VERSÕES E CONEXÕES: A AÇÃO PROJETUAL EM ARQUITETURA COMO OBJETO DE PESQUISA À LUZ DOS ESTUDOS EM CIÊNCIA, TECNOLOGIA E SOCIEDADE

Autores

  • Rodrigo Neves Costa Universidade Federal do Rio de Janeiro
  • Giselle Arteiro Nielsen Azevedo Universidade Federal do Rio de Janeiro
  • Rosa Maria Leite Ribeiro Pedro Universidade Federal do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.21680/2448-296X.2018v3n1ID16622

Palavras-chave:

projeto de arquitetura, método, objeto de pesquisa, teoria ator-rede, ciência, tecnologia e sociedade

Resumo

Nas últimas décadas, muitas pesquisas foram desenvolvidas acerca dos projetos de arquitetura no sentido de elucidar a prática projetual, especialmente nos momentos de concepção. Entretanto, muitas delas estão baseadas numa visão cognitiva que pressupõe o projeto como produto gerado por meio de ações guiadas pela correta interpretação e aplicação de conhecimentos especializados pelo arquiteto (YANEVA, 2012). Essa visão é reforçada também por alguns modos de representação – por exemplo, as ilustrações dos edifícios em periódicos especializados – que oferecem visões simplificadoras do projeto e informam pouco sobre o processo ao valorizar os produtos em detrimento da sua construção. Muitas vezes, o que fica visível do projeto nesses casos é o efeito de uma simplificação que oculta partes do processo de construção pelo qual foi desenvolvido (LATOUR; YANEVA, 2008). Na verdade, a arquitetura e o projeto, em particular são mais complexos, heterogêneos e confusos do que geralmente são representados, pois atores que agem nesse processo por vezes são ocultados. Considerando essa lacuna, o objetivo deste artigo é propor uma compreensão da ação projetual em arquitetura enquanto objeto de pesquisa. Basicamente, a partir de duas noções oriundas dos Estudos em Ciência, Tecnologia e Sociedade – política ontológica (MOL, 1999) e rede heterogênea (LAW, 1992) – buscamos estabelecer uma pequena distinção que possa orientar pesquisas em projeto no sentido de ampliar a complexidade do objeto. 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Rodrigo Neves Costa, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Doutorando em Arquitetura pelo PROARQ / FAU / UFRJ, pesqusia em projeto de edifícios de pesquisa biomédica.

Giselle Arteiro Nielsen Azevedo, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Professora Associada da Faculdade de Arquitertura e Urbanismo (FAU/UFRJ).

Rosa Maria Leite Ribeiro Pedro, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Professora Titular do Instituto de Psicologia (IP/UFRJ).

Referências

BARROS, L. P.; KASTRUP, V. Cartografar é acompanhar processos. In: PASSOS, E.; KASTRUP, V.; ESCO?SSIA, L. (orgs.). Pistas do me?todo da cartografia: pesquisa-intervenc?a?o e produc?a?o de subjetividade. Porto Alegre: Sulina, 2015.

BATAGLIA, E. G. Arquitetura de Centros de Pesquisas: Um Estudo de Caso Múltiplo Quantitativo. Tese (Doutorado em Arquitetura). USP, 2010.

BLOOR, D. Conhecimento e imaginário social. Tradução de Marcelo do Amaral Penna–Forte. São Paulo: UNESP, 2009. BOUTINET, J. P. Antropologia do projeto. Porto Alegre: Artmed, 2002.

BRAND, S. How Buildinds Learn:What happens after they’re built. New York: Penguin Books, 1994.

BRAUN, H.; GRO?MLING, D. (Orgs.). Research and Technology Buildings. Berlim: Birkha?user, 2005.

CASTRO, J. A. Inventoe Inovação Tecnológica: Produtos e Patentes na Construção. São Paulo: Annablume, 1999.

COSTA, R. N. Qualidade Ambiental em Laboratórios Biomédicos. 2011. Dissertação (Mestrado em Arquitetura) –Universidade Federal do Rio de Janeiro / Faculdade de Arquitetura e Urbanismo / Programa de Pós-graduação em Arquitetura. Rio de Janeiro: UFRJ/FAU, 2011.

COSTA, R. N.; MORAES NETO, J.; CASTRO, J. A. Arquitetura dos sistemas. In: III Encontro da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo (ENANPARQ), 2014, São Paulo. Anais do evento. São Paulo: Mackenzie, 2014.

DUFFY, F. Measuring Building Performance. Facilities, Maio:17-21, 1990.

FALLAN, K. Architecture in action: Traveling with actor-network theory in the land of architectural research. Architectural Theory Review, v. 13, n. 2, p. 80-96, apr. 2008.

FIOCRUZ –Comissão Técnica de Biossegurança. Procedimentos para manipulação de microorganismos patogênicos e/ou recombinantes na Fiocruz. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2005.

GIERYN, T. What Buildings Do. Theory and Society, v. 31, n. 1, p. 35-74, feb. 2002.

GRIFFIN, B. Laboratory Design Guide. New York: Architectural Press, 2005.

HARAWAY, D. Saberes localizados: a questão da ciência para o feminismo e o privilégio da perspectiva parcial. Cadernos Pagu, n.5, p.7-41. 1995.

HENN, G. Research Today. In: BRAUN, H.; GRO?MLING, Dieter (Orgs.). Research and Technology Buildings.Berlim: Birkha?user, 2005.

