A adequação dos grandes municípios brasileiros na divulgação das informações de margem de expansão das despesas conforme a LRF

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21680/2176-9036.2021v13n1ID19498

Palavras-chave:

: Lei de Responsabilidade Fiscal, Decoupling, Margem de expansão, DOCC

Resumo

Objetivo: O objetivo do estudo é verificar a adequação dos grandes municípios do Brasil na divulgação das informações no anexo da margem de expansão das despesas obrigatórias de caráter continuado (DOCC), previsto pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

Metodologia: Foi realizada uma análise dos anexos de despesas obrigatórias (DOCC) publicados no portal da transparência dos municípios com população superior a 500 mil habitantes (41 municípios) entre 2017 a 2019. A análise observou: (i) a adequação das despesas em relação às receitas; (ii) notas explicativas dos anexos; (iii) variação das informações do relatório ao longo dos três anos e (vi) o conteúdo informacional presente nos anexos. Adicionalmente, foi desenvolvido um índice de adequação do demonstrativo, para apoiar a resposta da questão de pesquisa proposta.

Resultados: Os resultados indicam que a adequação do demonstrativo é baixa e não houve melhora ao longo dos períodos considerados entre os casos analisados. A proporção de prefeituras com utilização de notas explicativas sobre essas informações é baixa (51%), e dentre aqueles que apresentaram algum tipo de informação detalhada, apenas 31% explicaram as origens das receitas que serviram como base de cálculo para a margem de expansão das despesas.

Contribuições do Estudo: As conclusões apontam que o relatório vem sendo divulgado cerimonialmente, para fins de cumprimento de prazos. Como esse anexo acompanha o projeto de lei da LDO anual, sua aprovação pelo Poder Legislativo mesmo o baixo conteúdo informacional, ou seja, sem que seja possível compreender seu conteúdo, indica baixa atenção do Legislativo na importância desse controle. Os resultados trazem implicações para a gestão fiscal dos municípios, na medida em que as evidências apontam as fragilidades em seu planejamento fiscal, ao não controlar o crescimento de despesas obrigatórias. 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Guilherme Simões Belote, Universidade Federal de Uberlândia

Mestrando em Ciências Contábeis pela Universidade Federal de Uberlândia. Faculdade de Ciências Contábeis (FACIC). Av. João Naves de Ávila - 2121 - Bairro Santa Mônica. Uberlândia - MG - CEP 38400-902.

Ricardo Rocha de Azevedo, Universidade Federal de Uberlândia

Doutorado em Controladoria e Contabilidade pela FEARP-USP, Professor do Programa de Pós-Graduação na Faculdade de Ciências Contábeis (FACIC), da Universidade Federal de Uberlândia. Av. João Naves de Ávila - 2121 - Bairro Santa Mônica. Uberlândia - MG - CEP 38400-902.

Referências

Araujo, A. H. S; Filho, J. M. S., & Gomes, F. G. (2015). Lei de Responsabilidade Fiscal: Efeitos e consequências sobre os municípios alagoanos no período 200-10. Revista de Administração Pública, 49(3), 739-759.

Assis, N. R. (2007). Demonstrativo das Despesas Obrigatórias de Caráter Continuado: análise da evolução histórica, avaliação e identificação das variáveis que o determinam para proposição de um novo modelo. Monografia premiada com o segundo lugar no XII Prêmio Tesouro Nacional, ESAF, Brasília, DF, Brasil.

Azevedo, R. R., & Aquino, A. C. B. (2017). Uso cerimonial do planejamento de resultados nos municípios de São Paulo e sua consequência para a accountability. 2º Congresso UFU de Contabilidade. Uberlândia, MG.

Azevedo, R. R. de, Aquino, A. C. B. de, Lino, A. F., & Cavalmoretti, G. (2019). A precariedade do conteúdo informacional dos anexos de riscos fiscais de municípios brasileiros. Advances in Scientific and Applied Accounting, 12(2), 4–22.

Birck, L. G; Shikida, P. F. A., & Schallenberger, E. (2004). O Município na lei de responsabilidade fiscal. Revista Brasileira de Gestão e Negócios, 6(16), 15-28.

