Por uma ética pajubariana: a potência epistemológica das travestis intelectuais

Autores

  • Sofia Favero UFRGS

DOI:

https://doi.org/10.21680/2446-5674.2020v7n12ID18520

Palavras-chave:

Travestis, Gênero, Pesquisa, Cosmologia

Resumo

O presente artigo analisa o deslocamento da posição de “pesquisadas” para a de “pesquisadoras” que tem sido empreendido pelas travestis intelectuais brasileiras. Para discutir essa questão, retoma algumas construções teóricas acerca dos saberes localizados, mas coloca em análise a fragilidade ontológica do conceito de local de fala. Nesse sentido, entende que é necessária a criação de uma ética capaz de conjugar os esquemas linguísticos e cosmológicos das travestis com o cenário científico que se desdobra na atualidade.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ANZALDÚA, Gloria. La conciencia de la mestiza: rumo a uma nova consciência. Rev. Estud. Fem., Florianópolis , v. 13, n. 3, p. 704-719, Dec. 2005.

ARÁN, Márcia. O AVESSO DO AVESSO: feminilidade e novas formas de subjetivação. Rio de Janeiro: Garamond, 2006.

BENEDETTI, Marcos Renato. Toda feita: o corpo e o gênero das travestis. Rio de Janeiro: Garamond, 2005.

BENJAMIN, Harry. The Transsexual Phenomenon. New York: Julian Press, 1966.

BENTO, Berenice. A reinvenção do corpo: sexualidade e gênero na experiência transexual. Rio de Janeiro, Garamond, 2006.

BENTO, Berenice; PELUCIO, Larissa. Vivências trans: desafios, dissidências e conformações - apresentação. Rev. Estud. Fem., Florianópolis , v. 20, n. 2, p. 485-488, Aug. 2012.

BRAH, Avtar. Diferença, diversidade, diferenciação. Cadernos Pagu, Campinas, n. 26, p. 329-376, Junho, 2006.

BRAH, Avtar; PHOENIX, Ann. Ain’t a Woman? Revisiting Intersectionality. Journal of International Women’s Studies. v.5, n.3, p.75-86, 2004.

BUTLER, Judith. Cuerpos que Importan: sobre los limites materiales y discursivos del “sexo”. -2ª ed. 2ª reimp. – Buenos Aires: Paidós, 2012.

______. Problemas de gênero: Feminismo e subversão da identidade; tradução Renato Aguiar. – 8ªed – Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2015a.

______. Relatar a si mesmo: crítica da violência ética. Tradução de Rogério Bettoni. Belo Horizonte: Autêntica, 2015b.

CANGUILHEM, Georges. Aspectos do Vitalismo. In: O Conhecimento da Vida. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2012. (P. 85-105).

COACCI, Thiago. Encontrando o transfeminismo brasileiro: um mapeamento preliminar de uma corrente em ascensão. História Agora. nº 15, 2014, pp.134-161.

COLLINS, Patricia. Black Feminist thought: knowledge, consciousness and the politics of empowerment. Nova York: Routledge, 2000.

CRENSHAW, Kimberle. Demarginalizing the Intersection of Race and Sex: A Black Feminist Critique of Antidicrimination Doctrine, Feminist Theory and Anti-racist Politics. University of Chicago Legal Forim, p. 139-167, 1989.

EVARISTO, Conceição. Becos da memória. Belo Horizonte: Mazza, 2006.

FASSIN, Didier. Gobernar por los cuerpos, políticas de reconocimiento hacia los pobres y los inmigrantes en Francia. Cuadernos de Antropología Social, 2003.

FERNANDES, Felipe. Assassinatos de travestis e "pais de santo" no Brasil: homofobia, transfobia e intolerância religiosa. Saúde debate, Rio de Janeiro, v. 37, n. 98, p. 485-492, Sept. 2013.

FOUCAULT, Michel. Discorso e verità nella Grecia antica. Edizione italiana a cura diAdelina Galeotti. Introduzione di Remo Bodei. Roma: Donzelli, 1997.

