Enfrentando a cortina de fumaça: uma análise epistemológica sobre o uso da expressão “contabilidade criativa”
DOI:
https://doi.org/10.21680/2176-9036.2021v13n1ID19790Palavras-chave:
Contabilidade Criativa; Epistemologia; Ética Profissional; Teoria Contábil.Resumo
Objetivo: Analisar a percepção de estudantes e profissionais contábeis a respeito dos conceitos e usos dos termos associados à expressão “contabilidade criativa”. Os conceitos teóricos do estudo se baseiam no entendimento de que compreender epistemologicamente os métodos, sistematização e conceitos usados na área contábil contribui para aprimorar conceitos existentes.
Metodologia: Para tratar a questão da pesquisa, foram identificados quatro conceitos associados à expressão “contabilidade criativa” – fraude, erro, gerenciamento e aprimoramento de resultados – e utilizados estudos de casos conhecidos na literatura. Na sequência, foram realizadas entrevistas com dois especialistas (um do setor público e um do setor privado), que aplicam esses conceitos no dia a dia na sua profissão, com o uso da técnica de entrevista aberta, e aplicado questionário estruturado para 158 estudantes e 36 profissionais para capturar as suas percepções sobre o tema.
Resultados: Os achados do estudo mostram que ainda existe uma subjetividade inerente ao uso da expressão “contabilidade criativa” e de sua mensuração, reconhecimento e evidenciação. E que tanto entre os estudantes como entre os profissionais, os conceitos e aplicação dos termos “fraude” e “erro” estão melhor internalizados do que os termos “gerenciamento de resultado” e “aprimoramento de resultado”, mostrando as mesmas dificuldades e contradições observadas na literatura e revelando que ainda paira uma “cortina de fumaça” quando se trata da expressão “contabilidade criativa”. A preocupação é que essa dificuldade exponha os profissionais e coloque em dúvida a fidedignidade da informação contábil.
Contribuições do Estudo: Enfrenta a discussão sobre o uso inadequado da expressão “contabilidade criativa”. Explica que o uso de práticas e técnicas contábeis alternativas possui conotação negativa apenas na medida em que está associada à má fé da pessoa que a utiliza.
Downloads
Referências
Alves, A. (2009). Contabilidade Criativa. Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Disponível: <http://alessandropalves.blogspot.com/2009/04/contabilidade-criativa.html>. Acesso em: 16/05/2018.
Aquino, C.V.M.G., Rufino, A.C.S., & Neto, V.G. (2017). Contabilidade Criativa: o caso do Governo do Estado do Ceará. Revista Controle , Fortaleza. p. 195-222.
Benito, B., Montesinos, V., & Bastida, F. (2008). An example of creative accounting in the public sector: the private financing of infrastructures in Spain. Critical Perspectives on Accounting, 19(7), 963-986. < https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1045235407001049?via%3Dihub>. Acesso em 27 de março de 2019.
Boni, V; Quaresma, S.J. (2005). Aprendendo a entrevistar: como fazer entrevistas em ciências sociais. Em Tese, Florianópolis, v. 2, n. 1, p. 68-80, jan. ISSN 1806-5023. Disponível em: <https://periodicos.ufsc.br/index.php/emtese/article/view/18027/16976>. Acesso em: 16 maio 2019. doi:https://doi.org/10.5007/%x.
Botelho, D. R. (2012). Epistemologia da pesquisa em contabilidade internacional: enfoque cultural-reflexivo. 174 f. Tese de Doutorado em Ciências Contábeis – Universidade de Brasília – UNB, Brasília, DF, Brasil.
Bruyne, P; Herman, J; Schouth, M. (1991) Dinâmica da pesquisa em ciências sociais: os polos da prática metodológica. 3. Ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves Editora.
Cardoso, R.L. (2005) Regulação econômica e escolhas de práticas contábeis: evidências no mercado de saúde suplementar brasileiro. Tese (Doutorado em Ciências Contábeis) — Departamento de Contabilidade e Atuária, Universidade de São Paulo, São Paulo.
Cernusca, L., David, D., Nicolaescu, C., & Gomoi, B.-C. (2016). Empirical study on the creative accounting phenomenon. Studia Universitatis Vasile Goldis Arad, Economics Series, 26(2), 63–87. doi:10.1515/sues-2016-0010.
Cosenza, J. P. (2003). Contabilidade criativa, em que nem sempre dois mais dois são quatro. Revista Contabilidade e Informação: conhecimento e aprendizagem. Editora UNIJUI – Universidade Regional do Nordeste do Estado do Rio Grande do Sul – IJUÍ – RS., Ano VI, n. 17, p. 29-38, abr./jun.
Chucke, G. V.; Lima, M.C. (2012) Pesquisa qualitativa: evolução e critérios. Revista Espaço Acadêmico. v.1, n.129, jan, p.64-69.
Dias, A. G. G., Cunha, J. H. C, Sales, I. C. H., & Bezerra, P. C. S. (2016). Contabilidade criativa, ética e gerenciamento de resultados: auditoria versus academia. Revista Administração em Diálogo, 18(1), 133-151.
Duarte, M. & Ribeiro, M. (2007). Contabilidade criativa: Algumas abordagens. Revista da Câmara dos Técnicos Oficiais de Contas, VIII(93), 29 – 35.
Fantinato, M. (2015). Métodos de pesquisa. USPNET. Disponível em: https://atualiza.aciaraxa.com.br/ADMarquivo/arquivos/arquivo/M%C3%A9todos-de-Pesquisa.pdf . Acesso em: 01/06/2018.
