O caminho da desumanização
representação da violência social contra a transgeneridade cisheteronormatividade no romance Olho de Boto (2015)
DOI :
https://doi.org/10.21680/1983-2435.2023v8nEspecialID31671Mots-clés :
Olho de Boto (2015), personagem trans, compulsoriedade do modelo cisheteronormativo, representações da violênciaRésumé
No diálogo entre literatura e violência, alguns textos literários proporcionam empatia no leitor diante da violência subjetiva e despertam percepções acerca das formas sistêmicas e simbólicas da violência. Este artigo objetiva analisar no romance Olho de Boto (2015), de Salomão Larêdo, as representações e figurações da violência contra a comunidade LGBTQIA+, as relações com o conservadorismo e autoritarismo contemporâneos e do período da Ditadura Civil-Militar, respectivamente os tempos de produção e representação da obra, e as intertextualidades estabelecidas com a Via Crucis cristã. A narrativa aborda as violências subjetivas, sistêmicas e simbólicas vivenciadas por uma personagem trans que almeja casar-se com o amado e concluir a transição de gênero durante a Ditadura Civil-Militar brasileira. A personagem, vítima da compulsoriedade do modelo cisheteronormativo, somente alcança o objetivo depois da cooptação capitalista deste direito. Os principais aportes teóricos utilizados na análise são Bento (2008), Žižek (2014), Chauí (2017; 2020), Quinalha (2017), Schwarcz (2019).
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