HARAWAY, Donna. Saberes localizados: a questão da ciência para o feminismo e o privilégio da perspectiva parcial. Cadernos Pagu, (5), 7-41, 1995.

______. Manifesto ciborgue: ciência, tecnologia e feminismo-socialista no final do século XX. In: SILVA, Tomaz Tadeu da (Org.). Antropologia do ciborgue. Belo Horizonte: Autêntica, 2000. p. 37-129.

JESUS, Jaqueline. Homofobia: identificar e prevenir. 1 ed. Rio de Janeiro: Metanoia, 2015.

KULICK, Don. Travesti: sex, gender and culture among Brazilian transgendered prostitutes. Chicago, The University of Chicago Press, 1998.

LIMA, Carlos. Linguagens pajubeyras: re(ex)istência cultural e subversão da heteronormatividade. Salvador: Devires, 2017.

LIONÇO, Tatiana. Um olhar sobre a transexualidade a partir da perspectiva da tensionalidade somato-psiquica. Brasília. 2006. 158 f. Tese (Doutorado em Psicologia)-Universidade de Brasília, Brasília, 2006.

MARACCI, João; FAVERO, Sofia; MACHADO, Paula. “Cada comprimido é uma reivindicação de posse”: ativismo e identidade no documentário Meu corpo é político. DOC ON-LINE, v. 25, p. 47-63, 2019.

MARCONI, Dieison. Bichas intelectuais: um manifesto pelos saberes localizados. Cadernos de Comunicação (UFSM), v. 21, p. 54, 2017.

MOIRA, Amara. - E se eu fosse puta. São Paulo: Hoo, 2016.

MORAES, Fabiana. O nascimento de Joicy -Transexualidade, jornalismo e os limites entre repórter e personagem. 1.ed. Porto Alegre: Arquipélago Editorial, 2015.

NERY, João. Viagem solitária. Memórias de um transexual 30 anos depois. São Paulo: Leya, 2011.

NOGUEIRA, Conceição. Interseccionalidade e psicologia feminista. Salvador: Editora Devires, 2017.

OLIVEIRA, Neuza Maria de. Damas de paus: o jogo aberto dos travestis no espelho da mulher. Salvador, Centro Editorial e Didático da UFBA, 1994.

POCAHY, Fernando. “Pesquisa –aquendação”: derivas de uma epistemologia libertina, 2013.

REDDIT. Uma moça trans deixou seu currículo no supermercado, esse foi o retorno que ela recebeu, 2019. Disponível em: <https://www.reddit.com/r/brasil/comments/cnnq1z/uma_mo%C3%A7a_trans_deixou_seu_curr%C3%ADculo_no/>. Acesso em 14 de Agosto de 2019.

RIBEIRO, Djamila. O que é lugar de fala?. Belo Horizonte (MG): Letramento, 2017.

SCOTT, Joan W. Experiência. In SILVA, Alcione Leite da; LAGO, Mara Coelho de Souza e RAMOS, Tânia Regina Oliveira (orgs.). Falas de Gênero – Teorias, análises, leituras. Editora Mulheres: Ilha de Santa Catarina, 1999.

SILVA, Hélio. Travesti, a Invenção do Feminino. Rio de Janeiro, Relume-Dumará, ISER, 1993.

SPIVAK, Gayatri. Pode o subalterno falar? Tradução de Sandra Regina Goulart Almeida, Marcos Pereira Feitosa e André Pereira Feitosa. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010 [1985].

VERGUEIRO, Viviane. Por inflexões decoloniais de corpos e identidades de gênero inconformes: uma análise autoetnográfica da cisgeneridade como normatividade. Salvador, 2016. Dissertação de mestrado. Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade, Universidade Federal da Bahia.

Downloads

Publicado

27-02-2020

Como Citar

FAVERO, S. Por uma ética pajubariana: a potência epistemológica das travestis intelectuais. Equatorial – Revista do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, [S. l.], v. 7, n. 12, p. 1–22, 2020. DOI: 10.21680/2446-5674.2020v7n12ID18520. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/equatorial/article/view/18520. Acesso em: 19 abr. 2024.