QUE FATORES ESTÃO ASSOCIADOS A UM MAIOR TEMPO DE ESPERA PARA ATENDIMENTO NOS CENTROS DE ESPECIALIDADES ODONTOLÓGICAS DO BRASIL?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21680/2446-7286.2024v10n3ID36324

Resumo

Introdução: Apesar dos avanços da Política Nacional de Saúde Bucal (PNSB), iniquidades na utilização dos serviços odontológicos persistem, afetando grupos vulneráveis como populações rurais, idosos e pessoas de baixa renda e escolaridade, que enfrentam barreiras significativas de acesso e, consequentemente, piores condições de saúde. Fatores socioeconômicos, tempo de espera e localização geográfica dos centros de saúde, bem como desigualdades sociais a nível municipal, influenciam a utilização desses serviços, revelando a necessidade de intervenções para garantir acesso equitativo. Embora a atenção primária seja mais acessível a esses grupos, a atenção especializada tende a favorecer indivíduos com maior capital social, sugerindo um processo de universalização seletiva. Objetivo: O estudo avaliou os fatores individuais e contextuais associados ao tempo de espera para iniciar o tratamento nos Centros de Especialidades Odontológicas (CEO). Metodologia: As variáveis independentes individuais referem-se aos usuários, enquanto as variáveis contextuais estão associadas ao município do Centro de Especialidades Odontológicas (CEO), utilizando dados secundários do banco de avaliação externa do Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-CEO) do primeiro ciclo, com uma amostra de 8.898 usuários provenientes de 935 CEOs. Resultados: Observou-se que o tempo de espera para atendimento superior a um mês é significativamente maior entre usuários com escolaridade limitada ao ensino fundamental (Razão de Prevalência [RP] = 1,24), aqueles com renda familiar de até um salário mínimo (RP = 1,39) e usuários sem renda (RP = 1,52). Em nível municipal, um maior tempo de espera foi associado a municípios com menor renda per capita média, especificamente para aqueles com renda de até R$ 471,12 (RP = 1,99). Conclusões: Esses dados indicam a presença de desigualdades significativas no tempo de espera por atendimento nos CEOs, ressaltando a necessidade de intervenções que promovam equidade no acesso aos serviços odontológicos.

Palavras-Chave: Especialidades Odontológicas; Atenção Secundária à Saúde; Avaliação em Saúde; Serviços de Saúde Bucal; Acesso aos Serviços de Saúde.

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Biografia do Autor

Luana Maria de Medeiros Lima, Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Graduada em Odontologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Sophia Queiroz Marques dos Santos, Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Mestre em Saúde Coletiva pelo Programa de Pós Graduação em Saúde Coletiva/UFRN.

Maria Helena Rodrigues Galvão, Universidade Federal de Pernambuco - UFPE

Graduada em Odontologia pela Universidade Federal da Paraíba; Mestre e Doutora em Saúde Coletiva pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte; Professora no Curso de Saúde Coletiva da Universidade Federal de Pernambuco .

Angelo Giuseppe Roncalli da Costa Oliveira, Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Coordenador do Programa de Pós Graduação em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio Grande do Norte; Docente do Curso de Odontologia da UFRN.

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Publicado

23-12-2024

Como Citar

LIMA, L. M. de M.; SANTOS, S. Q. M. dos; GALVÃO, M. H. R.; OLIVEIRA, A. G. R. da C. QUE FATORES ESTÃO ASSOCIADOS A UM MAIOR TEMPO DE ESPERA PARA ATENDIMENTO NOS CENTROS DE ESPECIALIDADES ODONTOLÓGICAS DO BRASIL?. Revista Ciência Plural, [S. l.], v. 10, n. 3, p. 1–18, 2024. DOI: 10.21680/2446-7286.2024v10n3ID36324. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/rcp/article/view/36324. Acesso em: 16 fev. 2025.