Transparência corporativa e desempenho: qual o papel das mulheres nessa relação?
DOI:
https://doi.org/10.21680/2176-9036.2022v14n1ID27709Palavras-chave:
Participação feminina. Conselho de administração. Transparência corporativa. Desempenho empresarial..Resumo
Objetivo: Esta pesquisa tem por objetivo investigar a influência da participação feminina no conselho de administração na relação entre a transparência corporativa e o desempenho de empresas brasileiras.
Metodologia: A pesquisa caracteriza-se como empírico-analítica. A amostra reúne 297 empresas não-financeiras listadas na B3 no período 2015-2019. Para atingir o objetivo da pesquisa, aplicaram-se o Teste t de Student e o Teste de Mann-Whitney e a técnica de regressão com dados em painel.
Resultados: Verificou-se a baixa participação feminina nos CAs, haja vista que apenas 6,9% dos membros desse tipo de colegiado são mulheres. A partir dos testes t de Student e de Mann-Whitney, identificou-se que no conjunto das empresas da amostra, aquelas com presença feminina no CA e aquelas contempladas com o Troféu Transparência não apresentam desempenho econômico diferente na comparação com as demais. Entretanto, ostentam maior desempenho de mercado. De acordo com os resultados das regressões, verifica-se que a transparência corporativa não influencia de forma significante o desempenho e, apesar do crescente debate na sociedade sobre a participação das mulheres em cargos de alta gestão, a participação feminina no conselho de administração das empresas estudadas não altera essa relação. Portanto, esses resultados sinalizam que a participação de mulheres em cargos da alta gestão não resulta em benefícios econômicos para as empresas.
Contribuições do Estudo: O estudo amplia o debate sobre a influência da presença feminina nos cargos de alta relevância nas grandes empresas brasileiras de capital aberto e contribuir para uma melhor compreensão da influência da participação das mulheres na relação entre a transparência corporativa e o desempenho econômico e o desempenho de mercado.
Downloads
Referências
Abdullah, S. N.; Ismail, K. N. I. K., & Nachum, L. (2016). Does having women on boards create value? The impact of societal perceptions and corporate governance in emerging markets. Strategic Management Journal, 37(3), 466-476. https://doi.org/10.1002/smj.2352
Adams, R. B., & Ferreira, D. (2009). Women in the boardroom and their impact on governance and performance. Journal of Financial Economics, 94(2), 291-309. https://doi.org/10.1016/j.jfineco.2008.10.007
Adams, R. B., & Funk, P. (2012). Beyond the glass ceiling: does gender matter? Management Science, 58(2), 219-235. https://doi.org/10.1287/mnsc.1110.1452
Aguilera, R. V. (2005). Corporate governance. In J. Beckert, & M. Zafiroski (Eds.). International encyclopedia of economic sociology. London: Routledge.
Ahmadi, A., Nakaa, N., & Bouri, A. (2018). Chief executive officer attributes, board structures, gender diversity and firm performance among French CAC 40 listed firms. Research in International Business and Finance, 44, 218-226. https://doi.org/10.1016/j.ribaf.2017.07.083
Assaf, A., Neto. (2012). Finanças corporativas e valor (6a. ed). São Paulo: Atlas.
Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade. (2020) Anefac. Troféu Transparência. Recuperado em 12 maio, de 2020, de https://www.anefac.org/transparencia
Belghiti-Mahut, S., & Lafont, A. L. (2010). Lien entre présence des femmes dans le top management et performance financière des entreprises en France. Gestion 2000, 27(5), 131-146.
Berle, A., & Means, G. (1932). The modern corporation and private property. New York, NY: Macmillan.
Beuren, I. M., & Silva, G. P. (2013). Reflexos na controladoria com a adesão da empresa à governança corporativa. Revista Catarinense de Ciência Contábil, 12(36), 70-82. http://dx.doi.org/10.16930/2237-7662/rccc.v12n36p70-82
Boubaker, S., Dang, R., & Nguyen, D. K. (2014). Does board gender diversity improve the performance of French listed firms?. Gestion 2000, 31(1), 259-269.
