Os personagens na teoria de Bakhtin
DOI:
https://doi.org/10.21680/1983-2435.2019v4n2ID18940Palavras-chave:
Bakhtin, Narrativa, Estrutura narrativa, Figuras humanas, Texto, Diálogo, Dialogismo, Personagem, Psicológico, Psicologia, FreudResumo
Um foco em comum em muitas teorias modernas da literatura é a reavaliação da perspectiva tradicional do personagem em um texto narrativo. A posição que este artigo defende é que uma concepção revisada é necessária para um entendimento dos meios pelos quais o dialogismo se diz funcionar no discurso romanesco. Revisar a noção de dialogismo, no entanto, não envolve descartá-la por completo, como teorias recentes do assunto nos fariam descartar. Também não podemos simplesmente anulá-la em relação a todo conteúdo “psicológico” como sugerido por muitas propostas estruturalistas. Para manter o conceito de Bakhtin da noção de personagem, nós devemos entender o termo “psicológico” no contexto do seu livro sobre Freud. Ao combinar artificialmente as observações isoladas de Bakhtin sobre o personagem literário, chegamos à perspectiva que postula fontes vocais textualizadas no romance. Em tal esquema, uma máxima variabilidade e liberdade é proporcionada para cada fonte separadamente. No entanto, devemos usar o termo “separadamente” com extremo cuidado, pois, nos escritos de Bakhtin, todos aqueles seres que poderíamos considerar como entidades separadas estão, de fato, intrincadamente entrelaçados e inseparáveis. Considerar algo como absolutamente separado implica conhecer intimamente todos os seus limites e possibilidades. Esta é certamente uma capacidade que Bakhtin nos negaria quando se trata de figuras humanas em textos.
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