História das doenças e produção de espaços

25-06-2020

A Equipe Editorial da Revista Espacialidades convida a comunidade acadêmica para apresentar propostas de publicação para o dossiê: História das doenças e produção de espaços.

O estudo da História tem nos mostrado que as doenças têm acompanhado as sociedades humanas em diferentes momentos e lugares. Em alguns casos, elas já causaram devastações tão grandes à humanidade quanto guerras e outras catástrofes naturais. Para ficarmos nos eventos mais conhecidos da história da humanidade e mais devastadores, podemos citar: a Peste de Atenas (430 a.C.); a Peste de Justino (541 – 549); a Peste Bubônica, vulgarmente conhecida como Peste Negra (1347 – 1351); e todos os ciclos de surtos epidêmicos de gripe e pandemias de vírus, de 1510, 1889, 1918 e a atual experiência com a COVID-19.

Doenças sazonais e pandemias causaram alterações nas formas como diferentes grupos humanos relacionavam-se num determinado período da história, assim como modificaram o modo como essas sociedades organizavam seus espaços a partir de suas próprias necessidades, podendo ser em função da economia, da política, da religião, da cultura, da densidade demográfica, da estrutura social, das técnicas, das doenças etc. Tal como afirmou o geógrafo sino-americano Yi-Fu Tuan, nós compreendemos que o espaço é uma construção humana. O conceito de espaço não pode ser pensado somente como cenário estático ou imóvel onde ocorrem as relações sociais, mas como resultado de uma relação dialética, portanto, devemos refletir como o homem atua no espaço e também como o espaço exerce influência sobre ele.

Nesse sentido, o objetivo do presente dossiê temático História das doenças e produção de espaços é publicar pesquisas que discutam a relação entre história, espaços e doenças ao longo dos diferentes períodos da história. Serão avaliados os trabalhos que versem sobre como as patologias alteram as dinâmicas sociais e os seus mais variados aspectos, no âmbito político, cultural, educacional, econômico, religioso, entre outros; trabalhos que abordem a relação entre os movimentos migratórios de diferentes grupos humanos e as doenças; que analisem a forma como o Estado tratou e trata o problema das enfermidades, seja na criação de políticas públicas (legislação sanitária, projetos sociais de cunho higienista, eugênico, formas de quarentenas, de isolamento social) ou na construção de diversos espaços para tratamento, cura ou segregação dos doentes como o Asclepion (templos de cura na Grécia Antiga), leprosários, sanatórios, manicômios, hospitais, cemitérios, necrotérios, entre outros; e pesquisas que lidam com a questão do ensino em tempos de isolamento social. As discussões entre a sociedade, doenças e as diversas espacialidades criadas para tratamento, cura e segregações de enfermos, assim como as várias formas de interações sociais em momentos de crise causadas por epidemias ou pandemias, permitem uma reflexão do próprio entendimento humano sobre a saúde e seu corpo social.

O primeiro volume do ano de 2021 da Revista Espacialidades pretende divulgar artigos que versem sobre essas múltiplas relações da História com as enfermidades, ligadas pelo escopo da Revista, qual seja, a discussão dos mais diversos conteúdos e métodos que perpassam as espacialidades, envolvendo questões ligadas ao higienismo, quarentena, estigmas sociais e rituais de cura e purificação do corpo e da alma. Também serão aceitos artigos de temática livre que atendam ao escopo da Revista, concernentes aos conceitos espaciais (território, espaço, lugar, paisagem, deslocamento, domínio, fronteira, horizonte, etc) e suas múltiplas relações com o tempo e com os agentes humanos. Além disso, serão aceitas resenhas, traduções e transcrições de fontes que contemplem as categorias espaciais.

Data limite para propostas: 25 de julho de 2020.

Para maiores informações: https://periodicos.ufrn.br/espacialidades ou espacialidades@gmail.com