"DISSERAM QUE EU NÃO ERA ÍNDIO DE VERDADE": RACISMO CONTRA INDÍGENAS NO SUDOESTE DO PIAUÍ

Abstract

: Este estudo propõe investigar as consequências concretas do discurso que perpetua o suposto desaparecimento dos povos indígenas no Piauí, com foco nos casos dos povos Akroá-Gamella e Gueguê do Sangue. No estado, o processo de deslegitimação das identidades indígenas instaurou um racismo estrutural que questiona sistematicamente a identidade desses povos, tanto pelo poder público quanto pela sociedade não indígena. As narrativas que promovem a invisibilidade dos povos indígenas no Piauí são reforçadas por políticas e práticas que ignoram suas contribuições culturais. Além disso, o discurso da não existência de indígenas no estado é frequentemente utilizado para justificar a apropriação ilegal de terras e recursos naturais, agravando as vulnerabilidades dessas comunidades. A pesquisa analisará casos de racismo enfrentados por essas populações, partindo do pressuposto de que o discurso da não existência promove um epistemicídio legitimado. O objetivo é não apenas documentar as consequências desse apagamento discursivo, mas também evidenciar as estratégias de resistência e mobilização social e política adotadas pelas comunidades afetadas, fortalecendo a denúncia do racismo que atravessa suas realidades. Adotando uma abordagem interdisciplinar, o estudo integrará perspectivas históricas, sociológicas e antropológicas, buscando uma compreensão ampla e sensível das complexas dinâmicas enfrentadas por esses povos. Metodologicamente, fundamenta-se na análise de fontes documentais e orais, permitindo o diálogo entre registros oficiais e saberes tradicionais. Espera-se que, ao final, o estudo contribua para a ampliação do reconhecimento da importância de combater o racismo estrutural e promover o respeito aos direitos das populações indígenas, valorizando sua história, identidade e luta por visibilidade social.

PALAVRAS CHAVE: Povos Indígenas; Piauí; Racismo; Akroá-Gamella; Gueguê do Sangue.