Não falei: rememoração narrativa à luz de Walter Benjamin

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21680/1983-2435.2024v9n2ID34353

Palavras-chave:

Não Falei, Beatriz Bracher, Walter Benjamin, memória, literatura brasileira contemporânea

Resumo

Este artigo elege as categorias da rememoração e da memória involuntária para elaboração da análise literária do romance contemporâneo Não Falei, da escritora Beatriz Bracher (2017), tendo por objetivo fazer a leitura do procedimento memorialístico da produção a partir do teórico alemão Walter Benjamin (1987a). Quanto ao método de análise, fundamenta-se a leitura na abordagem integrativa de Antonio Candido (2014), considerando as vinculações entre texto literário e tecido social. Argumenta-se que o narrador-protagonista, no romance citado, procede a uma jornada memorialística capaz de perscrutar a vida familiar na infância, a tragédia pessoal que o acometeu em 1970, quando foi preso e torturado pelos militares, e a culpa com a qual convive por ter sido acusado de delatar o cunhado, assassinado durante a ditadura. Constatou-se, assim, que tais razões motivam, no romance analisado, o surgimento de uma memória involuntária, produtora de uma perspectiva renovada sobre passado e presente.

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Biografia do Autor

Gabriella Kelmer de Menezes Silva, Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Professora substituta no Departamento de Letras da UFRN. Doutora em Estudos da Linguagem na área de Literatura Comparada do Programa de Pós-graduação em Estudos da Linguagem, pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, com a tese "Palavra empalhada, violento caminho: uma leitura de narrativas curtas de Raduan Nassar e Ricardo Daunt". Mestra em Estudos da Linguagem pelo PPGEL/UFRN, com a dissertação "Pra não dizer que Não Falei das dores: violência e silêncio no romance de Beatriz Bracher". Graduada em Letras - Língua Portuguesa. Tem interesse nas áreas de literatura e memória cultural, literatura e sociedade. Trabalha mais comumente com as temáticas da violência e do tensionamento da linguagem no contexto de catástrofes pessoais e históricas na ficção.

Derivaldo dos Santos, Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Possui graduação em Letras (1994) e mestrado em Estudos da Linguagem pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (1998); doutorado em Teoria literária pela Universidade Federal de Pernambuco (2006) e Pós-doutorado pela UFMG (2019). É professor Associado da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, lotado no Departamento de Letras (UFRN); professor colaborador nos cursos de mestrado e doutorado do Programa de Pós-graduação em Estudos da Linguagem (PPgEL/UFRN) e orientador no mestrado profissional (PROFLETRAS/NATAL-RN). 

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Publicado

26-12-2024

Como Citar

KELMER DE MENEZES SILVA, Gabriella; DOS SANTOS, Derivaldo. Não falei: rememoração narrativa à luz de Walter Benjamin. Revista Odisseia, [S. l.], v. 9, n. 2, p. 109–129, 2024. DOI: 10.21680/1983-2435.2024v9n2ID34353. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/odisseia/article/view/34353. Acesso em: 24 dez. 2025.

Edição

Seção

Artigos