LABS21 (Laboratories for the 21st Century). Laboratories for the 21st Century: An Introduction to Low-Energy Design. Disponível em: http://www.labs21century.gov. Acesso em 15 de Setembro de 2008.

LATOUR, B. A esperança de Pandora. Bauru/SP: EDUSC, 2001.LATOUR, B. Ciência em ação. São Paulo: Unesc, 2011.

LATOUR, B. Jamais fomos modernos. São Paulo: Editora 34, 2013.

LATOUR, B. Networks, societies,spheres: reflections of an actor-network theorist. International Journal of Communication, 796–810, 2010.

LATOUR, B. Paris, Cidade Invisível: O Plasma. Ponto Urbe[Online], 5,2009.

LATOUR, B. Políticas da Natureza. Bauru, SP: EDUSC, 2004.

LATOUR, B. Reagregando o social: uma introdução à teoria do ator-rede.Bauru, SP: EDUSC, 2012.

LATOUR, B. The pasteurization of France. Massachusetts: Harvard University Press, 1988.

LATOUR, B.; WOOLGAR, S. A Vida de Laboratório: a produção dos fatos científicos. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1997.

LATOUR, B.; YANEVA, A. Give me a gun and I will make buildings move: An ANT’s view of architecture. In: GEISER, R. (ed.) Explorations in Architecture: Teaching, Design, Research. Basel: Birkhäuser, 2008. p. 80–89.

LAW, J. After ANT: complexity, naming and topology. In: LAW, J.; HASSARD, J. (eds.). Actor Network Theory and After. Oxford: Blackwell, 1999.

LAW, J. After method: mess in social science research. New York: Routledge, 2004.LAW, J.Notes on the Theory of the Actor-Network: Ordering, Strategy and Heterogeneity. Systems Practice. v. 5, n. 4, p. 379-393, 1992.

LAWSON, B. Como arquitetos e designers pensam. 4a ed. Traduçãode Maria Beatriz de Medina. São Paulo: Oficina dos textos, 2011.

MOL, A. Ontological Politics. A Word and some questions. In: LAW, J.; HASSARD, J. (orgs.) Actor Network Theory and After. Oxford: Willey-Blackwell/The Sociological Review, 1999. p. 123-162.

MORAES, M. PesquisarCOM: política ontológica e deficiência visual. In: MORAES, Márcia; KASTRUP, Virgínia. Exercícios de ver e não ver: arte e pesquisa com pessoas com deficiência visual. Rio de Janeiro: Nau Editora, 2010. p. 26-51.

ORGANIZAÇÃO PARA A COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO (OECD). Investimentos em pesquisa e desenvolvimento. Disponível em http://www.oecd.org. Acesso em 20.06.2017.

PA?A?BO, S. What is research? In: BRAUN,H. GRO?MLING, D. (Orgs.). Research and Technology Buildings. Berlim: Birkha?user, 2005.

PEÑA; W. PARSHALL, S. Problem Seeking: An Architectural Programming Primer. New York: John Wiley & Sons, 2001.

PESSOA, M. C. R. Impacto das condicionantes locacionais e a importânciada arquitetura no projeto de laboratóriosde pesquisas biomédicaspertencentes àsclasses de risco 2, 3 e 4 sob a óticada biossegurança. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) –Universidade Federal do Rio de Janeiro / Faculdade de Engenharia de Produção / COPPE. Rio de Janeiro: UFRJ/COPPE, 2006.

SCHÖN, D. A. The Reflective Practitioner: How Professionals Think in Action. Basic Books: New York, 1983.

SIMAS, C. R.; CARDOSO, T. A. Biossegurançae arquitetura em laboratóriosde saúdepública. Revista Po?s, v.15, n.24, São Paulo: Dezembro, 2008.

VENTURINI, T. Diving in Magma: How to explore controversies with actor-network theory. Public Understanding of Science, 19(3), 258–273, 2010.

VIEIRA, V. M. Contribuiçãoda arquitetura na qualidade dos espaçosdestinados aos laboratóriosde contençãobiológica. Tese (Doutorado em Arquitetura –UFRJ / Faculdade de Arquitetura e Urbanismo / Programa de Pós-graduação em Arquitetura. Rio de Janeiro: UFRJ/FAU, 2008.

WATCH, D. Building Type Basics for Research Laboratories. New York: John Wiley & Sons, 2001.

WINNER, L. Do artifacts have politics? In: WINNER, L. The whale and the reactor: a search for limits in the age of high technology. Chicago: The Chicago University Press. p. 19-39.YANEVA, A. Mapping controversies in architecture. London: Ashgate, 2012.

Downloads

Publicado

25-04-2018

Como Citar

COSTA, R. N.; AZEVEDO, G. A. N.; PEDRO, R. M. L. R. VERSÕES E CONEXÕES: A AÇÃO PROJETUAL EM ARQUITETURA COMO OBJETO DE PESQUISA À LUZ DOS ESTUDOS EM CIÊNCIA, TECNOLOGIA E SOCIEDADE. Revista Projetar - Projeto e Percepção do Ambiente, [S. l.], v. 3, n. 1, p. 30–43, 2018. DOI: 10.21680/2448-296X.2018v3n1ID16622. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/revprojetar/article/view/16622. Acesso em: 24 jul. 2024.

Edição

Seção

PESQUISA