Boulouta, I. (2013). Hidden connections: the link between board gender diversity and corporate social performance. Journal of Business Ethics, 113(2), 185-197. https://doi.org/10.1007/s10551-012-1293-7
Bruni, A., Gherardi, S., & Poggio, B. (2004). Entrepreneurmentality, gender and the study of women entrepreneurs. Journal of Organizational Change Management, 17(3), 256-268. http://dx.doi.org/10.1108/09534810410538315
Bushman, R. M., Piotroski, J. D., & Smith, A. J. (2004). Whats determines corporate transparency? Journal Accounting Research, 42(2), 207-252. https://doi.org/10.1111/j.1475-679X.2004.00136.x
Campbell, K., & Vera, A. M. (2010). Female board appointments and ?rm valuation: short and long-term effects. Journal Management Governance, 14(1), 37-59. https://doi.org/10.1007/s10997-009-9092.y
Carnevale, C., Mazzuca, M., & Venturini, S. (2012). Corporate social reporting in European banks: the effects on a firm’s market value. Corporate Social Responsibility and Environmental Management, 19(3), 159-177. https://doi.org/10.1002/csr.262
Carter, D. A., Simkins, B. J., & Simpson, W. G. (2003). Corporate governance, board diversity, and firm value. Financial Review, 38(1), 33-53. https://doi.org/10.1111/1540-6288.00034
Carvalho, A. M., Neto, Tanure, B., & Andrade, J. (2010). Executivas: carreira, maternidade, amores e preconceitos. RAE-eletrônica, 9(1), 1-23. https://doi.org/10.1590/S1676-56482010000100004
Costa, L., Sampaio, J. O., & Flores, E. S. (2019). Diversidade de gênero nos conselhos administrativos e sua relação com desempenho e risco financeiro nas empresas familiares. Revista de Administração Contemporânea, 23(6), 721-738. http://doi.org/ 10.1590/1982-7849rac2019180327
Dang, R., Bender, A.-F., & Scotto, M.-J. (2014). Women on French corporate board of directors: how do they differ from their male counterparts? Journal of Applied Business Research, 30(2), 489-508. https://doi.org/10.19030/jabr.v30i2.8420
Dezsö, C. L., & Ross, D. G. (2012). Does female representation in top management improve firm performance? A panel data investigation. Strategic Management Journal, 33(9), 1072-1089. https://doi.org/10.1002/smj.1955
Espejo, M. M. D. S. B., & Daciê, F. D. P. (2016). Redução da assimetria informacional sob a ótica do controle gerencial: discussão sobre práticas em empresas transparentes. Revista Contabilidade & Finanças, 27(72), 378-392. http://dx.doi.org/10.1590/1808-057x201603000
Ferreira, D. Board diversity. (2010). In: Baker, H. K., & Anderson, R. (Ed.). Corporate governance: a synthesis of theory, research, and practice. The Robert W. Kolb series in finance. New Jersey: Wiley.
Fitzsimmons, S. R. (2012). Women on board of directors: why skirts in seats aren’t enough. Business Horizons, 55(6), 557-566. https://doi.org/10.1016/j.bushor.2012.07.003
Ghani, A. N. A., Martelanc, R., & Kayo, E. K. (2015). Há diferença de restrição de crédito para empresas de capital aberto e fechado no Brasil? evidência empírica pela abordagem do Cash Flow Sensitivity. Revista Contabilidade & Finanças - USP, 26(67), 85-92. DOI: 10.1590/1808-057x201400260
Grybaité, V. (2006). Analysis of theoretical approaches to gender pay gap. Journal of Business Economics and Management, 7(2), 85-91. https://doi.org/10.1080/16111699.2006.9636127
Gul, F. A., Srinidhi, B., & Ng, A. C. (2011). Does board gender diversity improve the informativeness of stock prices? Journal of Accounting and Economics, 51(3), 314-338. https://doi.org/10.1016/j.jacceco.2011.01.005
Instituto Brasileiro de Governança Corporativa. (2015). Código das melhores práticas de governança corporativa. (5a ed.) São Paulo: IBGC. Recuperado em 11 maio, 2020, de https://conhecimento.ibgc.org.br/Lists/Publicacoes/Attachments/21138/Publicacao-IBGCCodigo-CodigodasMelhoresPraticasdeGC-5aEdicao.pdf
Instituto Brasileiro de Governança Corporativa. (2019). Blog. Apenas 10,8% das empresas do Ibovespa têm mulheres em conselhos. São Paulo: IBGC. Recuperado em 12 maio, 2020, de https://www.ibgc.org.br/blog/sep500-b3-mulheres
Instituto Brasileiro e Governança Corporativa. (2011). Relatório de mulheres na administração das empresas brasileiras listadas 2010-2011. São Paulo: IBGC Recuperado em 21 junho, 2020, de https://conhecimento.ibgc.org.br/Lists/Publicacoes/Attachments/23495/Mulheres_no_Conselho%202a%20edi%c3%a7%c3%a3o.pdf
Jensen, M., & Meckling, W. (1976). Theory of the firm: managerial behavior, agency costs, and capital structure. Journal of Financial Economics, 3, 305-360. https://doi.org/10.1016/0304-405X(76)90026-X
Kammler, E. L., & Alves, T. W. (2005). Análise da capacidade de explicação dos investimentos das empresas brasileiras de capital aberto através do modelo do acelerador. Revista Contabilidade & Finanças, 16(39), 81-92. https://doi.org/10.1590/S1519-70772005000300007.
