“Pra quem é boy, já é legalizado”
desigualdades nos acessos à maconha a partir de uma etnografia com cultivadores de Sergipe e do Rio de Janeiro
DOI:
https://doi.org/10.21680/2446-5674.2025v12n22ID37168Palavras-chave:
Maconha, Políticas sobre drogas, Justiça Criminal, Antropologia do direitoResumo
Este relato etnográfico é parte de pesquisa de mestrado que realizei entre 2023 e 2025, cujo foco foram as práticas de cultivo e de acesso à maconha no Brasil, mais especificamente com interlocutores dos estados do Rio de Janeiro e Sergipe. Utilizo entrevistas com esses interlocutores, os quais compartilharam histórias sobre o início e a manutenção do saber técnico de cultivo, demonstrando as disputas envolvendo a comercialização dos derivados de maconha no mercado legal e ilegal. Neste texto, apresento um relato em que descrevo minha experiência pessoal de tornar-me um “paciente medicinal” de maconha no Brasil, abordando os procedimentos burocráticos de acesso efetivo ao produto, os custos e o início do tratamento médico. A interação com cultivadores da planta e a experiência pessoal como paciente possibilitou a compreensão sobre as redes de conhecimentos, culturas e trocas relacionadas à circulação dos produtos derivados da cannabis, como também possibilitou observar as disputas e as contradições nas políticas públicas sobre drogas, em específico, externalizando as desigualdades no acesso à maconha no Brasil.
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