DEVOÇÃO NO CÍRIO FLUVIAL DE ORIXIMINÁ: “BRINCADEIRAS”, “APERREIOS” E REZAS PARA SANTO ANTÔNIO
DOI:
https://doi.org/10.21680/2238-6009.2020v1n55ID23539Resumen
Este trabalho tem como objetivo etnografar eventos de devoção que ocorrem no círio fluvial de Oriximiná/PA, região Norte do Brasil, em especial a prática de “aperrear” o santo. Na ânsia de alcançar a benção desejada, usam-se diversos métodos de constrangimento do santo, como, por exemplo, esconder o menino Jesus do colo do santo, virá-lo para a parede ou pendurá-lo de cabeça para baixo, guardá-lo no congelador ou escondê-lo em um local escuro. Esses “aperreios” duram até o santo realizar o pedido. Para tanto, foi realizado trabalho de campo em 2017 com observação participante, coleta de dados com entrevistas abertas e conversas informais com trinta e dois interlocutores, registro fotográfico, material histórico de acervos pessoais e levantamento de dados bibliográficos pertinentes ao tema. O círio inicia-se no primeiro domingo e encerra-se no terceiro domingo de agosto. Trata-se de um emaranhado de eventos interligados que movem a cidade de Oriximiná e as comunidades do entorno para ritos de devoção, como colocar as barquinhas na água, o círio fluvial, a peregrinação, rezas, promessas e trabalhos para o santo. Nesse contexto, a ação das devotas que buscam o auxílio do santo para contrair um casamento revelou-se notável, com práticas de devoção particulares como o “aperreio”, as rezas e as simpatias.