O fim do mundo ainda demora
novas missivas em nome de Jacques Derrida, a partir da literatura
DOI:
https://doi.org/10.21680/1983-2435.2023v8n2ID31513Palavras-chave:
Jacques Derrida, Luto, Fim do Mundo, Escrita da perdaResumo
O artigo tem três movimentos concomitantes, que buscam se relacionar a partir de uma não sobreposição entre teoria e prática, quando da análise de excertos literários em torno de escritas do luto. Em um primeiro momento, apresentam-se pressupostos derridianos em torno do fim do mundo, não como uma categoria total, ou seja, o Mundo, mas sim de uma equalização segundo a qual, a partir da morte de uma pessoa amada, se chega ao fim de um mundo, específico. Nesse instante, pensa-se, correlato ao primeiro movimento, o segundo, que apresenta certas passagens de O ano do pensamento mágico, de Joan Didion, e Aos prantos no mercado, de Michelle Zauner, de modo tanto a conseguir dar continuidade ao pensamento derridiano, quanto complicá-lo, colocar outras tantas questões à equalização do momento anterior. Por fim, sugere-se o oposto, a partir da noção segundo a qual se entende que o Mundo, quando descrito como um só, é uma versão eurocentrada e Moderna do mesmo, tendo como ápice o Antropoceno, vendo no fim do Mundo uma ideia positiva, bem-vinda, por colocar como fim também a experiência colonial, racista, que sustenta o projeto de Modernidade. Esse movimento é amparado pela obra de Jennette McCurdy, I'm glad my mom died, antes do fim do texto, que arremata os movimentos anteriores e tenta, assim, pensar o fim do mundo como uma chave interpretativa dos vivos, de si para si.
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