Fernandes, S. (2012). A Contabilidade criativa e os factores capazes de prevenir a manipulação contabilística: Análise econométrica às empresas portuguesas, Universidade Lusíada de Vila Nova de Famalicão.
Gamboa, S.A.S. (1987). Epistemologia da pesquisa em educação: estruturas lógicas e tendências metodológicas. Campinas. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas.
Garrido, L. A. (1992). As fontes orais na pesquisa histórica: uma contribuição ao debate. Revista Brasileira de História, São Paulo, v. 13, n. 25/26, set192-ago/93, p. 33.
Habermas, J.(1976). Was-heisst Universalpragmatik?”. Sprachpragmatik und Philosophie. Ed. Por Karl-Otto Apel, Suhrkamp, Frankfurt.
Healy, P., & Wahlen, J., (1999). A review of the earnings management literature and its implications for standard setting. Accounting Horizons 13, 365–383.
Jones, M. (2011) Creative Accounting, Fraud and International Accounting Scandals. Reino Unido: Wiley.
Kraemer, M.E.P. (2004). CONTABILIDADE CRIATIVA MAQUIANDO AS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS. 52ª Convenção dos Contabilistas do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.
Lucena, E. R. F. C. V., Melo, C.L.L.; Lustosa, P.R.B., & Silva, C.A.T. (2015). Ética: a tendência de os profissionais contábeis denunciarem atos questionáveis Revista Contabilidade e Organizações, v. 24 p. 3-17.
Martinez, A. L. (2001) Gerenciamento dos resultados contábeis: estudo empírico das companhias abertas brasileiras. Tese (Doutorado). São Paulo: FEA/USP, 2001.
Martins, G.A. (1994). Epistemologia da Pesquisa em Administração. São Paulo. Tese (Docência livre) – Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo.
Martins, R; Camilo, G. (2016). CONTABILIDADE CRIATIVA: BRECHAS NAS NORMAS CONTÁBEIS OU FRAUDE CONTÁBIL? UMA ANÁLISE DAS MAIORES FRAUDES MUNDIAIS. Revista de Auditoria, Gestão e Contabilidade. 4. 144-161.
Milesi-Ferretti, G.M. (2004). Good, Ba dor Ugly? On the effects of fiscal rules with creative acconunting. Journal of Economics 88, 311-394.
Minayo, M.C.S. (2012). O Desafio do Conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 14.ed., São Paulo: Hucitec Editora.
Müller, M.(1981) Epistemologia e dialética. Cadernos de história e filosofia da ciência, Campinas. CLE, UNICAMP, Suplemento (92).
Naser, K. (1993): creative financial accounting: its nature and use. london: prentice-hall. p.59.
Niyama, J.K., Rodrigues, A.M.G., & Rodrigues, J.M. (2015). Algumas reflexões sobre contabilidade criativa e as normas internacionais de contabilidade. Revista Universo Contábil, 11(1), 69.
Niyama, J.K. (2014). As principais causas das diferenças internacionais no financial reporting. Sessão de apresentação no Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Coimbra.
Oliveira, A.G; Muller, A.N; Nakamura, W.T. (2000). A utilização das informações geradas pelo sistema de informação contábil como subsídio aos processos administrativos nas pequenas empresas. Revista FAE, Curitiba, v.3, n.3, p.1-12, set./dez.
Paulo, E. (2007). MANIPULAÇÃO DAS INFORMAÇÕES CONTÁBEIS: UMA ANÁLISE TEÓRICA E EMPÍRICA SOBRE OS MODELOS OPERACIONAIS DE DETECÇÃO DE GERENCIAMENTO DE RESULTADOS. Tese (Doutorado) - Universidade de São Paulo, São Paulo.
Ribeiro, R; Marques, M.L. (2016). CREATIVITY IN ORGANIZATIONS: OR HOW TO SURVIVE IN A CHANGING WORLD. Psique, Journal of Research Centre for Psychology of the Universidade Autonoma de Lisboa. jan-dec, Vol. 13, p63-78. 16p.
Santos, A., & Grateron, I.R. (2003). Contabilidade criativa e responsabilidade dos auditores. Revista de Contabilidade & Finanças – USP. São Paulo, n. 32, p. 7 – 22, maio/ago.
Selau, M. S. (2004). História Oral: Uma metodologia para o trabalho com fontes orais. Esboços: histórias em contextos globais, 11(11), 217-228.
Theóphilo, C. R; Iudícibus, S. (2005). Uma análise crítico-epistemológica da produção científica em contabilidade no Brasil. UnB Contábil – UnB, Brasília, v.8, n. 2, jul./dez. 2005.
Theóphilo, C.R. (2007) Pesquisa científica em Contabilidade: desenvolvimento de uma estrutura para subsidiar análises crítico-epistemológicas. In CONGRESSO ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 1 2007, Gramado: ANPCONT.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 REVISTA AMBIENTE CONTÁBIL - Universidade Federal do Rio Grande do Norte - ISSN 2176-9036
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
Os autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Comomns Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
Os autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
Os autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.
A Revista Ambiente Contábil utiliza uma licença Creative Commons CC-BY-NC-ND (Atribuição-NãoComercial – SemDerivações 4.0). Isso significa que os artigos podem ser compartilhados e que a Revista Ambiente Contábil não pode revogar estes direitos desde que se respeitem os termos da licença:
Atribuição: Deve-se dar o crédito apropriado, prover um link para a licença e indicar se mudanças foram feitas.
Não Comercial: Não se pode usar o material para fins comerciais.
Sem Derivações: Se for remixar, transformar ou criar a partir do material, não se pode distribuir o material modificado.
Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional