“Elas ensinam a gente”: como e porque pensar a amizade nas experiências travestis

Autores

  • Rafael França Gonçalves dos Santos

Resumo

A ideia deste escrito é apresentar as reflexões iniciais de uma pesquisa em curso sobre a amizade e as experiências travestis em Campos dos Goytacazes, cidade localizada no norte fluminense. Desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, é um desdobramento da investigação iniciada no mestrado, na qual problematizei a experiência de travestis nos circuitos da prostituição de rua nesta mesma cidade. Tanto no senso comum, como em muitos trabalhos acadêmicos, a imagem das travestis é habitualmente ligada à prostituição e aos processos de violência e marginalização. Esta constatação foi um dos disparadores que me fizeram questionar sobre outras dimensões que envolvem as experiências travestis. Um elemento muito presente nas falas delas foi a presença das amigas; a partir disso me propus a indagar sobre a importância das amizades nos processos de subjetivação, pois acredito que isto pode evidenciar, de forma problematizadora, uma histórica possibilidade de invenção de si, da constituição de modos de existência que não estejam limitados ao enquadramento no repertório exclusivo da marginalidade e dissidência. Desse modo, penso ser possível contribuir para a superação da visão que comumente vitimiza e execra as travestis. Uma análise histórica que visibilize as experiências constituídas nas e pelas relações de amizade, que constituem e dão sentido às travestis e às travestilidades, põe em relevo a formação de um tecido afetivo que permite e potencializa a continuação das diversas formas de vida, pode contribuir para outros olhares sobre elas, talvez menos estigmatizadores e vitimistas.

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Publicado

24-02-2017

Como Citar

SANTOS, R. F. G. dos. “Elas ensinam a gente”: como e porque pensar a amizade nas experiências travestis. Equatorial – Revista do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, [S. l.], v. 2, n. 3, p. 36–54, 2017. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/equatorial/article/view/14901. Acesso em: 18 nov. 2024.