A rotina extraordinária da comunidade de Paracatu de Baixo (MG) após o rompimento da barragem de Fundão

Autores

  • Gabriela de Paula Marcurio UFSCar

DOI:

https://doi.org/10.21680/2446-5674.2020v7n13ID19504

Palavras-chave:

comunidade, tempo, reunião, desastre, minas gerais

Resumo

Descrevo a rotina da comunidade de Paracatu de Baixo, em Mariana, Minas Gerais, atingida pelo rompimento da barragem de rejeitos minerais de Fundão, em 2015. Os moradores foram deslocados compulsoriamente da zona rural para a sede municipal, sem a possiblidade de desempenhar seus modos de vida caracterizados, especialmente, pelo trabalho na roça. Meu argumento é que o cotidiano não foi restabelecido após o desastre, sendo que a rotina é marcada pelo extraordinário. A partir da pesquisa de campo, analiso a categoria ‘atingido’ e as reuniões com a assessoria técnica e com os representantes das mineradoras responsáveis pelo desastre. Por fim, mostro algumas estratégias dos moradores para lidarem com o tempo dissociado da terra natal.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ACSELRAD, Henri. Mariana, novembro de 2015: a genealogia política de um desastre. In: ZHOURI, Andréa (org.). Mineração, violências e resistências. Marabá: Editorial iGuana, ABA, 2018, pp. 155-174

BROWN, Hannah; REED, Adam; YARROW, Thomas. Introduction: towards an ethnography of meeting. Journal of the Royal Anthropological Institute, v. 23, n. S1, p. 10-26, 2017.

CALIS, Juan; FULLER, Claudia; LAGOS, Vanesa; DÍAZ CROVETTO, Gonzalo. Riesgo, Territorio e Instituciones en la Antropología de las Catástrofes. Aportes a una perspectiva en construcción. Papeles de Trabajo, Centro de Estudios Interdisciplinarios en Etnolingüística y Antropología Socio-Cultural, n. 34, dic. 2017.

COMERFORD, John Cunha. Reuniões camponesas, sociabilidade e lutas simbólicas. In: PEIRANO, Mariza (org.). O dito e o feito: ensaios de antropologia dos rituais. Rio de Janeiro: Relume Dumará, Núcleo de Antropologia da Política/UFRJ, 2002, pp. 149-169.

________. Como uma família: sociabilidade, territórios de parentesco e sindicalismo rural. Rio de Janeiro: Relume Dumará, Núcleo de Antropologia da Política/UFRJ, 2003.

DAS, Veena. Critical Events: An Anthropological Perspective on Contemporary India. USA: Oxford University Press, 1997.

DAWSEY, John Cowart. “Caindo na cana” com Marilyn Monroe: tempo, espaço e “bóias-frias”. Revista de Antropologia, USP, v. 40, n. 1, 1997.

DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Proposição XIV: Axiomática e Situação Atual. ________. Mil Platôs - 5. São Paulo: Ed. 34, 1997, pp. 161-177.

KIRSCH, Stuart. Reverse Anthropology: Indigenous Analysis of Social and Environmental Relations in New Guinea. Stanford, CA: Stanford University Press, 2006.

________. Mining capitalism: The relationship between Corporations and their critics. Oakland: University of California Press, 2014.

KRENAK, Ailton. Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.

MANTOVANELLI, Thais. Os Xikrin de Bacajá e a Usina Hidrelétrica de Belo Monte: uma crítica indígena à política dos brancos. 2016. 258 f. Tese (Doutorado em Antropologia Social) - Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2016.

MORAWSKA VIANNA, Catarina. A trilha de papéis da usina hidrelétrica de Belo Monte: tecnologias de cálculo e a obliteração da perspectiva dos povos impactados. Revista Anthropologicas, ano 18, v. 25, n. 2, pp. 22-40, 2014.

OLIVER-SMITH, Anthony. “What is a disaster?”: Anthropological perspectives on a persistent question. In:________; HOFFMAN, Susanna F. (Ed.) The Angry Earth. New York: Routledge, 1999.

PALMEIRA, Moacir. Feira e mudança econômica. Vibrant, v. 11, n. 1, 2013 [1971].

PEIRANO, Mariza. Prefácio; A análise antropológica de rituais. In.:______(org.) O dito e o feito: ensaios de antropologia dos rituais. Rio de Janeiro: Relume Dumará, Núcleo da Antropologia da Política, UFRJ, 2002, pp. 7-41.

RILES, Annelise. Outputs: the promises and perils of ethnographic engagement after the loss of feith in transnational dialogue. In: Special Issue: Meetings: ethnographies of organizational process, bureaucracy, and assembly. Journal of the Royal Anthropological Institute, v. 23, n. S1, p. 1026, 2017.

STENGERS, Isabelle. No tempo das catástrofes: resistir à barbárie que se aproxima. São Paulo: Cosac Naify, 2015.

STRATHERN, Marilyn. O efeito etnográfico e outros ensaios. São Paulo: Cosac & Naify, 2014.

SWORD-DANIELS, Victoria; ERIKSEN, Christine; HUDSON-DOYLE, Emma E.; ALANIZ, Ryan; ADLER, Carolina; SCHENK, Todd Schenk; VALLANCE, Suzanne. Embodied uncertainty: living with complexity and natural hazards. Journal of Risk Research, Estados Unidos, 2016. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1080/13669877.2016.1200659. Acesso em: 10/12/18.

TADDEI, Renzo. O lugar do saber local (sobre ambiente e desastres). In: Riscos de desastres relacionados à água. São Carlos: RiMa Editora, pp. 311-325, 2015.

TAMBIAH, Stanley Jeyaraja. Culture, Thought, and Social Action. An Anthropological Perspective. Cambridge, Mass.: Harvard University Press, 1985.

WOLF, Eric R. Aspects of Group Relations in a Complex Society. American Anthropologist., v. 58, 1065-1078, 1956.

WOORTMANN, Ellen F. Da complementaridade à dependência: espaço, tempo e gênero em comunidades “pesqueiras” do Nordeste. Revista Brasileira de Ciências Sociais, n. 18, ano 7, pp. 41-61, 1991.

ZHOURI, Andréa. Introdução. In:________(org.). Mineração, violências e resistências: um campo aberto a produção de conhecimento no Brasil. 1ª ed., Marabá: Editorial iGuana; ABA, 2018.

Downloads

Publicado

05-06-2020

Como Citar

DE PAULA MARCURIO, G. A rotina extraordinária da comunidade de Paracatu de Baixo (MG) após o rompimento da barragem de Fundão. Equatorial – Revista do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, [S. l.], v. 7, n. 13, p. 1–23, 2020. DOI: 10.21680/2446-5674.2020v7n13ID19504. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/equatorial/article/view/19504. Acesso em: 28 mar. 2024.