Rosa dos ventos no peito: mulheres, viagens e contracultura

Autores

  • Leon Kaminski UFSJ
  • Danusa Vieira UFPEL

DOI:

https://doi.org/10.21680/2446-5674.2020v7n12ID18614

Palavras-chave:

Viagens, Gênero, Contracultura, História, Antropologia

Resumo

Nas décadas de 1960 e 1970, era possível ver jovens viajando de carona, com mochilas às costas. Eram os tempos da contracultura, em que parte da juventude procurava construir estilos de vida alternativos, e viajar era visto como uma prática que permitia “cair fora” do sistema. Neste artigo, procuramos analisar a presença das mulheres no universo das viagens contraculturais, discutindo as relações de gênero implicadas no contexto da vida estradeira e de suas práticas. Ao trazer para o contexto brasileiro, buscamos entender quem são essas mochileiras, suas motivações, suas táticas específicas, apresentando a conjuntura que possibilitou a essas mulheres transgredir os estereótipos do feminino, em uma sociedade que sofria profundas transformações.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ADLER, Judith. Youth on the road: reflections on the history of tramping. Annals of Tourism Research, v.12, p.335-354, 1985.

ADLER, Judith. Travel as performed art. American Journal of Sociology, v.94, n.6, p.1336-1391, mai. 1989.

ALVES, José Eustáquio et al. Meio século de feminismo e o empoderamento das mulheres no contexto das transformações sociodemográficas do Brasil. In: BLAY, Eva; AVELAR, Lúcia (orgs.). 50 anos de feminismo: Argentina, Brasil e Chile. São Paulo: Edusp, 2019, p.15-54.

AS PESSOAS não transavam com o mar: depoimento de um muito conhecido viajante sobre as agruras e amarguras, alegrias e verdades das estradas. 2001, Rio de Janeiro, ano 1, n.1, [ca. 1971], p.34-38.

ASPAHAM, Sérgio; GODINHO, Márcio. Mochileiros nos anos de chumbo: diário de viagem de dois estudantes de jornalismo no Brasil da ditadura militar. Belo Horizonte: Duplo Ofício, 2013.

BUTLER, Judith. Corpos que pesam: sobre os limites discursivos do sexo. In: LOURO, Guacira Lopes (org.). O Corpo Educado: pedagogias da sexualidade. Belo Horizonte: Autêntica, 1999, p.151-172.

CARDOSO, Joaquim. Um Marco Polo à brasileira dá a volta ao mundo: reminiscências de viagem. Niterói: Cromos, 1989

CLIFFORD, James. Travelling Cultures. In: GROSSBERG et all (eds.). Cultural Studies. New York: Routledge, 1992, p.96-116.

CLIFFORD, James. Itinerarios transculturales. Barcelona: Gedisa, 1999.

COELHO, Cláudio Novaes Pinto. A contracultura: o outro lado da modernização autoritária. In: RISÉRIO, Antonio et al. Anos 70: trajetórias. São Paulo: Iluminuras/Itaú Cultural, 2005, p.39-44.

CRENSHAW, Kimberle. Demarginalizing the intersection of race and sex: a black feminist critique of antidiscrimination doctrine, feminist theory and antiracist politics. University of Chicago Legal Forum, v.1989, n.1.

DAVIS, Angela. Mulheres, raça e classe. São Paulo: Boitempo, 2016.

DIAS, Lucy. Anos 70: enquanto corria a barca. São Paulo: Senac, 2003.

DUAS garotas foram detidas ao pedirem um doce. Diário do Paraná, Curitiba, 26 out. 1969, 2º cad., p.10.

GANSER, Alexandra. On the asphalt frontier: american women’s road narratives, spatiality, and

transgression. Journal of International Women's Studies, v.7, n.4, p.153-167, 2006.

GREENLEY, James R.; RICE, David G. Female hitchhiking: strain, control, and subcultural

approaches. Sociological Focus, v.7, n.1, p.87-100, 1974.

HAVE, Paul ten. The counter culture on the move: a field study of youth tourists in Amsterdam. Mens & Maatschappij, v.49, n.3, p.297-315,1974.

HIPPIES estiveram em maus lençóis por aqui. Diário de Notícias, Porto Alegre, 08 ago. 1969, p.8.

HIPPIES sem paz. Veja, São Paulo, n.78, 04 mar. 1970, p.70.

IGBE. Anuário Estatístico do Brasil – 1970.

IBGE. Anuário Estatístico do Brasil – 1980.

JOYCE. “Feminina”. In: JOYCE. Feminina. LP. Odeon, 1980.

KEHL, Maria Rita. As duas décadas de 1970. In: RISÉRIO, Antonio et al. Anos 70: trajetórias. São Paulo: Iluminuras/Itaú Cultural, 2005, p.31-38.

KEROUAC, Jack. On the Road – pé na estrada. Porto Alegre: L&PM, 2009.

KEROUAC, Jack. Os vagabundos iluminados. Porto Alegre: L&PM, 2011.

LONGHI, Carla. Cultura e costumes: um campo em disputa. Antíteses, v.8, n.15, p.197-218, 2015.

MACEDO, Joel. A Estrada. A Pomba, Rio de Janeiro, n.6, [ca. 1971], p.30-34.

