O nomadismo como função estética nos contos de Lima Barreto
DOI :
https://doi.org/10.21680/1983-2435.2019v4n2ID18297Mots-clés :
Conto, Estética, Lima Barreto, NomadismoRésumé
O estudo crítico sobre o conjunto da obra de Lima Barreto tem se posicionado, desde Francisco de Assis Barbosa, na década de 1950, passando por estudiosos como Sevcenko (1985), Resende (2004) e, mais recentemente, Schwarcz (2017), na perspectiva de escrita engajada socialmente, em especial com questões ideológica e racial. O objetivo deste trabalho é analisar a produção barretiana sob o viés nômade, o que explicaria a aproximação e a repulsa, em sua obra, a diversos nichos sociais – como o negro, o suburbano, a academia, etc.. Esses paradoxos não conseguem ser explicados pela crítica cultural, pois inserem autor e obra numa redoma ideológica em que os aspectos estéticos do texto não são observados. Nesse sentido, este artigo define e analisa recursos estéticos nos contos de Lima Barreto como primeiro passo de investigação, em seguida, procede-se à análise semântica e contextual e, por fim, à explicação do material em estudo à luz do nomadismo de Flusser (2007). É possível inferir que os elementos estéticos analisados aqui sugerem deslocamentos de valores e assunção de outros – esse gesto nômade cumpre uma função: a arte como elemento de comunhão entre os homens, pois ao se desprender de valores considerados eternos, como, por exemplo, identidade e classe social, eliminam-se também os preconceitos. Nesse sentido, sua escrita é fluida, não se fixando – cultural ou socialmente – em um ponto específico, transita entre estes, como um nômade que precisa cortar os laços com o sectarismo ideológico e manter a distância dos agrupamentos sociais para melhor observar seus paradoxos, pois o que está em jogo não é uma bandeira social, e sim uma defesa estética.
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