Ofélia mestiça: adaptação pós-colonial no game Elsinore (Golden Glitch, 2019)
DOI:
https://doi.org/10.21680/1983-2435.2024v9n1ID32636Palavras-chave:
Adaptação, Colonialidade, Games, Literatura, ShakespeareResumo
Este artigo analisa o jogo de videogame Elsinore, desenvolvido pelo grupo Golden Glitch em 2019, como um exemplo de adaptação pós-colonial do clássico literário Hamlet de Shakespeare. Por meio da obra de Hutcheon (2013) e Stam (2008), argumenta que a adaptação vai além de uma suposta fidelidade ao texto adaptado e pode ser também uma expressão política que destaca as perspectivas de personagens marginalizados. No jogo, a protagonista, Ofélia, é uma jovem nobre mestiça presa em um loop temporal que o jogador deve desvendar. A análise de Elsinore contribui para a discussão de questões de mestiçagem e pertencimento social a partir da perspectiva dos estudos da colonialidade. Em adição, ajuda a integrar esses debates no contexto dos jogos digitais, contribuindo também para os estudos de adaptação. Por fim, conclui que Elsinore é uma obra que tem valor estético e político, mas que ainda carece de discussões mais profundas sobre seu valor enquanto produção decolonial.
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