MACEDO, Joel. Tatuagem: histórias de uma geração na estrada. Rio de Janeiro: JMF, 2019.

MAHOOD, Linda. Hitchin’ a ride in the 1970s: canadian youth culture and the romance with mobility. Histoire Sociale/Social History, v.47, n.93, p.205-227, mai. 2014.

MAIA, Maria Manuela Alves. Fragmentos de memória hippie no Rio de Janeiro: uma abordagem da história oral – 1968-1974. Dissertação (Mestrado em Memória Social), Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2000.

MCLUHAN, Marshall. Os meios de comunicação como extensões do homem. São Paulo: Cultrix, s/d.

MONTENEGRO, Ana. Ser ou não ser feminista? Recife: Cadernos Guararapes, 1981.

MOTTA, Rodrigo Patto Sá. As universidade e o regime militar: cultura política brasileira e a modernização autoritária. Rio de Janeiro: Zahar, 2014.

MUKERJI, Chandra. Bullshitting: road among hitchhikers. Social Problems, v.25, n.3, p.241-252, 1978.

PARSONS, Talcott. The Social System. London: Routledge, 2005.

PISCITELLI, Adriana. “#queroviajarsozinhasemmedo”: novos registros das articulações entre gênero, sexualidade e violência no Brasil. Cadernos Pagu, n.50, 2017.

POLÍCIA caça grupo que levou menores. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, 12 out. 1969, p.16.

POLÍCIA procura moça que fugiu com “hippie”. Diário de Notícias, Porto Alegre, 27 jun. 1968, p.8.

RIBEIRO, Djamila. O que é lugar de fala? Belo Horizonte: Letramento; Justificando, 2017.

ROSZAK, Theodore. The making of a counter culture: reflections on the technocratic society and its youthful opposition. New York: Anchor Books, 1969.

SAHLINS, Marshall. A sociedade afluente original. In: Cultura na prática. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2007, p.105-152.

SARTI, Cynthia Andersen. O feminismo brasileiro desde os anos 1970: revisitando uma trajetória. Estudos Feministas, Florianópolis, v. 12, n. 2, p. 35, jan. 2004.

SOARES, Arlete. NÓBREGA, Cida. Caminhos da Índia. Salvador: Corrupio, 2000.

SOIHET, Rachel. Zombaria como arma antifeminista: instrumento conservador entre libertários. Estudos Feministas, v.13, n.3, p.591-612, 2005.

TEAS, Jane. “I’m studying monkeys; what do you do?” - youth and travelers. Nepal. KAS Papers, n.67-68, p.35-41, 1988.

TEIXEIRA JÚNIOR, Antônio; NEVES, Paulo. Hippies em festival louco. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, 02-03 nov. 1969a, p.13.

TEIXEIRA JÚNIOR, Antônio; NEVES, Paulo. Hippies em festival louco. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, 04 nov. 1969b, p.9.

TEIXEIRA JÚNIOR, Antônio; NEVES, Paulo. Não vale a pena ser hippie. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, 09-10 nov. 1969c, p.18-19.

TELES, Maria Amélia de Almeida. Breve história do feminismo no Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1999.

TURNER, Víctor. O Processo Ritual: estrutura e anti-estrutura. Petrópolis: Vozes, 1974.

VENAYRE, Sylvain. A virilidade ambígua do aventureiro. In: CORBIN, Alain; COURTINE, Jean-Jacques; VIGARELLO, Georges (orgs.). História da Virilidade. v.3: A virilidade em crise? Séculos XX-XXI. Petrópolis: Vozes, 2013, p.394-423.

VIEIRA, Beatriz de Moraes. A palavra perplexa: experiência histórica e poesia no Brasil nos anos 1970. Tese (Doutorado em História) – Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2007.

VIRASORO, Mónica. Contracultura. In: BIAGINI, Hugo; ROIG, Arturo Andrés (orgs.). Diccionario del pensamiento alternativo. Buenos Aires: Biblos, 2008, p.128-130.

VOGT, Jay W. Wandering: youth and travel behavior. Annals of Tourism Research, v.4, n.1, p.25-41, set.-out. 1976.

WATTS, Allan et al. Drop out! In: COHN, Sérgio; PIMENTA, Heyk (orgs.). Maio de 68. Rio de Janeiro: Beco da Azougue, 2008, p.136-181.

WEBER, Regina. Os rapazes da RS-030: jovens metropolitanos nos anos 80. Porto Alegre: Ed. Ufrgs, 2004.

WOLFF, Janet. On the road again: Metaphors of travel in cultural criticismo. Cultural Studies, v.7, n2, p.224-239, 1993.

XAVIER, Angela Leite. Olhos de estrela: chaska ñawi. Ouro Preto: Edição da Autora, 2011.

Downloads

Publicado

27-02-2020

Como Citar

KAMINSKI, L.; VIEIRA, D. Rosa dos ventos no peito: mulheres, viagens e contracultura . Equatorial – Revista do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, [S. l.], v. 7, n. 12, p. 1–29, 2020. DOI: 10.21680/2446-5674.2020v7n12ID18614. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/equatorial/article/view/18614. Acesso em: 19 abr. 2024.