Boxenbaum, E., & Jonsson, S. (2008). Isomorphism, Diffusion and Decoupling. In: GREENWOOD, R; OLIVER, C; SAHLIN, K; SUDDABY; R. Handbook of Organizacional Institutionalism. 1th. ed. Sage.

Brasil, IBGE. Perfil dos Municípios Brasileiros, 2017. Disponível em: <ftp://ftp.ibge.gov.br/Perfil_Municipios/2017/Base_de_Dados/>. Acesso em: 12 nov. 2018.

Controladoria geral da união. Disponível em: <http://www.cgu.gov.br/assuntos/transparencia-publica/escala-brasil-transparente-360>. Acesso em: 01 fev. 2019.

Cruz, C. F., & Senhoras, E. M. (2013). Avaliação da responsabilidade na gestão fiscal com base nos pilares da Lei de Responsabilidade Fiscal: Um estudo com municípios de Santa Catarina. Caderno de Finanças Públicas, 13, 85-120.

DiMaggio, P. J., & Powell, W. W. (1983). The iron cage revisited: Institutional isomorphism and collective rationality in organizational fields. American Sociological Review, 48(2), 147–160.

Faroni, W. (2004). A Influência da lei de responsabilidade fiscal (LRF) na tomada de decisão pelos gestores públicos municipais. Congresso Brasileiro de Custos, 11, 2004, Porto Seguro.

Fioravante, D. G; Pinheiro, M. M. S., & Vieira, R. S. (2006). Lei de responsabilidade fiscal e finanças públicas municipais: Impactos sobre despesas com pessoal e endividamento, Brasília: Instituto de Pesquisa econômica aplicada, 31 f. (Textos para discussão; 1223).

Gerigk, W; Clemente, A., & Taffarel, M. (2011). O impacto da Lei de Responsabilidade fiscal sobre a gestão financeira municipal: um estudo com os municípios do Paraná. Revista Eletrônica de Ciências Administrativas, 10(1), 64-83.

Giambiagi, F. (1996) Evolução e custo da dívida líquida do setor público: 1981-1994. Rio de Janeiro: Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, 25 f. (Textos para discussão; 36).

Giuberti, A. C. (2005). Efeitos da lei de responsabilidade fiscal sobre os gastos dos municípios brasileiros. Dissertação (Mestrado economia). Curso de Pós-Graduação em Economia, Universidade de São Paulo.

Heniff, B. (2018). Budget enforcement Procedures: The Senate Pay-As-You-Go (PAYGO) Rule. Congressional Research Service.

Lei nº 101, de 04 de maio de 2000. Estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências. Lex: coletânea de legislação: edição federal, São Paulo.

Linhares, F; Penna, C., & Borges, G. (2013). Os efeitos da lei de responsabilidade fiscal no endividamento dos municípios do Piaui. Revista de Administração Pública, 47(6), 1359-1373.

Lino, A. F., Carvalho, L. B. de, Aquino, A. C. B., & Azevedo, R. R. de. (2019). A falta de trabalho institucional e mudanças organizacionais incompletas em municípios brasileiros. Revista de Administração Pública, 53(2), 375–391.

Macedo, J. J., & Corbari, E. C. (2009). Efeitos da lei de responsabilidade fiscal no endividamento dos municípios brasileiros: Uma análise de dados em painéis. Revista de Contabilidade e Finanças, 20(51), 44-60.

Maciel, P. J. (2013). Finanças públicas no Brasil: uma abordagem orientada para políticas públicas. Revista de Administração Pública, 47(5), 1213-1241.

Meyer, J. W., & Rowan, B. (1977). Institutionalized Organizations: Formal Structure as Myth and Ceremony. American Journal of Sociology, 83(2), 340-363.

MPF combate a corrupção. Acesso em: <http://combateacorrupcao.mpf.mp.br/ranking/mapa-da-transparencia/ranking/resultados>. Disponível em: 05 fev. 2019.

Nunes, S. P. P., & Nunes, R. C. (2002). O processo orçamentário na Lei de Responsabilidade Fiscal: instrumento de planejamento. In: Figueiredo, C. M.; Nóbrega, M. (Ed.). Administração Pública: direitos administrativos, financeiros e gestão pública: prática, inovações e polêmicas. São Paulo: Revista dos Tribunais.

