PADRÕES ESPACIAIS DO ATRASO PARA INÍCIO DO TRATAMENTO DO CÂNCER COLORRETAL NO BRASIL
DOI:
https://doi.org/10.21680/2446-7286.2025v11n3ID40900Abstract
Introdução: O início oportuno do tratamento para o câncer colorretal (CCR) é um fator determinante para a sobrevida dos pacientes e a obtenção de melhores desfechos clínicos. Por isso, reconhecer e considerar as disparidades regionais é essencial no planejamento e na organização da atenção oncológica. Objetivo: Analisar o padrão de distribuição espacial do atraso para início do tratamento CCR no Brasil, no período de 2015 a 2019. Metodologia: Estudo ecológico, realizado com casos de indivíduos com CCR de ambos os sexos, a partir das 133 Regiões Intermediárias de Articulação Urbana (RIAUs) do território brasileiro. O dado referente ao tempo para início do tratamento foi obtido no Integrador de Registros Hospitalares de Câncer (RHC). O desfecho analisado considerou como referência a Lei nº 12.732/2012, que garante o início da terapêutica em até 60 dias para pacientes atendidos pelo Sistema Único de Saúde. Para a análise espacial, foi utilizado o Índice de Moran Global e o Indicador Local de Associação Espacial (LISA). Resultados: A proporção de atraso para início do tratamento foi de 38,0% (IC 95%: 36,2–39,8). As maiores proporções foram observadas nas RIAUs de Campinas, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo, onde o atraso chegou a 100%. Em contraste, as menores proporções foram registradas em Rorainópolis e Tefé (1,0%), Porto Grande (2,0%), Cruzeiro do Sul (3,0%). A análise espacial não indicou agrupamentos geográficos significativos (Índice de Moran = 0,029; p = 0,20). Conclusões: Os resultados indicam a ausência de um padrão espacial significativo para o atraso no início do tratamento do CCR. Ainda assim, a elevada proporção de casos com atraso observadas nas RIAU das regiões Sul e Sudeste do Brasil, reforçam a importância do tratamento oportuno e destaca a necessidade de identificar áreas prioritárias para o aprimoramento das políticas públicas voltadas à melhoria do cuidado oncológico.
Palavras-Chave: Câncer de colón; Câncer de reto; Atraso no Tratamento; Registros Hospitalares; Análise Espacial.
Downloads
References
1. Morgan E, Arnold M., Gini A., Lorenzoni V, Cabasag CJ, Laversanne M., Vignat J, Ferlay J, Murphy N, & Bray F. Global burden of colorectal cancer in 2020 and 2040: incidence and mortality estimates from GLOBOCAN. Gut.2023; 72(2):338–344. doi.org/10.1136/gutjnl-2022-327736
2. Santos MO, Lima FCS, Martins LFL, Oliveira JFP, Almeida LM, Cancela MC. Estimativa de Incidência de Câncer no Brasil, 2023-2025. Rev. Bras. Cancerol. 2023; 69(1):e-213700. https://doi.org/10.32635/2176-9745.RBC.2023v69n1.3700
3. World Cancer Research Fund. Continuous Update Project Expert Report 2018. Diet, nutrition, physical activity and colorectal cancer. American Institute for Cancer Research. 2018. Disponível em: https://www.wcrf.org/wp-content/uploads/2024/10/Colorectal-cancer-report.pdf
4. Brenner H, Chen C. The colorectal cancer epidemic: challenges and opportunities for primary, secondary and tertiary prevention. Br J Cancer. 2018 Oct;119(7):785-792. https://doi.org/10.1038/s41416-018-0264-x
5. Richard ML, Liguori G, Lamas B, Brandi G, da Costa G, Hoffmann TW, et al. Mucosa-associated microbiota dysbiosis in colitis-associated cancer. Gut Microbes. 2018;9(2):131-142. https://doi.org/10.1080/19490976.2017.1379637
6. Brenner H, Altenhofen L, Stock C, Hoffmeister M. Natural history of colorectal adenomas: birth cohort analysis of 3.6 million screening colonoscopy participants. Cancer Epidemiol Biomarkers Prev. 2013;22(6):1043-1051. https://doi.org/10.1158/1055-9965.EPI-13-0162
7. Whittaker TM, Abdelrazek MEG, Fitzpatrick AJ, Froud JLJ, Kelly JR, Williamson JS, Williams GL. Elective colorectal cancer surgery delay and implications for survival: a systematic review and meta-analysis. Colorectal Dis. 2021;23:1699–711. https://doi.org/10.1111/codi.15625
8. Brazil. Lei nº 12.732, de 22 de novembro de 2012.Brasilia, DF, 2012. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12732.htm
9. Hanna TP, King WD, Thibodeau S, Jalink M, Paulin GA, Harvey-Jones E, O'Sullivan DE, Booth CM, Sullivan R, Aggarwal A. Mortality due to cancer treatment delay: systematic review and meta-analysis. BMJ. 2020;371:m4087. https://doi.org/10.1136/bmj.m4087
10. Silva FF, Zandonade E, Zouain-Figueiredo GP. Analysis of childhood leukemia mortality trends in Brazil, from 1980 to 2010. J Pediatr (Rio J). 2014;90(6):587–92. https://doi.org/10.1016/j.jped.2013.12.013
11. Maciel JAC, Castro-Silva II. Mortalidade por câncer de boca frente às desigualdades sociais e o desenvolvimento humano no Brasil: um estudo ecológico. Hygeia. 2021;17:45–54. https://doi.org/10.14393/Hygeia
12. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Divisão regional do Brasil em regiões geográficas imediatas e regiões geográficas intermediárias: 2017. Coordenação de Geografia. Rio de Janeiro: IBGE; 2017. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/geociencias/cartas-e-mapas/redes-geograficas/15778-divisoes-regionais-do-brasil.html
13. World Health Organization (WHO). CID-10: International statistical classification of diseases and related health problems. 10th revision. Geneva: WHO; 1997. Disponível em: https://www.who.int/standards/classifications/classification-of-diseases
14. Brasil. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Integrador RHC – Registro Hospitalar de Câncer. (Acessado em 1 de Out 2024) Disponível em: https://irhc.inca.gov.br/RHCNet/.
