EFEITOS DAS IFRS NO CONSERVADORISMO CONTÁBIL: UM ESTUDO EM COMPANHIAS ABERTAS DOS PAÍSES MEMBROS DO GLENIF
Resumo
É compreensível que devido a relevância dos relatórios contábeis e sua maior importância com a adoção das IFRS haja nas empresas uma preocupação com os fatores que causam interferência na sua qualidade, bem como, com os critérios utilizados na sua formação, consistência e avaliação. Dentre os fatores que exercem influencia na qualidade das informações contábeis está o conservadorismo, definido por Basu (1997) como um reconhecimento assimétrico das perdas em relação aos ganhos, se refletem as más notícias mais rapidamente do que as boas notícias. Considerando este contexto, o presente estudo tem o objetivo de avaliar as magnitudes das influências das IFRS nos níveis de conservadorismo contábil das práticas adotadas nos países membros do GLENIF, mais especificadamente, Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México e Peru no período de 2003 a 2013. Com uma amostra de 513 empresas e 5643 observações, aplicou-se por meio de dados em painel a equação original de Basu (1997) e, posteriormente, incluiu-se uma variável dummy considerando os efeitos da adoção das IFRS no conservadorismo. Os resultados indicaram que, mesmo com a adoção das IFRS notou-se no Brasil e no México a presença de práticas conservadoristas. Na Argentina constatou-se situação contrária, as IFRS amenizaram o conservadorismo nas empresas do país. Já no Chile, Colômbia e Peru os resultados não significativos foram insuficientes para indicarem a presença de conservadorismo após a adoção das IFRS.
Palavras-Chave: Conservadorismo Contábil. IFRS. Modelo de Basu (1997).
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