A vítima que se torna sedutora

O crime de rapto e de estupro a partir do romance A vida em flor de Dona Bêja

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21680/1983-2435.2023v8nEspecialID31559

Palavras-chave:

Dona Beja, Rapto e Estupro, Representação, Literatura Brasileira

Resumo

Esta pesquisa analisou as representações literárias sobre a violência de gênero construídas sobre Dona Beja no romance histórico A vida em flor de Dona Bêja (1957) do escritor mineiro Agripa Vasconcelos. O romance analisado representa o século XIX, momento histórico marcado pelo patriarcalismo, estrutura social em que o homem detém o poder, autoridade e privilégios. Nesse sistema sociopolítico se esperava das mulheres a subordinação, estivessem elas na condição de mães, filhas ou esposas. Na sociedade patriarcal, percebe-se uma tentativa de dominação masculina sobre as mulheres que se manifestava a partir de diversas formas de violência, o que no romance se expressa através do rapto e estupro da protagonista. Dessa maneira, a partir do romance A vida em flor de Dona Bêja é possível repensar as desigualdades que foram sendo constituídas ao longo da história entre homens e mulheres.

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Biografia do Autor

Vinícius Amarante Nascimento, Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES

Possui graduação em História pela Universidade Estadual de Montes Claros (2011), mestrado em História Social pela Universidade Estadual de Montes Claros (2015), bacharelado em Direito pela Universidade Estadual de Montes Claros (2019), mestrado em Letras/Estudos Literários pela Universidade Estadual de Montes Claros (2023) e atualmente é doutorando em Desenvolvimento Social pela Universidade Estadual de Montes Claros. Tem experiência nas áreas de História Social e Cultural, com pesquisas em discursos políticos sobre o lazer em Montes Claros, também em estudos de processos criminais envolvendo mulheres na condição de rés e em representações sociais/literárias femininas em obras de escritores brasileiros. No Direito possui estudos na pauta LGBTQIA+ que se centram nas mudanças estruturais que devem ocorrer no judiciário tendo em vista a materialização de fato dos Direitos Humanos. Atua principalmente nos seguintes temas: História e Literatura, processos criminais e representações, estudos de gênero e acesso a direitos pela população LGBTQIA+.

Edwirgens Aparecida Ribeiro Lopes de Almeida, Universidade Estadual de Montes Claros

Pós doutora em Literatura Brasileira (UFMG). Doutora em Literatura pela Universidade de Brasília UNB (2010), Doutora em Língua e Literatura espanhola e hispano-americana pela Universidade de São Paulo USP (2013) Mestre em literatura brasileira pela Universidade Federal de Minas Gerais UFMG (2007) e graduada pela Unimontes em Letras Espanhol (2003), graduada em Letras/português, pela Unimes (2015). Professora do Programa de Pós-graduação em Letras/Mestrado e do Departamento de Comunicação e Letras da Universidade Estadual de Montes Claros. Tem experiência na área de Letras, com ênfase nas Literaturas brasileira, espanhola e hispano-americanas atuando principalmente nos seguintes temas: gênero, ficção, história, patriarcalismo, Lúcia Miguel Pereira, Séculos de ouro, formas narrativas dos séculos XVI E XVII espanhol e Cervantes. Membro da Associação Brasileira de Hispanistas (ABH).

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Publicado

30-11-2023

Como Citar

AMARANTE NASCIMENTO, V.; RIBEIRO LOPES DE ALMEIDA, E. A. A vítima que se torna sedutora: O crime de rapto e de estupro a partir do romance A vida em flor de Dona Bêja. Revista Odisseia, [S. l.], v. 8, n. Especial, p. 135–155, 2023. DOI: 10.21680/1983-2435.2023v8nEspecialID31559. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/odisseia/article/view/31559. Acesso em: 22 dez. 2024.