas sobre Espaço, Percepção e Concepção na arquitetura e na cidade, conjugando Neurociências, Neuroestética , Fenomenologia e Teoria do Conhecimento com Teorias da Arquitetura e do Urbanismo, no âmbito do Laboratório de Investigação do Espaço na Arquitetura - LIA e do LiArq, do DAU-MDU-UFPE. Atualmente faz parte do Comité Avaliador da SBPC, coordena as ações técnicas da Rede Brasileira de Estudos sobre Cidades Médias - REDBCM. É Coordenadora Geral do Centro de Estudos Avançados da UFPE.

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Publicado

18-09-2025

Como Citar

MELO, Mirela Davi de; RIBEIRO, Ana Rita Sá Carneiro; LEITE, Maria de Jesus de Britto. O PROJETO PAISAGÍSTICO E O BEM-ESTAR SOCIAL. Revista Projetar - Projeto e Percepção do Ambiente, [S. l.], v. 10, n. 3, p. 69–82, 2025. DOI: 10.21680/2448-296X.2025v10n3ID36284. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/revprojetar/article/view/36284. Acesso em: 5 dez. 2025.

Edição

Seção

TEORIA E CONCEITO