15. Câmara G, Carvalho MS, Cruz OG, Correa V. Análise espacial de áreas. (Acessado em 15 Fev 2023). Disponível em: http://www.dpi.inpe.br/gilberto/livro/analise/cap5 areas.pdf
16. Brasil. Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº 510, de 7 de abril de 2016. Dispõe sobre as normas aplicáveis a pesquisas em Ciências Humanas e Sociais. Diário Oficial da União. 2016 maio 24;Seção 1:44. Disponível em: https://www.gov.br/conselho-nacional-de-saude/pt-br/atos-normativos/resolucoes/2016/resolucao-no-510.pdf
17. Castelo M, Paszat L, Hansen BE, et al. Comparing time to diagnosis and treatment between younger and older adults with colorectal cancer: a population-based study. Gastroenterology. 2023;164(7):1152–64. https://doi.org/10.1053/j.gastro.2023.02.024
18. Ling S, Luque Fernandez MA, Quaresma M, Belot A, Rachet B. Inequalities in treatment among patients with colon and rectal cancer: a multistate survival model using data from England national cancer registry 2012–2016. Br J Cancer. 2024;130(1):88–98. https://doi.org/10.1038/s41416-023-02440-6
19. Ungvari Z, Fekete M, Fekete JT, et al. Treatment delay significantly increases mortality in colorectal cancer: a meta-analysis. Geroscience. 2025;47(3):5337–53. https://doi.org/10.1007/s11357-025-01648-z
20. Febbraro M, Gheware A, Kennedy T, Jain D, de Moraes FY, Juergens R. Barriers to access: global variability in implementing treatment advances in lung cancer. Am Soc Clin Oncol Educ Book. 2022;42:1–7. https://doi.org/10.1200/EDBK_351021
21. Velame KT, Antunes JLF. Cancer mortality in childhood and adolescence: analysis of trends and spatial distribution in the 133 intermediate Brazilian regions grouped by macroregions. Rev Bras Epidemiol. 2024;27:e240003. https://doi.org/10.1590/1980-549720240003
22. Cazap E, Magrath I, Kingham TP, et al. Structural barriers to cancer diagnosis and treatment in low- and middle-income countries: the urgent need for expansion. J Clin Oncol. 2016;34:14–19. https://doi.org/10.1200/JCO.2015.61.9189
23. Santos MO, Lima FCS, Martins LFL, Oliveira JFP, Almeida LM, Cancela MC. Estimativa de incidência de câncer no Brasil, 2023-2025. Rev Bras Cancerol. 2023;69(1):e-213700. Disponível: https://doi.org/10.32635/2176-9745.RBC.2023v69n1.3700
24. Dantas AAG, Oliveira NPD, Martins LFL, Cancela MC, Souza DLB. Distribuição espacial da morbimortalidade por câncer colorretal no Brasil. Ciênc Saúde Colet. 2024;30(Supl 2). doi:10.1590/1413-812320242911.01492024. Disponível: http://cienciaesaudecoletiva.com.br/artigos/distribuicao-espacial-da-morbimortalidade-por-cancer-colorretal-no-brasil/19355
25. Vine MM, Mulligan K, Harris R, Dean JL. The impact of health geography on public health research, policy, and practice in Canada. Int J Environ Res Public Health. 2023 Sep 9;20(18):6735. https://doi.org/10.3390/ijerph20186735
Downloads
Published
How to Cite
Issue
Section
License
Copyright (c) 2025 Revista Ciência Plural

This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
À Revista Ciência Plural ficam reservados os direitos autorais referente a todos os artigos publicados.
Português (Brasil)
English
Español (España)