Okhmatovskiy, I., & David, R. J. (2012). Setting your own standards: Internal corporate governance codes as a response to institutional pressure. Organization Science, 23(1), 155–176.

Oyadomari, J. C., Mendonça, O. R., Cardoso, R, L., & Lima, M. P. (2008). Fatores que influenciam a adoção de artefatos de controle gerencial nas empresas brasileiras. Um estudo exploratório sob a ótica da teoria institucional. Revista de Contabilidade e Organizações, 2(2), 55-70.

Pastore, A. C. (1994). Déficit público, a sustentabilidade do crescimento das dívidas interna e externa, senhoriagem e inflação: Uma análise do regime monetário brasileiro. Brazilian Review of Econometrics, 14(2), 177-234.

Patton, M. Q. (2015). Qualitative research & evaluation methods: integrating theory and practice. Thousand Oaks: Sage Publication.

Pereira, R. M. (1999). O Ajustamento Cíclico dos Gastos Públicos Federais Brasileiros. Brasília: Instituto de Pesquisa econômica aplicada, 27 f. (Textos para discussão; 632).

Poli, I. T; Rossoni, L. (2014). A Imaterialidade das práticas de gestão ambiental e sua adoção cerimonial: Dois casos ilustrativos. Revista Brasileira de Estudos Organizacionais, 1(1).

Santolin, R; Jayme Junior, F. G., & Reis, J. C. (2009). Lei de Responsabilidade fiscal e implicações na despesa de pessoal e de investimento nos municípios mineiros: Um estudo com dados em painel dinâmico. Revista Estudo Econômico, 39(4), 895-923.

Santos, S. R. T., & Alves, T. W. (2011). O impacto da lei de responsabilidade fiscal no desempenho financeiro e na execução orçamentaria dos municípios no Rio Grande do Sul de 1997 a 2004. Revista de Administração Pública, 45(1), 181-208.

Secretaria de Estado de Planejamento Prçamento e Gestão. (2015). Margem de expansão das despesas obrigatórias de caráter continuado, 5. Disponível em: http://www.seplag.df.gov.br/wp-conteudo/uploads/2017/10/06-ANEXO-VI-MARGEM-DE-EXPANS%C3%83O-1.pdf. Acesso em: 14 jan. 2019.

Soares, M., & Scarpin, J. E. (2013). Controle Interno na Administração Pública: Avaliando sua eficiência na Gestão municipal. Revista de Ciências Jurídicas, 14(1), 5-15.

Teixeira, A. F., & Azevedo, R. R. (2015). Metas fiscais: Ferramenta de planejamento pelos estados brasileiros? Cadernos de Finanças Publica, 15, 151-174.

Tesouro Nacional. Disponível em: <http://www.tesourotransparente.gov.br/visualizacao/previa-fiscal>. Acesso em: 02 fev. 2019.

Toledo, F. C. J. (2014). As cautelas fiscais para criar despesa pública. Revista Controle: Doutrinas e Artigos, 12(2), 48-58.

Zuccolotto, R; Ribeiro, C. P. P., & Abrantes, L. A. (2008). O comportamento das finanças públicas municipais nas capitais dos estados brasileiros. Congresso Brasileiro de Custos. Curitiba. PR, Brasil.

Downloads

Publicado

02-01-2021

Como Citar

SIMÕES BELOTE, G.; ROCHA DE AZEVEDO, R. A adequação dos grandes municípios brasileiros na divulgação das informações de margem de expansão das despesas conforme a LRF. REVISTA AMBIENTE CONTÁBIL - Universidade Federal do Rio Grande do Norte - ISSN 2176-9036, [S. l.], v. 13, n. 1, p. 201–221, 2021. DOI: 10.21680/2176-9036.2021v13n1ID19498. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/ambiente/article/view/19498. Acesso em: 24 dez. 2024.

Edição

Seção

Seção 2: Contabilidade Aplicada ao Setor Público e ao Terceiro Setor (S2)