Educação em Doses Controladas: A Medicalização da Educação e o Trabalho Docente sob a Perspectiva da Teoria Histórico-Cultural
Palavras-chave:
Medicalização da educação; Teoria Histórico-Cultural; trabalho docente; formação críticaResumo
O artigo aborda a medicalização da educação e seus impactos no contexto escolar, fundamentando-se na Teoria Histórico-Cultural. Esse fenômeno refere-se à tendência de traduzir dificuldades escolares em diagnósticos médicos, geralmente acompanhados de prescrição de medicamentos, diferenciando-se da medicamentalização, caracterizada pelo uso indiscriminado de fármacos. A perspectiva histórico-cultural compreende o desenvolvimento humano como processo mediado e socialmente construído, contrapondo-se à visão reducionista da medicalização, que individualiza problemas educacionais e ignora determinantes socioeconômicos e institucionais. Discute o aumento de diagnósticos como TDAH e TEA e a crescente medicalização de crianças e adolescentes, bem como a influência das políticas neoliberais na precarização do trabalho docente, marcada por sobrecarga, perda de autonomia e alienação. A lógica capitalista, ao padronizar o ensino e normalizar comportamentos, contribui para a exclusão de sujeitos que não se adequam às normas vigentes. Conclui-se, com base nesta pesquisa bibliográfica, pela urgência de uma formação docente articulada a investimentos estruturais que viabilizem práticas pedagógicas emancipatórias e não medicalizantes, conforme propõe a Teoria Histórico-Cultural.
Downloads
Referências
AGOSTINHO, Michele Yenara. “Dificuldades de aprendizagem”: uma análise a partir da Teoria Histórico-Cultural. 2021.
ALVARENGA, Rejane Abadia de; SILVA, Janaína Cassiano. A medicalização do fracasso escolar: concepção de professoras do ensino fundamental. In: MOREIRA, Maria de Lourdes; LEITE, Sandra Zákia (org.). Educação e formação de professores: concepções, políticas e práticas. São Paulo: Blucher, 2017. p. 151-164.
ARAÚJO, Juliana Carlos Guimarães de. Medicalização da educação: formação colaborativa com professores do ensino fundamental. 2022. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2022.
BARRETO, Maria da Apresentação; GUIMARÃES, Juliana Carlos; NASCIMENTO, José Lucas Rocha. Psicologia e Educação em diálogo com a Teoria Histórico-Cultural e na defesa da humanização. 1. ed. Curitiba: Appris, 2023.
BARRETO, Maria da Apresentação; GUIMARÃES, Juliana Carlos. Medicalização da educação e as pessoas com deficiência: um ensaio teórico. Revista de Casos e Consultoria, [S. l.], v. 12, n. 1, p. e24800, 2021.
COLLINS, Patricia Hill. Em direção a uma nova visão: raça, classe e gênero como categorias de análise e conexão. In: MORENO, Renata (org.). Reflexões e práticas de transformação feminista. São Paulo: SOF, 2015. p. 13-42.
CONRAD, Peter. The medicalization of society: on the transformation of human conditions into treatable disorders. Baltimore: Johns Hopkins University Press, 2007.
DANTAS, Heliton de Oliveira. Medicalização da educação e discurso psi: uma análise das práticas escolares à luz da teoria do agir comunicativo. Curitiba: CRV, 2018.
DE LIMA, Cárita Portilho; CAMPOS, Herculano Ricardo. Contribuições da psicologia histórico- cultural para a educação escolar brasileira: o experimento formativo. Germinal: marxismo e educação em debate, v. 15, n. 1, p. 183-204, 2023.
FACCI, Marilda Gonçalves Dias. O adoecimento do professor frente à violência na escola. Fractal: Revista de Psicologia, v. 31, n. 2, p. 130-142, 2019.
FACCI, Marilda Gonçalves Dias; URT, Sonia da Cunha. Quando os professores adoecem: demandas para a psicologia e a educação. 2020.
GOMES, Selma Regina. Sociedade medicalizada: infância capturada. 2020.
INSFRAN, F.; LADEIRA, T. A.; FARIA, S. E. F. Fracasso escolar e medicalização na educação: a culpabilização individual e o fomento da cultura patologizante. Movimento: Revista de Educação, v. 7,
n. 15, 2020. DOI: https://doi.org/10.22409/mov.v7i15.43073.
LIMA, J. I. F. R. et al. Desmedicalização na infância: reflexões à luz da teoria histórico-cultural. Anais do CONEDU, 2023.
LIMA, Maria Lúcia Chaves et al. Debatendo sobre medicalização com docentes em escolas públicas e privadas. Psicologia Escolar e Educacional, v. 25, p. e222921, 2021.
MEIRA, Márcia Elisa Oliveira; LOUREIRO, Maria Clara C. Medicalização da educação: a perspectiva de professoras da educação infantil sobre o processo de diagnóstico e de medicalização do TDAH. Educar em Revista, Curitiba, n. 52, p. 227–245, jan./abr. 2014. Disponível em: https://bit.ly/3VymKmF. Acesso em: 3 maio 2025.
MELLO, Maria Aparecida. O conceito de mediação na teoria histórico-cultural e as práticas pedagógicas. Aprender – Caderno de Filosofia e Psicologia da Educação, n. 23, p. 72-89, 2020.
MINISTÉRIO DA SAÚDE (Brasil). Uso de metilfenidato no Brasil: consumo cresceu mais de 775% em dez anos. Brasília, 2015. Disponível em: https://bit.ly/4aWsjSh. Acesso em: 3 maio 2025.
MOYSÉS, Marcos; COLLARES, Cecília M. A patologização da educação: reflexões sobre as medicalizações na infância. Revista Brasileira de Educação, v. 18, n. 54, p. 643–660, 2013. Disponível em: https://bit.ly/3WD0gKi. Acesso em: 3 maio 2025.
NAVES, Janeth de Oliveira Silva et al. Automedicação: uma abordagem qualitativa de suas motivações. Ciência & Saúde Coletiva, v. 15, p. 1751-1762, 2010.
PATTO, Maria Helena Souza. Mordaças sonoras: a Psicologia e o silenciamento da expressão. In: PATTO, Maria Helena Souza. Exercícios de indignação: escritos de educação e psicologia. 1. ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2005. p. 95-106.
RODRIGUES, Laís de Aquino et al. Uso não prescrito de metilfenidato por estudantes de uma universidade brasileira: fatores associados, conhecimentos, motivações e percepções. Cadernos Saúde Coletiva, v. 29, n. 4, p. 463-473, 2021.
RODRIGUES, Thais de Sousa; SILVA, Silvia Maria Cintra da. Medicalização, dislexia e TDA/H no ensino superior: contribuições da psicologia histórico-cultural. Psicologia em Estudo, v. 26, p. e46549, 2021.
SAVIANI, Dermeval. Escola e democracia. 43. ed. rev. Campinas: Autores Associados, 2018. SILVA, P. J. da; LIMA, A. B. de. O oportunismo neoliberal na pandemia de 2020: a nova morfologia da educação e a superexploração do trabalho docente. Movimento: Revista de Educação, 2020.
TULESKI, S. C. et al. Tem remédio para a educação? Considerações da psicologia histórico-cultural. Práxis Educacional, Vitória da Conquista, v. 15, n. 36, p. 154-177, 2019. DOI: https://doi.org/10.22481/praxisedu.v15i36.5863. Disponível em: https://periodicos2.uesb.br/index.php/praxis/article/view/5863. Acesso em: 11 nov. 2024.
VIÉGAS, L. de S.; FELÍCIO DE OLIVEIRA, A. R. TDAH: conceitos vagos, existência duvidosa. Nuances: Estudos sobre Educação, Presidente Prudente, v. 25, n. 1, p. 39–58, 2014. DOI: https://doi.org/10.14572/nuances.v25i1.2736. Disponível em: https://revista.fct.unesp.br/index.php/Nuances/article/view/2736. Acesso em: 11 nov. 2024.
VIGOTSKI, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1991.
VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. 6. ed. Tradução: J. C. Neto, L. S. M. Barreto, S. C. Afeche. São Paulo: Martins Fontes, 1999. (Texto original publicado no Brasil em 1984).
VYGOTSKY, L. S. Obras escogidas: tomo III – Historia del desarrollo de las funciones psíquicas superiores. 1931. Disponível em: http://www.taringa.net/perfil/vygotsky. Acesso em: 31 mar. 2025
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Kessiane Sales Izidim da Silva, Maria da Apresentação Barreto

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Português (Brasil)
English
Español (España)