DO IMPÉRIO À REPÚBLICA

As epidemias justificadoras da estigmatização e segregação espacial na cidade do Rio de Janeiro.

Autores

  • Patrick Silva dos Santos Universidade Federal Fluminense

DOI:

https://doi.org/10.21680/1984-817X.2021v17n1ID21881

Resumo

Este artigo tem por objetivo fazer uma reflexão crítica em relação aos processos de reorganização da cidade do Rio de Janeiro orientadas ideologicamente pela perspectiva do combate ao outro, “enfermo” e portador a priori das moléstias que assolaram à capital imperial, mais tarde capital da república. As muitas epidemias que eclodiram no Rio de Janeiro, desde os tempos do império foram creditadas aos segmentos populacionais já estigmatizados daquela sociedade: negros, mulatas, mestiços e brancos pobres. Portanto, o que orienta esta reflexão, é como o advento das epidemias, das doenças proporcionaram as populações pobres quando operadas como justificativas ideológicas pelos agentes do Estado. Metodologicamente à análise se utilizou de instrumental histórico-sociológico.

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Publicado

29-03-2021

Como Citar

SILVA DOS SANTOS, P. DO IMPÉRIO À REPÚBLICA: As epidemias justificadoras da estigmatização e segregação espacial na cidade do Rio de Janeiro. Revista Espacialidades, [S. l.], v. 17, n. 1, p. 147–174, 2021. DOI: 10.21680/1984-817X.2021v17n1ID21881. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/espacialidades/article/view/21881. Acesso em: 29 mar. 2024.