De vogal para semivogal: hiperalçamento vocálico
DOI :
https://doi.org/10.21680/1983-2435.2024v9n2ID35417Mots-clés :
vogal, semivogal, alçamento vocálico, hiperalçamentoRésumé
Esta pesquisa objetiva assentar as semivogais como variantes de vogais no português brasileiro, com base no processo de hiperalçamento. O desenvolvimento do trabalho parte da constatação do estado límbico em que se encontram os segmentos semivocálicos, nas perspectivas de gramáticos normativos e de linguistas. É visto ainda o caráter articulatório-funcional de vogal e de semivogal na constituição de ditongos. Em seguida, há o delineamento do processo de alçamento na língua aplicado à variação entre segmentos vocálicos. Como as semivogais não são contempladas em processo de alçamento, propõem-se o processo de hiperalçamento vocálico para caracterizar formas fonéticas resultantes da variação com ultrapassagem de articulação da área vocálica. A análise desenvolvida fundamenta-se na Geometria de Traços, de Clements e Hume (1995), e na Fonologia Estrutural – delimitada, sobretudo, à descrição fonético-fonológica apresentada por Mattoso Camara Jr. (1988; 2015) para o português brasileiro. A análise do hiperalçamento descrito resulta no entendimento de que as semivogais [j] e [w] variam com vogais anteriores e posteriores arredondadas, respectivamente, atentando para a perda da posição de núcleo de uma vogal. A segmentos semivocálicos podem ser aplicadas duas interpretações articulatórias: (i) a constituição de segmento complexo a partir do acréscimo, na geometria de vogal, de traço(s) de Ponto de Consoante [coronal] ou [labial] e [dorsal]; e (ii) a constituição de segmento consonantal cuja geometria se diferencia da de vogal pela ausência do nó de Abertura. A pesquisa em foco estabelece, então, o hiperalçamento como um motivador para a criação de ditongos no português brasileiro.
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