Khan, W. A., & Vieito, J. P. (2013). CEO gender and firm performance. Journal of Economics and Business, 67, 55-66. https://doi.org/10.1016/j.jeconbus.2013.01.003
Lazzaretti, K., & Godoi, C. K. (2012). A participação feminina nos conselhos de administração das empresas brasileiras: uma análise das características de formação acadêmica e experiência profissional à luz da teoria do capital humano. Revista Gestão & Conexões, 1(1), 159-186. DOI: 10.13071/regec.2317-5087.2012.1.1.4059.
Lazzaretti, K., Godoi, C. K., Camilo, S. P. O., & Marcon, R. (2013). Gender diversity in the boards of directors of Brazilian businesses. Gender in Management: An International Journal, 28(2), 94-110. https://doi.org/10.1108/17542411311303239
Leite, M., & Silva, T. P. (2019). Relação da estrutura de capital e do valor econômico agregado no desempenho econômico em empresas industriais brasileiras e chilenas. Revista Facultad de Ciencias Económicas: Investigación y Reflexión, 27(1),11-42. https://doi.org/10.18359/rfce.3129
Lückerath-Rovers, M. (2013). Women on boards and firm performance. Journal of Management & Governance, 17(2), 491-509. https://doi.org/10.1007/s10997-011-9186-1
Luo, J., Xiang, Y., & Huang, Z. (2017). Female directors and real activities manipulation: evidence from China. China Journal of Accounting Research, 10(2), 141-166. https://doi.org/10.1016/j.cjar.2016.12.004
MARCONI, M. de A.; LAKATOS, E. M. Metodologia científica. 5. Ed. 4. São Paulo: Atlas, 2010.
Marques, V. A., da Silva, F. G. D., Louzada, L. C., Amaral, H. F., & de Souza, A. A. (2015). Qualidade informacional e nível de transparência: um estudo entre empresas ganhadoras e não ganhadoras do troféu transparência FIPECAFI-SERASA EXPERIAN. RACE-Revista de Administração, Contabilidade e Economia, 14(2), 769-796. https://doi.org/10.18593/race.v14i2.5912
Martins, G. de A. (2002). Manual para elaboração de monografias e dissertações. 3 ed. São Paulo: Atlas.
Martins, O. S., Mazer, L., Lustosa, P., & Paulo, E. (2012). Características e Competências dos Conselhos de Administração de Bancos Brasileiros E Suas Relações Com Seus Desempenhos Financeiros. Revista Universo Contábil, 8(3), 40-61. https://ssrn.com/abstract=2308190
Michener, G., & Bersch, K. (2013). Identifying transparency. Information Polity, 18(3), 233-242. https://doi.org/10.3233/IP-130299
Nisiyama, E. K., & Nakamura, W. T. (2018). Diversidad del consejo de administración y la estructura de capital. Revista de Administração de Empresas, 58(6), 551-563. https://doi.org/10.1590/s0034-759020180604
Paniagua, J.; Rivelles, R., & Sapena, J. (2018). Corporate governance and financial performance: the role of ownership and board structure. Journal of Business Research, 89, 229-234. https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2018.01.060
Perez, M., & Famá, R. (2003). Métodos de avaliação de empresas e o balanço de determinação. Caderno de Pesquisas em Administração, 10(4), 47-59. https://doi.org/10.20946/rad.v6i1.686
Pires, C. O., & Macagnan, C. B. (2013). Governança corporativa e assimetria de informação: uma revisão desta relação. Revista Brasileira de Administração Científica, 4(4), 83-94. https://doi.org/10.6008/ESS2179-684X.2013.004.0005
Price, R., Román, F. J., & Routreen, B. (2011). The impact of governance reform on performance and transparency. Journal of Financial Economics, 99(1), 76-96. https://doi.org/10.1016/j.jfineco.2010.08.005
Ripley, W. Z. (1927). Main street and wall street. Boston, MA: Little Brown & Co.
