Gerenciamento de resultados e recuperação judicial: evidências para empresas brasileiras
DOI:
https://doi.org/10.21680/2176-9036.2024v16n2ID31240Palavras-chave:
Gerenciamento de resultados, desempenho, recuperação judicial, empresas brasileirasResumo
Objetivo: Este estudo investigou a relação entre recuperação judicial e a insolvência com nível de Real Earnings Management (REM) de empresas brasileiras de capital aberto no período 2016-2020.
Metodologia: O modelo econométrico estimado foi a regressão de dados em painel. A variável dependente foi o nível de REM mensurado a partir de Roychowdhury (2006), que estima a manipulação de atividades reais por meio da análise das movimentações anormais de fluxo de caixa operacional, despesas discricionárias e custos de produção. A amostra coletada no período de 2016 a 2020 é composta por 723 empresas não financeiras.
Resultados: Como principais resultados, o estudo conseguiu evidenciar que existe uma relação inversa entre a recuperação judicial e a insolvência com o gerenciamento de resultados. Ou seja, companhias que estão em recuperação judicial ou insolventes tendem a ter um menor gerenciamento de resultados. Os achados desta pesquisa sugerem que os gestores de empresas em recuperação judicial têm menos incentivos para se envolverem em práticas discricionárias, pois, assim, conseguem evidenciar sua dificuldade financeira e obter os benefícios judiciais do processo.
Contribuições do Estudo: Embora muitos estudos avaliem os fatores que influenciam o gerenciamento de resultados, este trabalho busca contribuir com o estudo de gerenciamento de resultados contábeis e utiliza uma proxy operacional, associando-a com empresas em recuperação judicial. Além disso, com evidências de um menor gerenciamento de resultados por essas empresas, há uma possível melhora na perspectiva dos acionistas quanto ao futuro das finanças da empresa, e assim, também contribuindo para a tomada de decisão dos investidores.
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