Rodrigues, J., & Seabra, F. (2011). Conselho de administração: que funções? Revista de Gestão dos Países de Língua Portuguesa, 10(1-2), 2-12.
Sewpersah, N. S. (2019). Attributes of the board of directors as influencing profitability under endogeneity: an econometric analysis in South Africa. The ACRN Journal of Finance and Risk Perspectives, 8(1), 133-151.
Shleifer, A., & Vishny, R. W. (1997). A survey of corporate governance. Journal of Finance, 52(2), 737-783. https://doi.org/10.1111/j.1540-6261.1997.tb04820.x
Sila, V., Gonzalez, A., & Hagendorff, J. (2016). Women on board: does boardroom gender diversity affect firm risk?. Journal of Corporate Finance, 36, 26-53. https://doi.org/10.1016/j.jcorpfin.2015.10.003
Silva, A. C., & Margem, H. (2015). Mulheres em cargos de alta administração afetam o valor e desempenho das empresas brasileiras? Revista Brasileira de Finanças, 13(1), 102-133. http://dx.doi.org/10.12660/rbfin.v13n1.2015.35116
Silva, C. P., & Martins, O. S. (2017). Mulheres no conselho afetam o resultado financeiro? Uma análise da representação feminina nas empresas listadas na BM&FBovespa. Sociedade, Contabilidade e Gestão, 12(1), 67-76. https://doi.org/10.21446/scg_ufrj.v12i1.13398
Silveira, A. D. M. D. (2002). Governança corporativa, desempenho e valor da empresa no Brasil. Dissertação de mestrado. Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.
Silveira, A. D. M., Lanzana, A. P., Barros, L. A. B. D. C., & Famá, R. (2004). Efeito dos acionistas controladores no valor das companhias abertas brasileiras. Revista de Administração da Universidade de São Paulo, 39(4), 362-372.
Solomon, J., & Solomon A. (2006). Private social, ethical, and environmental disclosure. Accounting, Auditing, & Accountability Journal, 19(4), 564-591. https://doi.org/10.1108/09513570610679137
Styhre, A. (2018). The making of shareholder welfare society: a study in corporate governance. New York: Routledge.
Tonello, M. (2010). Board composition and organization issues. In H. K. Baker, & R. Anderson (Ed.). Corporate governance: a synthesis of theory, research, and practice. The Robert W. Kolb series in finance. New Jersey: Wiley.
Turrent, G. C. B. (2014). Factores que inciden en una mayor transparencia de gobernanza corporativa en empresas cotizadas latinoamericanas. Revista Mexicana de Economía y Finanzas, 9(2), 105-124. https://doi.org/10.21919/remef.v9i2.58
Zuccolotto, R., Teixeira, M. A. C., & Riccio, E. L. (2015). Transparência: reposicionando o debate. Revista Contemporânea de Contabilidade, 12(24), 137-151. http://dx.doi.org/10.5007/2175-8069.2015v12n25p137
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 REVISTA AMBIENTE CONTÁBIL - Universidade Federal do Rio Grande do Norte - ISSN 2176-9036
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
Os autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Comomns Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
Os autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
Os autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.
A Revista Ambiente Contábil utiliza uma licença Creative Commons CC-BY-NC-ND (Atribuição-NãoComercial – SemDerivações 4.0). Isso significa que os artigos podem ser compartilhados e que a Revista Ambiente Contábil não pode revogar estes direitos desde que se respeitem os termos da licença:
Atribuição: Deve-se dar o crédito apropriado, prover um link para a licença e indicar se mudanças foram feitas.
Não Comercial: Não se pode usar o material para fins comerciais.
Sem Derivações: Se for remixar, transformar ou criar a partir do material, não se pode distribuir o material modificado.
Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional